RCC

Canção Nova e Ressurreição da Igreja
PERGUNTA
Nome:
Leandro
Enviada em:
15/04/2005
Local:
Itapetinga - BA,
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior concluído
Profissão:
Militar

Caríssimo Sr. Orlando Fedeli, Equipe Montfort e demais leitores,

Sou Católico, já escrevi algumas vezes para este site, e acho que tem um conteúdo interessante. Respeito suas opiniões e a de seus leitos (cartas), mas não sou obrigado a aceitá-las (em sua totalidade). Muitas vezes o Sr. e sua equipe, tem “opiniões” sobre pessoas e movimentos, e querem que todos aceitem-nas dogmaticamente. É preciso respeitar os outros e dialogar, não denegrir.
Recentemente li em uma carta publicada, críticas severas ao Prof. Felipe Aquino, e suas obras, bem com a RCC. A crítica ao Prof. Felipe, baseia-se na falsa interpretação do leitor, referindo-se ao texto: “A grande maravilha que Deus está fazendo na sua Igreja, por meio da Renovação Carismática Católica, é renová-la no Espírito Santo. Quem não se fechar a essa chuva de graças poderá experimentar uma religião viva, não ritualística, mecânica, sem vida e sem sentido. Será um cristão novo, renovado” (AQUINO,Felipe. Sede Santos!.... 2ªEd.Lorena:Cleofas,1999,p.74).
Lendo todo o capitulo desde livro Sede Santos!... (Cap: 12. Santificados no Espírito Santo), claramente vemos que o Prof. Aquino quer demonstrar que é preciso estar aberto a ação do Espírito Santo, para viver bem a Fé Católica, ele NÃO está dizendo que antes da RCC a Igreja era apenas “uma religião viva, não ritualística, mecânica, sem vida e sem sentido” Estar aberto a ação do Espírito Santo, independe da RCC, pois o Espírito Sopra onde quer, a RCC está sendo nestes tempos apenas um “meio” para se chegar a este Espírito Santo, um meio dentro da Igreja. Pois é evidente que existem pessoas (batizadas), que se consideram Católicas, mas não passam dos ritos, não vivem a graça através da Igreja. É isso que o Prof. Felipe quer evidenciar, jamais denegrir a Mater Ecclesiae. Em relação ao autor da crítica, sugiro que ele leia obras dessa natureza da maneira global e crítica, não baseando-se em apenas um trecho isolado do contexto. Não preciso nem dizer quem costuma fazer essas interpretações fundamentalistas de trechos de textos, canônicos ou não.
É importante salientar que todas as obras do Prof. Felipe, possuem um “Imprimatur”, de um Bispo, por tanto, credenciada pela Igreja, quem é o leigo que pode questionar a autoridade do Bispo (em comunhão com o Papa!) em matéria de Fé? Quais são suas obras? És teólogo és filósofo?. O Prof. Felipe é referenciado por um dos maiores teólogos do Brasil, D. Estevão Bettencourt, O.S.B.:” O Prof. Felipe Aquino tem-se revelado um fecundo e abalizado escritor sobre temas de espiritualidade. Aborda questões relativas à família, juventude, Igreja (...) É muito rica a documentação teológica utilizada pelo autor, que fala não somente nas bases de suas pesquisas(...).” (Revista Pergunte e Responderemos nº 437, Out/ 1998, p.45-48.) Creio ser inútil prosseguir nesta ponto pois já esclareci a questão.
Quanto à RCC, é preciso evitar os abusos, mas é reconhecida pelo Magistério da Igreja, o Papa Paulo VI, em 1975 no III Congresso Internacional da RCC, deu o seu apoio e João Paulo II em 1979 ratificou a aprovação de Paulo VI, por tanto não é uma heresia dento da Igreja.
Um abraço a vocês da Montfort e demais leitores, continuemos nossa peregrinação rumo à Casa do Pai.
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine” (I Coríntios XIII, I).

“Crux Sacra Sit Mihi Lux
Non Draco Sit Mihi Dux”

Atenciosamente,
Leandro Martins de Jesus
E-mail:lmartinsj@
RESPOSTA

Muito prezado Leandro,
Salve Maria!
 
    Tive contato epistolar com o Professor Felipe de Aquino, que se sentiu obrigado, por duas vezes a me pedir perdão, pelo que escreveu sobre minha pessoa. Convidei-o, como a um amigo, para um encontro, e ele recusou. Esquivou-se. Por medo.
    Vou ler então, quando tiver tempo, ler essa obra do Felipe de Aquino, que temo ser um livreco do tipo dos compostos pelo Padre Abib Jonas.     
    Você dá como argumento em prol dos livros do Professor Felipe, de que eles receberam imprimatur:
 
    "É importante salientar que todas as obras do Prof. Felipe, possuem um “Imprimatur”, de um Bispo, por tanto, credenciada pela Igreja, quem é o leigo que pode questionar a autoridade do Bispo (em comunhão com o Papa!) em matéria de Fé?".
 
    Ora, esse argumento é falso, pois São Pio X ensina que não é porque um livro apresenta imprimatur, que se torna aprovado, ou  insuspeito, em matéria de fé.
 
    "Ninguém, contudo, julgue ter cumprido tal dever pelo fato de Nos remeter um ou outro livro, deixando entretanto muitíssimos outros serem publicados e divulgados. — Nem se julguem desobrigados disto por terem ciência de que certo livro alcançou de outrem o Imprimatur, porquanto tal concessão pode ser falsa, como também pode ter sido por descuido, por excesso de benignidade, ou por demasiada fé no autor; e este último caso pode muito facilmente dar-se nas Ordens religiosas. Acresce também saber que, assim como todo e qualquer alimento não serve igualmente para todos, da mesma sorte um livro que pode ser inocente num lugar, já noutro, por certas circunstâncias, pode tornar-se nocivo".(Pio X, Pascendi, III parte, III. Os destaques são meus).
   
    Você trata ainda da seguinte frase retirada do livro de Felipe de Aquino:
 
    “A grande maravilha que Deus está fazendo na sua Igreja, por meio da Renovação Carismática Católica, é renová-la no Espírito Santo. Quem não se fechar a essa chuva de graças poderá experimentar uma religião viva, não ritualística, mecânica, sem vida e sem sentido. Será um cristão novo, renovado” (AQUINO,Felipe. Sede Santos!.... 2ªEd.Lorena:Cleofas,1999,p.74).
 
    E você a defende, dizendo-me:
 
    "ele[Felipe de Aquino] NÃO está dizendo que antes da RCC a Igreja era apenas “uma religião viva, não ritualística, mecânica, sem vida e sem sentido” Estar aberto a ação do Espírito Santo, independe da RCC, pois o Espírito Sopra onde quer, a RCC está sendo nestes tempos apenas um “meio” para se chegar a este Espírito Santo, um meio dentro da Igreja. Pois é evidente que existem pessoas (batizadas), que se consideram Católicas, mas não passam dos ritos, não vivem a graça através da Igreja. É isso que o Prof. Felipe quer evidenciar, jamais denegrir a Mater Ecclesiae".
 
    Entretanto, a sua interpretação, para salvar a frase de Felipe de Aquino, é desmentida pelos livros do Padre Joanas Abib que Felipe de Aquino segue.
    Padre Jonas Abib, em um de seus livrecos, diz coisas tremendas sobre a Igreja, anterior à RCC, e depois qual é a missão da RCC em face da Igreja, como era antes.
    Para o Padre Jonas a Igreja estava arruinada e, a bem dizer morta, pois Padre Abib afirma que a RCC veio para ressuscitar a Igreja. Ora, só ressuscita quem está morto.
    Veja a loucura afirmada pelo Padre Jonas Abib:
 
     " Ele [Jesus] agora, nestes tempos quer fazer muito mais. Graças a Deus, estamos apenas no começo da obra de ressurreição de nosso povo.  O Senhor quer restaurar a sua Igreja. Não se trata de reformar, é muito mais do que isso, é muito mais lindo! É restaurar"(...) "Restaurar é voltar ao original É devolver aquilo que infelizmente foi estragado" ( Padre Jonas Abib,  Reinflama o Carisma de Deus que Está em Ti", Loylola, São Paulo, 1996, p.9. Os destaques são meus).
   
    Então, meu caro Leandro, é o Padre Abib, mestre de Felipe de Aquino, que afirma: a Igreja Católica está sendo restaurada como era no original, porque teria sido estragada.
    Essa é a acusação protestante e de todos os hereges contra a Igreja.
    Logo, ele afirma que a Igreja Católica perdera algo do que era, e isso vai contra o dogma, porque a Igreja é assistida por Cristo todos os dias, no decorrer da História, e ela não pode ser corrompida.
    E Padre Abib usa até uma palavra mais grave: diz que "nosso povo" esté em fase de Ressurreição.
    E Padre Abib aplica à Igreja a visão dos ossos ressequidos de Ezequiel, que profetiza a ressurreição dos corpos, no fim do mundo.
    Logo, a Igreja estava morta. O povo católico, os membros Corpo Místico de Cristo, estavam mortos. E isso também é inaceitável.
    Esses erros graves contra a Fé são repetidos pelo Padre Abib, nas páginas seguintes desse mesmo livro.
    Por exemplo:
 
    " O Senhor quer renovar a sua Igreja concreta, a Igreja Corpo de Cristo, a Igreja que o Senhor está ressuscitando, restaurando, levantando, fazendo dela um garndioso e poderoso exército" (Padre Jonas Abib, Reinflama o Carisma de Deus que Está em Ti", Loylola, São Paulo, 1996, p.23. Os destaques são meus).
 
