Defesa da Fé

Qual Concílio Vaticano II?
PERGUNTA
Nome:
Carlos Pinheiro
Enviada em:
20/03/2009
Local:
Maceió - AL, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior concluído
Profissão:
Eng. Civil


Caros amigos do site Montfort,
Salve a Virgem Santíssima!

Lendo o excelente artigo do prezado Professor Orlando - Bento XVI, a FSSPX e a revolta dos bispos modernistas - recentemente publicado, recordei de uma pequena análise comparativa que fiz com relação àquilo que disse o Vaticano II a respeito da autoria dos Santos Evangelhos.

Vejamos:

Na Dei Verbum lê-se:

“A Igreja defendeu e defende sempre e em toda a parte a origem apostólica dos quatro Evangelhos. Com efeito, aquelas coisas que os Apóstolos, por ordem de Cristo, pregaram, foram depois, por inspiração do Espírito Santo, transmitidas por escrito por eles mesmos e por varões apostólicos como fundamento da fé, ou seja, o Evangelho quadriforme, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João” (1).

A Constituição Dogmática Dei verbum do Vaticano II, pelo menos neste ponto, não explicita os autores dos Santos Evagelhos, deixando o texto, como de praxe, um tanto ambíguo.

Tanto que facilmente encontramos, dentro do seio da Igreja, quem ensine a posição modernista com base no concílio...

“É esta experiência das comunidades cristãs que vai influir na tonalidade própria de cada um dos quatro Evangelhos. Por detrás da autoria individual dos Evangelhos a qual vem da Tradição do séc. II e não se encontra no texto dos Evangelhos está também uma ou várias comunidades cristãs. A Constituição Dei Verbum não declara que determinado Evangelho pertence a determinado evangelista como seu autor. Afirma apenas “a origem apostólica dos quatro Evangelhos (...) segundo Mateus, Marcos, Lucas e João” (n.° 18); isto é, são-lhes atribuídos” (2).

Resta saber se a ambiguidade foi posta propositalmente, como confessa o Pe. Schillebeeckx (3). Então, nada melhor que verificar o que consta no esquema preparatório da Dei Verbum:

“[...] A Igreja de Deus sempre e em todo lugar creu e crê sem hesitação que os quatro Evangelhos são de origem apostólica e constantemente sustentou e sustenta que eles têm por autores humanos aqueles cujos nomes levam no Cânon dos Livros Santos, a saber, Mateus, Marcos, Lucas e João a quem Jesus amava” (4).

Claríssimo!

Deus ajude o Santo Padre nesta hora decisiva a extirpar de vez a heresia modernista tanto na letra como no espírito do pastoral Concílio Vaticano II.

Mãe do bom conselho, rogai por nós!

Carlos.

(1) http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html

(2) http://www.capuchinhos.org/biblia/index.php?title=Evangelhos_e_Actos

(3) “Nós o [Vaticano II] exprimimos de uma maneira diplomática, mas depois do Concílio nós tiraremos as conclusões implícitas” (Declaração do Padre Schillebeeks, na revista holandesa De Bazuin (A Trombeta) no. 16, 1965, tradução francesa de Itinéraires n° 155 (1971) pág. 40. Apud: Spadafora, F.; O triunfo do modernismo sobre a exegese católica; Em: http://www.permanencia.org.br/SimSimNaoNao/040/art2.htm).

(4) Spadafora, F.; O triunfo do modernismo sobre a exegese católica; Em:
http://www.permanencia.org.br/SimSimNaoNao/040/art2.htm
RESPOSTA

Muito prezado Carlos,
Salve Maria.
     
     Muito boa sua argumentação.
     Você demonstra que o texto que foi aprovado pela Dei Verbum não diz explicitamente e claramente que os quatro evangelhos tiveram como autores São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.     
     Daí alguns, como os capuchinhos que você cita -- repetirem a doutrina modernista de que os Evangelhos tiveram como autores as comunidades cristãs, tese condenada como modernista. E você demonstra muito bem que no esquema original propunha-se explicitamente a concepção católica de que os autores dos quatro evangelhos foram São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
     A Dei Verbum mudou o texto correto e bem claro por um texto menos claro que permite uma interpretação capuchinha modernista:

“A Constituição Dei Verbum não declara que determinado Evangelho pertence a determinado evangelista como seu autor. Afirma apenas “a origem apostólica dos quatro Evangelhos (...) segundo Mateus, Marcos, Lucas e João” (n.° 18); isto é, são-lhes atribuídos” (2).
     Parabéns!
 
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli