Política e Sociedade

Carlos Nougué e o "trabalho sujo" de eleger Bolsonaro
PERGUNTA
Nome:
Carlos Nougué
Enviada em:
29/09/2018
Local:
Brasil

 
Um grupelho católico sectário e pretensamente tradicional, a Associação Montfort, DEFORMA despudoradamente minhas palavras, escrevendo, por exemplo, que segundo eu Bolsonaro seria o precursor da resistência católica... Haja malícia. Mas estejam certos, senhores sectários (incluindo os que estão infiltrados neste perfil), de que não me darei ao trabalho de responder a suas invectivas e pseudoteologia. Tenho mais que fazer, e sobretudo, neste momento, ajudar a eleger Bolsonaro. Dentro de um tempo, grupelhos sectários como o seu já nem sequer permanecerão na memória do cristianismo brasileiro. Serão sepultados em merecido esquecimento.

https://pt-br.facebook.com/professorcarlosnougue/

RESPOSTA
Data: 30/09/2018
 
 
     O douto, sábio e conhecido Carlos Nougué se dignou a publicar em seu facebook uma resposta para a ignorante, tola e desconhecida Montfort. A resposta pretendia informar ao seu imenso público que ele não iria responder. Atitude bem lógica e tomista. Ele ainda aproveita para fazer um alerta aos infiltrados do seu facebook. Infiltrados por quê? Não é tudo público?
     Nougué se referiu ao artigo publicado no site Montfort sobre o título “Considerações sobre a política direitista de Jair Bolsonaro”.
Nougué é mais um daqueles que avisam que respondem à Montfort afirmando que não respondem à Montfort porque não é necessário. O que a Montfort escreve não tem importância. E, como não tem importância, os seguidores de Nougué prestam solidariedade a ele afirmando que somos analfabetos funcionais. Os seguidores de Nougué chegam até a lembrar com saudades do tempo em que o Professor Orlando dirigia a Montfort, como se no passado eles concordassem com o pensamento de nosso fundador. 
Em sua resposta que não responde, o Aquinate da política tece diversos elogios a nós como grupo sectário, pretensamente tradicional, que em breve será sepultado no esquecimento. Afirma que distorcemos suas palavras, mas não explicita qual seria o seu real pensamento. 
     Nougué não pode responder porque está trabalhando na campanha de Jair Bolsonaro. Com essa revelação entendem-se os altos percentuais que o presidenciável atinge nas pesquisas eleitorais. Que equipe genial tem Bolsonaro! Eles até podem dispensar as orações que as urnas se encherão!
     Em meio a tantos elogios para Montfort e tantos trabalhos da campanha eleitoral, Carlos Nougué não teve tempo de analisar a extensa argumentação e os diversos fatos expostos no artigo. Ele não precisa se aprofundar no artigo para saber que estamos errados, que a crítica a Bolsonaro não pode ser correta e que não se deve esclarecer aos católicos quais são os erros doutrinários de Bolsonaro. Para Nougué, é um menor mal enganar os católicos quanto aos erros do “Mito” do que ressaltar o que realmente pensa Jair Bolsonaro. Já em relação a Bento XVI, Nougué fazia questão de divulgar suas falhas...
     Nougué, em seu amor por Bolsonaro, nem teve tempo de notar que o artigo não visava orientar o voto e sim esclarecer uma doutrina que engana a muitos católicos da chamada linha conservadora. Nougué não teve tempo de dizer se é mal menor implantar o controle da natalidade, através da laqueadura de meninas de até 16 anos, do que ter pobres em nossa sociedade; se é mal menor concordar com as permissões para o aborto que existem atualmente em nossa Constituição do que criticá-las; se é um mal menor frequentar reuniões na maçonaria do que diminuir a possibilidade de votação; se é um mal menor manter indiferença em relação a diversas questões relacionadas ao homossexualismo do que desagradar parte do eleitorado. Nougué só teve tempo para dizer que a Montfort era uma seita. Por oposição, parece até que Bolsonaro é Santo. Acho que ele também acredita que Bolsonaro é o “mito”.
     Logo a seguir, Nougué informa que, no passado, o Professor Orlando afirmou ser possível votar no mal menor, embora depois insinue que Bolsonaro é muito melhor. Por quê? Melhor do que o quê? Melhor defender a laqueadura do que o aborto? É isto que Nougué não tem tempo de deixar claro e nisso que não precisa responder para a Montfort? Melhor ser enganado pela direita do que pela esquerda? Melhor votar em quem dá palestras na maçonaria do que... do que o quê? Pena que o renomado tomista Carlos Nougué não tenha tempo de responder a essas perguntas. 
     Nós entendemos que ele não tenha tempo. Não deve ser fácil trabalhar na campanha de Bolsonaro. O que será que ele faz? Será que ele tem distribuído santinhos de Bolsonaro no Maracanã, antes do Fla-Flu, no calor de 40º graus? É de queimar os miolos...
     Mais tarde Nougué, com um pouquinho mais de tempo - deve ter surgido alguma folga na campanha - de tomista se transforma em moralista e, citando São Pio X, define que temos de votar em Bolsonaro. Ele não refuta nada do que foi escrito sobre Bolsonaro mas, do alto de seu profundo conhecimento, detecta que queríamos nos comparar a São Tomás e São Pio X. Não precisa demonstrar nada, se Nougué disse está dito. Talvez ele possa nos dizer o que São Tomás e São Pio X pensavam da laqueadura para meninas de 16 anos, se é que eles conheciam algo tão sujo como isso. Será difícil supor que São Pio X excomungaria um homem que defende tal absurdo? Ele poderia avançar um pouco mais na História e explicar porque Pio XI condenou a Action Française, mesmo sendo ela considerada por muitos como o mal menor.
     De fato, porém, toda essa explicação seria perda de tempo porque se Nougué disse, está dito!
     Finalmente, é preciso dizer que, nesse último post, temos algo para concordar com Nougué: trabalhar na campanha de Bolsonaro é um “trabalho sujo”. 
     Nougué, porém, será recompensado. Ele ficará famoso e a História reconhecerá todo o seu valor. Talvez sua atuação no caso Bolsonaro venha a ser guiada por fatores inesperados, pois Nougué é um verdadeiro tradicionalista - não fajuto como a Montfort que, sem ter trabalhado se aproveitará da eleição do “mito”. Quem sabe Nougué não consiga atrair Bolsonaro para a Missa Tridentina depois de resolver seu problema matrimonial em algum tribunal eclesiástico...
     Enquanto isso, a incompetente Montfort, que em breve desaparecerá - não sem antes se aproveitar da eleição de Bolsonaro! -  continua seu trabalho de divulgação da Santa Missa Tridentina. E isso, de fato, não enche as urnas. 
     O que a Montfort procura fazer é carregar o paralítico através daquela multidão que o impedia de se aproximar de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela sobe até o telhado para baixar uma única alma até a frente de Nosso Senhor, para que Ele diga “os teus pecados estão perdoados”. Quem conhece o nome daqueles que baixaram a cama? Ninguém!
     Enquanto esses homens baixavam um único pecador para colocá-lo diante de Cristo, o Evangelho informa que alguns judeus tramavam para conquistar o Império Romano e proclamar Cristo como Rei. Entre estes havia muita gente famosa, que foi citada nominalmente no Evangelho.
     A Montfort prefere o esquecimento.
     Deus conhece nossas obras e bem sabe o quanto somos incompetentes! Temos consciência de que será assim que nos apresentaremos diante Dele e por isso colocamos toda a nossa confiança na Sua misericórdia e na intercessão de sua Mãe Santíssima em nosso favor. Enquanto esperamos esse dia, mesmo que de forma incompetente, continuaremos a denunciar os erros contrários à doutrina católica e difundir a Missa de Sempre porque, mesmo que isso não encha as urnas, permite a Deus habitar as almas e só isso nos interessa.
 
Alberto Zucchi