    De novo, Padre Jonas reafirma que Deus está ressuscitando a Igreja.
    Logo, para Padre Jonas a Igreja teria morrido, porque só ressuscita o que antes morreu. E isso é herético. A Igreja não pode morrer.
    Padre Jonas diz ainda de modo ultrajante para a Igreja:
 
   "A Igreja não está apenas suada, de tanto lutar neste mundo. Ela está cansada, caindo, de pés sujos. Porque a lama do mundo subiu pelos pés, pelas pernas, pelo corpo... A Igreja está precisando de uma boa chuveirada. A graça do derramamentodo Espírito Santo está aí para chuveirar a Igreja, para derramar a graça de Jesus, a graça do Pai, que é o Espírito santo na Igreja.
    "Nós temos a obrigação, diante de Deus e da Igreja, de levar esse derramamento do Espírito para todo o povo de Deus sem exceção" (Padre Jonas Abib, Reinflama o Carisma de Deus que Está em Ti", Loylola, São Paulo, 1996, p.119. Os destaques são meus).
 
    Padre Jonas Abib acusa a Igreja, em termos grosseiros, de estar enlameada, e que a RCC seria o o novo "chuveiro" de graças, através do batismo no Espírito Santo, para limpar a Igreja.
    Ora, os meios que Deus instituiu para difundir as graças são os sacramentos. E Padre Jonas Abib apresenta o derramamento do Espírito -- através do Batismo no Espírirto Santo --- como o novo meio de difusão das graças. Isso faz do tal Batismo do Espírito um sacramento. E isso também é contra a doutrina ortodoxa.
    Contraditoriamente, porém, noutra página, ele apresenta a RCC como o efeito do que Padre Jonas Abib chama de Ressurreição da Igreja:
 
    "A Renovação Carismática Católica é o primeiro resultado da obra de restauração do Senhor. Não cremos que o Senhor vai restaurar toda a sua Igreja! Creia: o que o Senhor está fazendo em nós,  Ele vai fazer em toda a Igreja. Somos a amostra do que o Senhor está realizando hoje na Igreja. Eu e você já somos o rsultado disso".(Padre Jonas Abib, Reinflama o Carisma de Deus que Está em Ti", Loylola, São Paulo, 1996, p.16. Os destaques são meus).
 
    O que Padre Jonas afirma, aí, é que a Canção Nova é a semente de uma Nova igreja diversa daquela que ele diz enlameada, que teria morrido, e que estaria sendo ressuscitada.
    Essa Nova Igreja, que estaria nascendo agora, seria a Igreja milenarista herética, pois Padre Abib declara que está esperando -- como os protestantes -- a vinda de Jesus para reinar na terra já, já:
 
    "Ele [ Cristo]  vem para governar este mundo, esta humanidade. Aquilo que pedimos no Pai-Nosso: "Venha nós o vosso reino", e assim será feita a sua vontade, e o seu nome vai ser santificado" (Padre Jonas Abib, Reinflama o Carisma de Deus que Está em Ti", Loylola, São Paulo, 1996, p.181. Os destaques são meus).
 
    Isso é puro milenarismo.
    Haveria, meu caro Leandro, muitos outros textos, confirmando que a Canção Nova considera que:
 
1 - a Igreja antiga estava enlameada, arruinada e a tal ponto que teria que ser ressuscitada, portanto que a Igreja esatria morta.
 
2 - Que a RCC é a Nova Igreja ressuscitada. Daí, Padre Abib dizer sem pejo:
 
    "Posso dizer sem medo a Canção Nova é uma obra-prima de Deus" (Padre Jonas Abib, Canção Nova Uma Obra Prima de Deus - Nossa História , Identidade e Missão, Loyola 2.003, p.71)
 
3- Que Cristo está para vir e reinar neste mundo.
 
    Todas estes delírios heterodoxos demonstram que Felipe de Aquino, como seguidor que não quer ver, de um guia cego, no texto acima citado, estava, ele também, considerando a Igreja antes do Vaticano II e da RCC, como a Igreja arruinada, ou mesmo morta.
    Creio que por hoje, basta.
    Embora saiba eu que, para mau entendedor, não adiantam muitas provas.
    E você, meu caro Leandro, é bom entendedor?
 
In Corde Jesu, semper, 
Orlando Fedeli