Defesa da Fé

O Evangelho segundo Allan Kardec
PERGUNTA
Nome:
Bruno
Enviada em:
16/04/2000
Religião:
Católica
Escolaridade:
2.o grau concluído



Olá, estou lhe escrevendo a respeito de algumas duvidas que eu tenho a respeito do espiritismo que não ficam muito claras para mim. bem vamos a elas...

Primeiro queria começar dizendo que os espiritas geralmente não encaram a reencarnação como um pagar pecado, bom pelo menos eles não aceitam essa expressão pagar pecados, eles substituem esta por processo evolutivo, não é isso? Como lidar com essa diferença de expressão, já que para eles essa diferença muda todo o sentido de reencarnação?

Se o evangelho é contrário ao espíritismo, me explique como pode haver um livro que se chama, o Evangelho segundo Alan Kardec? Como pode se misturar espiritismo com cristianismo?

Existem pessoas que tem essa capacidade de falar com os espiritos? Se a biblia condena é porque existe, estou certo?

Geralmente os espiritas separam espiritismo de ritos africanos como umbanda, candoblé, entre tantos outros. Qual é a diferença? Que significado tem Cristo para os espíritas? Salvador ou apenas um modelo de perfeição?

Bom essas são algumas dúvidas que eu tenho que gostaria muito de esclarecer. Sou Católico, estou em busca de uma firmação de fé, se possivel gostaria de contar com a tua ajuda. Obrigado Bruno.

RESPOSTA


Prezado Bruno, salve Maria.

Ainda que não utilizem a expressão "pagar pecados", os espíritas vêem a encarnação dos espíritos como uma etapa necessária num processo de aperfeiçoamento metafísico. Essa encarnação representaria para os espíritos um castigo por uma queda anterior em outro ciclo. A entrada neste mundo seria assim uma espécie de provação, de castigo mesmo, por uma culpa anterior que teria trazido uma decadência do ser puramente espiritual para o estado de união com um corpo material.

Essa concepção liga o espiritismo à Gnose.

Sua visão evolutiva do espírito era a mesma que os gnósticos românticos, antes de Allan Kardec, já apregoavam em seus escritos sobre a apalingenésia.

No mundo Ocidental católico os espíritas tinham que se apresentar como uma expressão do cristinaismo para poder adquirir mais facilmente novos adeptos. Daí a pretensão de conciliar as doutrinas gnósticas do espiritismo com o catolicismo e o cristianismo, elaborando evangelhos segundo o espiritismo, que nada mais são do que uma deturpação grosseira dos textos e do sentido do Evangelho.

Os médiuns que pretendem ter comunicação com os espíritos dos mortos, na verdade - quando não agem fraudulentamente - têm comunicação com os espíritos demoníacos. Essa é a razão porque as Sagradas Escrituras condenam toda espécie de necromancia (consulta aos mortos para conhecer o futuro).

O Deuteronômio, por exemplo, diz : "Quando entrares na terra que o senhor teu Deus te há de dar, guarda-te de querer imitar as abominações daquelas gentes. Não se ache entre vós quem purifique seu filho ou sua filha, fazendo-os passar pelo fogo, nem quem consulte advinhos ou observe sonhos ou agouros, nem quem use malefícios, nem quem seja encantador, nem quem consulte os nicromantes [médiuns], ou advinhos, nem quem consulte dos mortos a verdade. Porque o Senhor abomina todas estas coisas, e por tais maldades, exterminará estes povos à tua entrada" (Deut. XVIII, 9- 12).

Os espíritas procuram distinguir a sua seita dos que praticam a macumba, candoblé etc, porque sabem que esses cultos assustam as pessoas, e não porque haja uma diferença substancial entre eles, embora existam diferenças causadas por motivos culturais e de pormenor religioso.

Para o espiritismo, a redenção não se dá pelos méritos de Cristo, mas pelo aperfeiçamento pessoal, sem dependência alguma da graça de Deus. Como a Gnose, o espiritismo crê que o homem é redentor de si mesmo. Cristo não é, para os espíritas, o verbo de Deus encarnado para nos redimir com seu sacrifício no Calvário, mas apenas um ser mais evoluido. Nada mais. Cristo, para eles não é Deus.

Você poderá encontrar mais informações no livro de Frei Boaventura Kloppenburg -- "Espiritismo para católicos".

Essa obra, embora tenha algo de racionalista e restrinja muito o papel do demônio nas sessões espíritas, tem muitas citações interessantes de Allan Kardec, mostrando as contradições da doutrina espírita.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.