Polêmicas

Argumentos falaciosos
PERGUNTA
Nome:
Gil Cleber Duarte Carvalho
Enviada em:
27/02/2006
Local:
Rio de Janeiro - RJ, Brasil
Religião:
Evangélica

MUITO ME ESPANTA NUM INTELECTUAL COMO O AUTOR A RESPOSTA ABAIXO (O TEXTO EM MAIÚSCULAS É PARA DESTACAR DO OUTRO).


(...)
Claro que opondo o que Cristo pregou ao que fez a Inquisição, "compreensão", para você, é sinônimo de tolerância.

Ora, Cristo jamais mandou e nem aconselhou tolerar erros doutrinários. Ele combateu com força os erros gnósticos dos fariseus, assim como os erros dos saduceus. E Cristo não tolerou os vendilhões do Templo, mas os expulsou com violência, com o açoite. E açoite causa dor e machuca.

(CRISTO DISSE: "AMA O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO". DISSE TAMBÉM: "OFERECE A OUTRA FACE", E COM ISSO ENSINOU O PERDÃO. NADA DISSO FOI LEVADO EM CONTA PELOS INQUISIDORES.)

É claro que a ovelha sarnenta deve ser separada das sadias, e, para evitar endemias, deve-se até sacrificar as ovelhas que estão doentes, e não ter tolerância com o mal.

(NESTE CASO DEVEM-SE SACRIFICAR OS AIDÉTICOS, PORQUE PODEM CONTAMINAR OS SAUDÁVEIS? NÃO HÁ RESPALDO BÍBLICO PARA A FRASE ACIMA.)

Com os homens se dá algo paralelo. Pois o mal moral é bem mais contagioso que a peste.

Você fala contra a tortura na Inquisição, como se a Inquisição tivesse inventado e introduzido a tortura. O que é uma calúnia.

A tortura foi usada por todos os povos até o século XIX. Para não falar das torturas do século XX, por exemplo, em Cuba.

(TRATA-SE DE UMA FALÁCIA LÓGICA. DESVIA O ASSUNTO PARA UM ARGUMENTO NÃO PERTINENTE. NINGUÉM AFIRMA QUE A IGREJA CATÓLICA INVENTOU A TORTURA, MAS QUE, CONTRA A MENSAGEM DE AMOR E PERDÃO PROFERIDA POR CRISTO, USOU-A LARGAMENTE.)

Você já se lembrou de atacar as torturas socialistas de Fidel ?

(...)

Saiba então que a Inquisição foi a primeira instituição jurídica no mundo a declarar que as confissões sob tortura não seriam válidas para a condenação de ninguém. Foi a Inquisição também que exigiu que a tortura fosse limitada, sendo usada apenas paar obter informações, e que não poderia violar a integridade física da pessoa, que ela deveria ser limitada a meia hora, que deveria ser assistida por um médico, e que jamais poderia ser repetida.

(NÃO É O QUE ESTÁ NO MALLEUS MALEFICARUM. MAS AINDA QUE ASSIM FOSSE, NÃO HÁ RESPALDO BÍBLICO PARA O USO DA TORTURA SOB QUALQUER HIPÓTESE. PARA COMBATER O MAL, A ARMA DO VERDADEIRO CRISTÃO É A ORAÇÃO, NÃO A TORTURA CONTRA QUEM QUER QUE SEJA.)

De 1309 a 1323, em 636 processos inquisitoriais realizados em Toulouse -- principal centrou herético medieval -- só em um deles se aplicou a tortura. Em um só. (Cfr. Rino Cammilieri , La Vera Storia dell´Inquisizione, Piemme, Casale Monferrato, 2001, p.48).

E sobre a Inquisição espanhola não se diz que ela logo foi uma instituição do Estado, não controlada pela Igreja, e que a Igreja teve que censurar e tomar medidas contrárias a ela.

Mesmo assim, o que se fala contra a Inquisição espanhola é fruto das calúnias difundidas por Llorente, um padre apóstata, que escreveu um livro contra a Inquisição na Espanha, para ajudar os franceses de Napoleão a dominarem esse país, traindo assim a Igreja e a Pátria. E Llorente, terminada a sua obra, queimou todos os documentos que usou, para que não se vissem suas falsificações.

(O ARGUMENTO ACIMA É AUTO-CONTRADITÓRIO, PORTANTO APRESENTA OUTRA FALÁCIA LÓGICA: SE O REFERIDO PADRE QUEIMOU TODOS OS DOCUMENTOS, COMO É QUE SE PODE SABER QUE ELE ESTAVA MENTINDO? SEM DOCUMENTOS PRÓ OU CONTRA, NO MÍNIMO NÃO SE PODE DIZER QUEM ESTÁ MENTINDO.)

Depois de falar caluniosamente sobre a Inquisição você passa a falar do Nazismo e me escreve o seguinte:

"Os nazistas eram completamente contra judeus, negros, ciganos, latinos e qualquer "raça" que não a ariana".

