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A raiva incontida e irracional de alguém iludido pelo Centro Dom Bosco e pela Liga Cristo Rei
Alberto Zucchi
No compendio de Teologia Ascética e Mística o padre Tanquerey, ao tratar da necessidade do Dom do Conselho [§ 1323], afirma que: “a razão humana é falível e incerta em seus caminhos, e não pode proceder senão com lentidão...”
Sem dúvida teria sido muito melhor que Carlos Nougué tivesse agido de acordo com esse ensinamento, ao invés de, imediatamente após o término da nossa “live” no Youtube, postar uma nova mensagem no Facebook. Nougué confiou em seus impulsos e não procedeu com lentidão. Escreveu uma postagem irracional e fruto da paixão.
Nossa “live” foi realizada na noite do dia 13 de março e comentou a publicação de Nougué que tem como título “adeus a uma ilusão”. Apesar do título recordar aquelas músicas brasileiras “de fossa” dos anos 30 e 40, típicas de Francisco Alves, as informações nela contidas são muito interessantes.
A raiva de Nougué teria sido causada pelo fato de que afirmamos que conversão dele e de Olavo de Carvalho foram atribuídas a Donato. Na postagem ele nega furiosamente esclarecendo, com grande conhecimento teológico, que é o Espirito Santo que o converteu e utilizou Dom Lourenço como seu instrumento. Donato ele mal conhece.
Ora, em sua cólera incontida Nougué esqueceu de dizer que a informação teve origem em seus antigos amigos da Liga. Informação essa que foi corroborada pelas informações contidas no “adeus a uma ilusão”, ou seja, de que Nougué foi editor de Olavo de Carvalho antes mesmo da conversão, e que ele cuidou de uma cadela do maior filosofo do Brasil. Talvez Olavo tenha pedido esse favor a Nougué porque a cadela de tal Filosofo deveria latir em “latim” e “grego” e não é fácil achar cuidadores que entendam mensagens tão elevadas. Em todo o caso os dois fatos demonstram uma proximidade grande entre Olavo e Nougué antes mesmo da conversão deste, o que tornava a informação da conversão dada pelos amigos da Liga como possível.
Mesmo em sua cólera, Nougué parece confirmar parte da informação: a de que Donato teria sido o instrumento - vamos precisar agora para não irritar mais uma vez o grande teólogo - de conversão de Olavo de Carvalho. Será? Como alerta o padre Tanquerey a razão humana é falível e incerta.
Mas, sobretudo, Nougué em sua onda de fúria esquece também de informar porque esta questão, que se si mesmo é completamente secundária, foi levantada. Ou será que ele aqui já havia recuperado um pouco da sanidade e se deu conta que não é conveniente levantar a questão principal?
O fato é que no “adeus a uma ilusão” Nougué afirma que ingenuamente participou de algo organizado pelo Centro Dom Bosco e pela liga Cristo Rei para enganar os católicos tradicionalistas: “Em verdade, descobri que eu não era mais que uma fachada tradicionalista para o CDB e a LCR, capaz de atrair muita gente...”
Em nossa “live” pedimos, talvez não com a humildade e reverência devidas a um grande filósofo, que Nougué tratasse mais detalhadamente da construção dessa fachada informando a posição daqueles que são ligados a esses grupos e que participam deste trabalho de simulação, a fim de que, uma quantidade menor de católicos se iludisse.
É de se perguntar qual o motivo de tanta raiva por uma informação incorreta que teve origem nos seus antigos amigos da Liga diante de algo tão mais grave, ou seja, uma organização destinada a enganar os católicos. Porque irrita tanto a Nougué ser questionado sobre a posição de outros dirigentes do Centro Dom Bosco e da Liga Cristo Rei? Porque não convém esclarecer as outras fontes da ilusão?
Será que a razão desta raiva está no fato de que o grande filósofo e teólogo se mostrou um profeta fracassado? Nougué previu o fim rápido da Montfort e em contra-partida a atuação da Liga Cristo Rei como a fonte de resistência ao Anti-Cristo. Previsão mais furada só a dos Testemunhas de Jeová com o fim do mundo.
E na raiva incontrolada as faltas vão se multiplicando. Nougué reafirma a calunia que os progressistas e modernistas fazem contra Montfort quando repetimos o magistério da Igreja afirmando que fora da Igreja não há salvação. Como os modernistas, e também os perenialistas disfarçados de católicos tradicionais, não podem atacar diretamente ao dogma distorcem o que afirmamos. Que pena que Nougué não teve um pouco de calma e esperou o amanhecer para refletir um pouco mais.
E o descontrole não parou por aí. Nougué insinua que teríamos alguma ligação com Olavo e nos uniríamos a ele. Pobre Nougué! Acabou de confessar que por razões práticas tolerou a união com o Centro Dom Bosco onde havia “um clima muito influído pelo olavismo, além, é claro, de uma mistura indigesta de correntes católicas antagônicas” e insinua que teríamos algo com Olavo. Que triste ver alguém atribuir aos outros o erro que ele mesmo cometeu.
E o descontrole produziu o delírio quando Nougué afirma que a Montfort tem “agentes secretos para invadir reuniões alheias”. Coitado do Nougué. Acho que o trauma da desilusão foi mais profundo do que se pensava a primeira vista. A “fossa” foi abissal. Na mentalidade romântica o primeiro amor nunca se esquece, mas esse já deve ser o sexto ou o sétimo de Nougué...
E por fim como diz o ditado “fumar cachimbo deixa a boca torta”, o mestre Nougué, como ele era chamado por seus antigos amigos do Centro Dom Bosco, o filosofo que segundo ele mesmo dará conclusão a obra filosófica incompleta de São Tomás, não perde o topete, e repete o que ele mesmo condena nos gurus do Centro Dom Bosco e da Anistia. Assim, ao invés de ouvir o conselho dos padres ele dá um conselho para eles. Nougué o amigo dos padres da Resistência, aqueles que colocam em dúvida a validade das ordenações dos padres do IBP, diz que tem respeito pelos padres do IBP e atribui-se autoridade e sabedoria para dar-lhes um conselho. Grande mestre... O que não fazem as más companhias. O “Gurusismo” é mais contagiante que o Coronavírus.
Mas se Nougué está interessado nos padres do IBP ele poderá na próxima ocasião que o Padre Paul Aulagnier estiver no Brasil convidá-lo para uma palestra no Rio de Janeiro, claro que não no Centro Dom Bosco.
O Padre Aulagnier representa a história viva do movimento contra os erros que se infiltraram na Igreja após o Concílio Vaticano II. Ele foi muito próximo a Dom Lefebvre e chegou a ser seu conselheiro. Sua história se confunde com a própria história da FSSPX. Ele participou de todos os eventos importantes ligados a tradição. Ele foi o grande articulador da fundação do IBP. Foi reitor do seminário do IBP e exerce a função de conselheiro neste Instituto. Agora, com quase oitenta anos, ela reformou uma casa para retiros. E apesar da sua idade, não se ouve ele reclamar de nada. Sobretudo não se ouve ele reclamar da saúde e jamais se ouve ele se auto elogiar. Evidentemente este não é o estilo de Nougué.
Mesmo assim, sem dúvida, será uma ótima oportunidade para que Nougué tenha um choque de realidade sobre o que é o verdadeiro no movimento tradicional agora que ele perdeu a ilusão no seu antigo e passageiro amor. E se Nougué desejar, não sei se vale a pena porque há outras coisas mais importantes para escutar do padre Aulagnier, mas se for do desejo de Nougué, ele poderá perguntar ao padre Aulagnier sua opinião sobre a Montfort.
Para citar este texto:
"A raiva incontida e irracional de alguém iludido pelo Centro Dom Bosco e pela Liga Cristo Rei"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/politica/nougueadeus/
Online, 06/11/2024 às 02:18:46h