Artigos
Ciência e Fé
O Evolucionismo “Cristão” do Carismático Felipe Aquino
Eder Moreira
"Ó Timóteo, guarda o depósito (da Fé), evitando as novidades profanas de palavras e as contradições de uma ciência de falso nome, professando a qual alguns se desviaram da Fé"
(I Tim . VI, 20).
Direto da Torre de Babel, situada em Cachoeira Paulista, reverberou uma estranha língua modernista, incompatível com o ensino perene da Igreja Católica. O pentecostal professor Felipe Aquino, defensor dos falsos carismas da Renovação Carismática, pretendeu batizar, com sua linguagem aggiornata, o evolucionismo antimetafísico do racista Charles Darwin.
Assim como a RCC batizou o herético pentecostalismo protestante – agora acariciado pelo neoconservadorismo – o professor Felipe de Aquino pretendeu batizar o evolucionismo fraudulento que produziu genocídios e campos de concentração. Contrariando o ensino comum dos Padres da Igreja, preferindo uma “Canção Nova”, o professor carismático disse, sem titubear, que Adão foi inicialmente um Primata, um animal irracional, e só depois de um processo evolutivo darwinista, assumiu a forma humana, recebendo então uma alma racional.
“A Igreja concorda que houve uma evolução... Num certo momento da história, um ser evoluiu. Não é o macaco, não é uma borboleta, é um primata, um homem muito ainda embrutecido, ele foi evoluindo. Não tinha inteligência, não tinha liberdade, não tinha vontade, não tinha alma imortal. Esse ser foi evoluindo. Num certo instante da história, em que o cérebro estava preparado para abrigar o espirito, então Deus criou uma alma e colocou ali. Então surgiu o primeiro homem”
Para rebater essa “Canção Nova”, desafinada com o Magistério da Igreja, apresentaremos o ensino tradicional da Igreja, que por dois milênios sempre ensinou que Adão foi criado imediatamente por Deus, não sendo, portanto, fruto de um processo evolutivo. Para tanto, recorreremos logo de início à sabedoria angélica de Santo Tomás de Aquino, cuja doutrina – nas palavras do Papa São Urbano V – deve ser seguida como verídica e católica (apud Dom Thiago Sinibaldi. Elementos de Filosofia: Lógica. Florianópolis: Editora Instituto Santo Agostinho, 2021, p. 16).
Na Suma Teológica, na questão sobre a produção do corpo do primeiro Homem (Adão), Santo Tomás vai refutar o argumento do professor Felipe Aquino, dizendo exatamente o contrário:
“Alguns entenderam que o corpo do homem foi, primeiro, formado no tempo e, depois, Deus lhe infundiu a alma nele já formado. MAS É CONTRA A RAZÃO DA PERFEIÇÃO DA PRIMEIRA INSTITUIÇÃO DAS COISAS, QUE DEUS TIVESSE FEITO O CORPO SEM A ALMA OU ESTA SEM AQUELE; pois ambos fazem parte da natureza humana” (Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica. Parte I, Q. 91, a. 4).
Ora, o professor Felipe Aquino defendeu – sem rodeios – que primeiro Deus criou um primata, desprovido de alma racional. Só depois de um processo de evolução material, o primata então evoluído, recebeu de Deus a alma espiritual racional.
Conforme expresso na Suma Teologia, Santo Tomás ensina que essa ideia de que Deus fez primeiro um corpo sem alma, e só depois infundiu a substância espiritual, contraria a perfeição da primeira instituição. Logo, segundo o Aquinate, Deus fez, imediatamente, tanto o corpo quanto a alma.
Não há espaço para a evolução na Teologia de Santo Tomás.
Adão não é fruto de um primata evoluído!
E não pense que esse é um pensamento tardio em Santo Tomás. O Aquinate apenas repete o ensino constante dos Santos e Doutores da Igreja.
Felipe Aquino sustenta que, no princípio, Adão era um primata irracional, desprovido de liberdade. Ora, São Justino Romano ensina claramente o contrário, afirmando que Adão foi criado, desde o princípio, humano racional:
“NO PRINCÍPIO, ele criou o gênero humano racional, capaz de escolher a verdade e praticar o bem, de modo que não existe homem que tenha desculpa diante de Deus, pois todos foram criados racionais e capazes de comtemplar a verdade” (São Justino Romano. I Apologia, XXVIII).
Já no século II a doutrina evolutiva do professor carismático é expressamente desqualificada.
Nesse mesmo ritmo tradicional, cantou São Gregório de Nissa:
“Que significa a estatura ereta do homem? [...] Como armas, ele não tem nem a defesa dos chifres, nem as pontas das unhas, nem escudos, nem dentes, nem é munido da natureza do aguilhão envenenado para dar a morte, todas essas coisas, enfim, que a maior parte dos viventes possui para a defesa contra quem lhes causa danos; [o homem] NÃO COBRE O CORPO COM VESTES DE PELOS [...] A ESTATURA DO HOMEM É ERETA e tende o seu olhar para o alto: esta atitude o torna apto ao comando e significa seu poder régio. O fato de que somente o homem entre os seres seja feito assim, enquanto o corpo de todos os outros animais é orientado para baixo, mostra claramente a diferença de dignidade que há entre os seres sob o poder do homem e esta potência colocada acima deles” (São Gregório de Nissa. A Criação do Homem, Cap. VII-VIII).
Claramente o Santo não admite uma evolução em Adão. Não houve um momento em que o primeiro homem parecia um animal irracional, um primata coberto de pelos sem liberdade. O progenitor da humanidade foi feito já ereto e racional, apto para comandar.
O mesmo ensina São Basílio Magno:
“Deus MODELOU o homem EM POSIÇÃO ERETA. Concedeu-te tal forma de escol entre os outros animais. Por que razão? Por que a força interna que te daria seria também privilegiada” (São Basílio de Cesaréia. Homilia II, XV).
Em seu comentário ao livro do Gênesis, ensinou o Doutor de Hipona:
“Entretanto, quanto ao corpo, o homem tem uma faculdade que mostra esta excelência, POIS FOI FEITO COM A ESTATURA ERETA, a fim de que com isso fosse advertido a não procurar para si o que é terreno, como os animais, cujos prazeres procedem da terra, razão pela qual todos estão inclinados e voltados para o ventre” (Santo Agostinho. Comentário Ao Gênesis. Livro VI, Cap. XII, 22).
E para dissipar qualquer dúvida ou distorção carismática:
“Adão, quando foi formado do limo, JÁ NA VIRILIDADE PERFEITA como é mais provável, não foi feito de modo diferente do que estava naquelas causas, quando Deus fez o homem entre as obras do sexto dia”. (Santo Agostinho. Comentário ao Gênesis. Livro VI, Cap, XVIII, 29).
Enterrando o sofisma evolutivo do professor Aquino, Santo Agostinho declara que Adão foi criado já na perfeita virilidade, isto é, ele não foi antes um primata irracional para só depois evoluir para um homem perfeito.
Com essa mesma clareza insofismável, ensinou São Boaventura, o Doutor Seráfico:
“Quanto ao corpo humano, no estado em que foi INICIALMENTE criado, deve-se admitir o seguinte, conforme a FÉ ORTODOXA: o corpo do primeiro homem foi proporcional a seu modo. Proporcional quanto à igualdade de complexidade, quanto à beleza e a variedade de organização e quanto à posição ERETA” (São Boaventura. Brevilóquio. Parte II, X, 1).
Para o Santo medieval, a Fé ortodoxa ensina que o corpo de Adão foi desde o início criado com proporção, complexidade e na posição ereta. Esse corpo humano do primeiro homem não foi resultado de uma evolução.
É devido a essa constância e unanimidade do ensino católico sobre a formação de Adão, que o Manual de Filosofia Tomista declara categoricamente:
“É doutrina teologicamente comum, sancionada por um decreto da Comissão Bíblica, que o relato do Gênesis ensina a formação imediata do corpo de Adão, e, sobretudo, o de Eva, o que descarta a produção do corpo humano por via de evolução”. (E. Collin, Manual de Filosofia Tomista, Luis Gillii editor, Barcelona, 1950, vol I, n. 145, p. 208).
Igualmente predica a obra Elementos de Filosofia, de Dom Thiago Sinibaldi, elogiada e recomenda pelo Papa Leão XIII:
“Ora, não existindo, na primeira formação das coisas, um corpo humano, de que pudesse derivar, por via de geração, um outro semelhante na espécie, FOI NECESSÁRIO QUE O CORPO DO PRIMEIRO HOMEM FOSSE FORMADO IMEDIATAMENTE POR DEUS” (Dom Thiago Sinibaldi. Elementos de Filosofia: Antropologia e Teodiceia. Volume III. Florianópolis: Editora Instituto Santo Agostinho, 2021, p. 369).
O próprio Catecismo não deixa dúvidas sobre a formação do primeiro Homem:
“Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, e o fez assim: formou o corpo [DO HOMEM] Da TERRA; depois soprou em seu rosto infundindo-lhe uma alma imortal” Catecismo de São Pio X. Breve História da Religião, Parte I).
É sempre dito que Deus formou o corpo do homem da terra, e não de um Primata Irracional. O próprio texto Sagrado não permite essa interpretação descabida do evolucionista Felipe Aquino:
“O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra (NÃO DE UM PRIMATA EVOLUIDO) e inspirou no seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Gen. II, 7).
A interpretação evolucionista – sem base na tradição católica – é inaplicável ao texto Sagrado.
Outro problema insolúvel para o evolucionismo carismático, chama-se Eva. De acordo com a Escritura, a esposa de Adão foi formada a partir de sua costela, e não de um primata em evolução. Agregado a esse obstáculo antievolutivo, temos o fato de que Adão é um homem formado, quando da formação de Eva. Tanto que, como diz a Escritura, ele não encontrou entre os animais, inclusive entre os primatas, o seu semelhante. Então Eva foi feita para ser a companheira do Adão Homem, e não do Adão Primata. Ora, é no mínimo absurdo pensar que Deus fez uma primata para ser a companheira de Adão, tendo este que esperar o processo evolutivo para só depois tomá-la como esposa semelhante. Ora, assim como Eva foi feita da Costela de Adão, e imediatamente na forma humana, o mesmo deve ser entendido da formação do primeiro homem, feito imediatamente na forma humana, do barro, e não de um primata anterior por evolução.
Por isso se vê quão absurda a interpretação não ortodoxa do professor carismático.
Mas há sempre quem tente salvar a heresia. Conciliar o inconciliável. E nesse intento, alardeiam que a proposta evolutiva carismática não foi condenada pelo Magistério da Igreja. Assim advogam os teólogos de Youtube em defesa do Adão Primata.
Provamos que, embora não anatematizada, a ideia de um Adão que evoluiu de um animal irracional é incompatível com dois mil anos de Magistério. Nesse sentido, para desfecho dessa refutação, traremos a solução dada por São Vicente de Lerins, em seu célebre Comonitório. Diante de uma nova opinião, sobre a qual nada ainda foi definido, o santo nos fornece a prudente solução:
“Então é preciso indagar sobre as opiniões dos nossos maiores, daqueles que, em diversos tempos e lugares, sempre permaneceram na comunhão e na fé da única Igreja Católica e vieram a ser mestres comprovados, para confrontá-las com a nova opinião. E tudo aquilo que tiver sido sustentado, escrito e ensinado aberta, frequente e constantemente, não por um ou dois apenas, mas por todos juntos com um mesmo e único sentido, entenda que isto mesmo deve ser crido sem vacilação alguma” (São Vicente de Lerins. Comonitorio, III).
Contra a novidade evolutiva do pentecostal Felipe Aquino, ficamos com a verdade de sempre, pois, como diz a Promessa Divina, Céus e Terra passarão – incluindo a RCC e o macaco – mas a Palavra imutável de Deus e da Igreja, para sempre permanecerá...
In Corde Maria Regina,
Eder Moreira
Para citar este texto:
"O Evolucionismo “Cristão” do Carismático Felipe Aquino"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/ciencia/Evolucionista_felipe_aquino/
Online, 04/10/2024 às 17:35:29h