Meu caro, você se esqueceu de contar os católicos entre as vítimas do nazismo, porque Hitler perseguiu violentamente os católicos, que morreram em número muito grande nos campos de concentração. Principalmente sacerdotes e freiras.

Por que você omitiu os católicos entre as vitimas do nazismo?

(O LEITOR OMITE OS CATÓLICOS. O SENHOR OMITE UM PAPA QUE ERA SIMPATIZANTE DO NAZISMO.)

Por puro preconceito contra a Igreja.

Essa é a tolerância dos que seguem "outras religiões" sem ousar definir qual é.

Defina-se, meu caro.

Na realidade, como todo defensor da tolerância, você é intolerante só para com a Igreja Católica.

(OUTRA FALÁCIA LÓGICA: O FATO DE O LEITOR SER INTOLERANTE NÃO INVALIDA SUA ABORDAGEM CONTRA A INTOLERÂNCIA.)

(...)

Aliás, queria lhe perguntar: você combateu a lei do uso de embriões humanos para pesuqisas, patrocinada pelo PT e aprovada pelo Lula?

(OUTRA FALÁCIA: DESVIA A DISCUSSÃO PARA TEMAS NÃO PERTINENTES.)

Essa é uma lei tipicamente nazista, que permite usar seres humanos como cobaias. É uma lei de tipo Mengele que o PT fez aprovar.

(FALTA BASE FILOSÓFICA E CIENTÍFICA PARA TAL AFIRMAÇÃO!!!)

Você protestou contra essa lei nazistóide aprovada por Lula ? Claro que não!

E, prosseguindo em sua fúria caluniadora contra a Igreja, você diz que os crimes da Inquisição se igualam aos do nazismo, pois me escreve que os crimes nazistas "se igualam à Santa Inquisição".

Ora, é sabido que o nazismo matou milhões de pessoas nos campos de concentração.

Sabe você o número de pessoas queimadas pela Inquisição, durante 100 anos, em Toulouse, o maior centro de hereges da Idade Média?

Pois foram só 42 pessoas.

(O SENHOR ACREDITA PIAMENTE QUE UMA INSTITUIÇÃO RELIGIOSA QUE SE DIZ FUNDAMENTADA NUMA DOUTRINA DE PAZ, PERDÃO E AMOR AO SER HUMANO POSSA ADMITIR COMO UM NÚMERO PEQUENO OU TOLERÁVEL O ASSASSINATO DE 42 PESSOAS? AINDA QUE TIVESSE QUEIMADO APENAS UMA SERIA INACEITÁVEL. PORÉM EM QUASE CINCO SÉCULOS DE INQUISIÇÃO, SEGUNDO MINHAS FONTES, FORAM CERCA DE 100.000 VÍTIMAS. GIORDANO BRUNO FOI UMA DELAS, E POR FAZER AFIRMAÇÕES MAIS TARDE COMPROVADAS AMPLAMENTE PELA CIÊNCIA.)

(...)

A Inquisição foi instituída para combater o catarismo, que defendia a tese de que a mulher, por permitir a perpetuação da humanidade, através da geração, era um ser nocivo. Os cátaros eram contra a procriação e contra o matrimônio, considerando possessas as mulheres grávidas. Defendiam também o suicídio por inanição. A vitória do catarismo seria a extinção da humanidade.

Até mesmo um autor protestante, inimigo da Inquisição, o americano Lea, considera que a Igreja, combatendo os cátaros, salvou a humanidade.

(O PARÁGRAFO ACIMA É, DE FATO, UMA DESMEDIDA BOBAGEM. UM PEQUENO GRUPO TENTA DISSEMINAR UMA DOUTRINA, EM TESE, SUICIDA, COMO O SENHOR DIZ. ACHAR QUE TODOS VÃO ADERIR A ELA É DE UMA INFANTILIDADE QUE JUSTIFICA A CRENÇA EM PAPAI NOEL. USAR ISSO COMO RESPOSTA A UM LEITOR É, OU FALTA DE ARGUMENTO, OU MENOSPREZO À INTELIGÊNCIA DO LEITOR.)

Você só está vivo, hoje, porque a Inquisição derrotou o catarismo.

Agradeça a Inquisição por sua vida e por sua mãe.

(OS DISPARATES CONTINUAM...)


PREZADO DR.: O SENHOR PODE ATÉ OSTENTAR UM TÍTULO DE DOUTOR, MUITOS O OSTENTAM, MAS NEM SABE ARGUMENTAR, NEM RESPEITA A INTELIGÊNCIA DO OUTRO.
RESPOSTA

Muito prezado Gil Cleber,
Salve Maria.
 
    Antes de tudo, quero dizer-lhe que não me considerio um "intelectual". Sou apenas um professor secundário católico que procura defender a Fé, tal como a Igreja sempre a ensinou.
    Você me acusa de usar "argumentos falaciosos", o que seria bem desonroso.
    Entretanto, quando li sua carta, deparei-me exatamente com falácias, mas de sua parte.

   
 Desde quando, amar o próximo como a si mesmo iria contra a existência de um tribunal como o da Inquisição?
    Se sua argumentação fosse verdadeira, dever-se-iam fechar todos os tribunais do mundo. O que evidentemente é um absurdo. A Inquisição defendia a Fé contra a perfídia dos hereges que visavam destrui-la. Ora, a Fé é o bem mais precioso que temos. Defendê-la é um ato de caridade.
    Você desconhece, meu caro Gil, que o Catecismo nos ensina que castigar os que erram e ensinar os ignorantes são atos de caridade e de misericórdcia espiritual, mais valiosos que os atos de misericórdia material?
   
    E dar a outra face que siginifica?
    Cristo, quando foi esbofeteado no tribunal de Anás, não deu a outra face, mas protestou.
    Meu caro, dar a outra face para quem nos ofende -- como você a mim, em sua carta, dizendo-me falacioso -- só se deve fazer, quando vemos que essa atitude vai converter o ofensor. Caso contrário, se deve reagir, porque o fim visado deve ser sempre a conversão do outro, ainda que seja como uma pequena lição, como calmamente estou lhe dando.
    E tomara que você a aproveite. Se você não a aproveitar, tomara que, pelo menos os leitores do site Montfort a aproveitem, vendo como se corrige um falacioso.
   
    É falso também que a Igreja usou a tortura "largamente", porque quem limita algo recusa seu uso largo. A Igreja encontrou a tortura sendo usada por toda a parte, e imediatamente procurou limitá-la, para, enfim, eliminá-la. Foi a Igreja que, antes de qualquer outra instituição, negou valor às confissões de crimes obtidas sob tortura.
   
    Meu caro, você é que compara mal a ovelha sarnenta -- isto é a contaminada pela heresia, que a Igreja excomunga --, com os aidéticos. Doente não é excomungado. Doente precisa ser tratado com caridade.
    Mas, por vezes, precisa ser isolado.
    A Medicina, até hoje, procura isolar os doentes que sofrem de males extremamente contagiosos, como por exemplo acontece com aqueles que são atacados por certas formas de meningite, para evitar o contágio e a disseminação das doenças.
   
    Sobre  o caso de Llorrente, se ele escreveu um livro contra a Inquisição, e, depois, queimou os documentos que usou, é claro que ele temia que os documentos que usou o desmentissem. Por isso os queimou.
 
    Dizer que Pio XII era simpatizante do nazismo é uma acusação sem prova nenhuma, e caluniosa pelo exagero. Você poderia, quem sabe, criticar a política timorata de Pio XII frente ao nazismo. Mas, como você não admite condenações e defende toda a tolerância, você cairia em contradição. Julgo eu que, se houvesse Inquisição no século XX, Pio XII teria o dever de condenar Hitler por meio da Inquisição. Mas você não pode dizer o mesmo, porque você é contra a Inquisição, e é contra condenações, por causa de sua tolerância. Acabaria então por defender Hitler contra a Inquisição, se ela o condenasse
    Estudei muito essa questão do relacionamento da Igreja com o Nazismo, e afirmo que acusar Pio XII simples e grosseiramente de Nazista é cometer uma falsidade histórica. Vai ver que você se fundamenta no livro de Cornwell, autor que chega a afirmar o absurdo de que, para Pacelli, "o culto de Fátima tinha um pefume de gnose" (John Cornwell, Le Pape et Hitler, Albin Michel, Paris, 1999, p. 343
  
    E, na ânsia de me criticar a qualquer preço, você chega a defender um leitor intolerante que me falava a favor da tolerância. Portanto, a seu ver, contra mim, valeria até a contradição pessoal.
   
    Para você, a Inquisição condenar à morte hereges seria assassinar. O que é um disparate. E me pergunta se admito que uma instituição que prega o amor pode condenar à morte.
    Claro que sim. Amar pode exigir castigar. Você, por exemplo, procurou me "castigar" -- e lhe concedo que o tenha feito procurando me corrigir por amor a Deus, não é?
    Se é assim, porque a Igreja não poderia condenar por amor? E até com a morte. Leia a Suma Teológica, onde São Tomás afirma que a pena de morte é sempre um ato de amor pela alma do condenado, porque, se ele se arrepende, já pagou na terra o seu crime; e, se não se arrepende, sofrerá menos no inferno, pois viveu menos tempo em pecado. E lhe cito a fonte de minha afirmação: São Tomás ensina isso na Suma Teológica II-IIae, Q. 25 a. 6,  ad 2.
    E você, quando afirma que a Inquisição matou 100.000 pessoas não cita o estudo sobre a Inquisição de onde tirou esse número...
    Quanto aos demais "argumentos" de sua carta, eles nem merecem análise, tanto são eles ridículos, pois chega a defender até Giordano Bruno, um panteísta e farsante que negava a Divindade de Cristo, enquanto afirmava divindade do mundo.
    Seus pobres "argumentos" são, eles sim,  uma ofensa à inteligência.
    Até mesmo à sua
    Passe bem. Mas, para passar bem, odeie menos, estude mais e abandone suas falácias.
    Que Deus o perdoe.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli