Artigos
Igreja
A abominação no lugar santo: o Santuário de Fátima se tornará um santuário pagão
Paulo R. Pedrosa
“Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas as nações, e então chegará o fim.
Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel (9,27) - o leitor entenda bem - então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas” (Evangelho segundo São Mateus, XXIV, 14-16).
O Santuário de Fátima é universalmente conhecido pelos católicos como o local onde Nossa Senhora apareceu aos três pastorinhos e revelou três segredos, o terceiro ainda não inteiramente revelado, a respeito das almas, do mundo e da Igreja nos tempos atuais. Suas aparições, confirmadas por diversos milagres, inclusive o maravilhoso milagre do sol testemunhado por mais de 70.000 pessoas, faz com que Fátima seja um santuário católico de especial devoção para milhões de católicos, abençoado por aquela que é o tabernáculo vivo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Como numa encenação surrealista, contudo, o santuário de Fátima em outubro de 2003 foi palco de uma conferência pan-religiosa intitulada: “O Presente do Homem – O futuro de Deus: O Lugar dos Santuários na Relação com o Sagrado”.
Segundo o semanário Portugal News, um importante informativo português escrito originalmente em inglês, tal congresso é inspirado (patrocinado) conjuntamente pelo Vaticano e pela ONU. Segundo a notícia, publicada na edição de 01/11/2003, na página:
“Delegados (...) ouviram como o Santuário será transformado num centro onde todas as religiões do mundo irão se reunir para prestar homenagem a seus vários deuses. O congresso aconteceu no Centro Pastoral Paulo VI e foi presidido pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, José da Cruz Policarpo” (O negrito é meu).
O título do congresso é sugestivo: O presente do homem molda o futuro de Deus. Quanta pretensão e arrogância do homem (leia-se ONU) querer moldar o futuro de Deus, que disse a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU” (Êxodo III, 14); e disse ao profeta Malaquias: “Eu sou o Senhor e não mudo” (Malaquias III, 6).
E autoridades importantes na Igreja, fazem o jogo orquestrado pela ONU, promovendo o ecumenismo, e promovendo a adoração de demônios dentro de lugares santos, pois “Os deuses dos pagãos são demônios” (Salmos XCV, 5).
São Paulo admoesta duramente aos coríntios contra rituais ecumênicos:
“Não! As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios.
Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, X, 20-21).
E a notícia da agência Portugal News prossegue com declarações estarrecedoras feitas pelos clérigos da mais alta hierarquia portuguesa, mostrando seu total comprometimento com a agenda ecumênica.
“O reitor do Santuário, Monsenhor Luciano Guerra, disse que Fátima ‘mudará para melhor’.(...) ele declarou: ‘O futuro de Fátima, ou da adoração de Deus e de sua Santa Mãe neste Santuário, deve passar pela criação de um santuário onde diferentes religiões possam se misturar. O diálogo inter-religioso em Portugal, e na Igreja Católica, ainda está em estágio embrionário, mas o Santuário de Fátima não está indiferente perante este fato e já está aberto a ser um lugar de vocação universalista” (Portugal News, 01/11/2003, Fatima to become interfaith shrine. O negrito é nosso).
Disse ainda Monsenhor Luciano Guerra: “Portando devemos assumir que é vontade da Bem Aventurada Virgem Maria que isto aconteça desta forma”.
Sob a luz da doutrina católica, e pelo contexto das aparições e mensagens dadas em Fátima, Nossa Senhora deve estar mesmo muito triste com a infidelidade de seus filhos consagrados, inclusive aquele a quem foi incumbido salvaguardar o santuário onde a última e mais importante aparição dela se deu. Filhos indignos que violam abertamente o primeiro mandamento, e esquecem sua função de pastores, conduzindo suas ovelhas para o abismo, e deixando que as ovelhas fora do aprisco pereçam na adversidade.
Esteve presente no congresso, como um dos principais palestrantes, o teólogo jesuíta belga padre Jacques Dupuis, que insistiu durante sua palestra que as religiões do mundo devem se unir: “A religião do futuro será a convergência geral das religiões num Cristo universal que satisfará a todos”. (Portugal News, 01/11/2003, Fatima to become interfaith shrine. O negrito é nosso).
Segundo as palavras de Padre Dupuis, seguindo a Hans Kung, não haverá lugar para a Igreja Católica no futuro da humanidade!
Padre Dupuis diz ainda: “As outras tradições religiosas no mundo são parte do plano de Deus para a humanidade e o Espírito Santo está operante e presente nos escritos sagrados dos budistas, dos hindus e em outros escritos sagrados tanto cristãos como não-cristãos. A universalidade do reino de Deus permite isto, e isto nada mais é que a uma forma diversificada de compartilhar o mesmo mistério de salvação. Ao final, é esperado que os cristãos se tornem melhores cristãos e cada hindu, melhor hindu” (Portugal News, 01/11/2003, Fatima to become interfaith shrine. O negrito é nosso).
Quanta ousadia deste herege modernista descarado! Ele iguala publica e descaradamente a única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo com superstições inventadas pelo homem e fomentadas pelo diabo para sua perdição.
O Espírito Santo, segundo padre Dupuis inspirou todos os livros sagrados de todos os povos. Deve ser este o mesmo espírito santo que inspira a interpretação da Bíblia pelos protestantes, dando origem a bilhares de interpretações conflitantes, ao gosto do freguês, e que gera milhares de igrejolas protestantóides. Deve ser o mesmo espírito santo do movimento carismático pentecostal, seja católico ou protestante, que faz com que as pessoas se enrolem em línguas estranhas, caiam e recebam o tal espírito, da mesma forma como acontece nos terreiros de macumba. O espírito santo do padre Dupuis é que inspirou o Corão a considerar Jesus como um mero profeta, e ao Talmud considerar Cristo um mau judeu, herege e mentiroso (para não dizer pior).
Não pode haver paz entre Cristo e Belial. Apesar disto, querem transformar a igreja militante em igreja dialogante...
O espírito desse ecumenismo relativista é o espírito da mentira, a mentira do gnóstico modernismo que infesta a Igreja sob a máscara da Nova Teologia. E o diabo é o pai da mentira. Aos hereges perpetradores da mentira, cabem as palavras de Nosso Senhor:
“Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Evangelho segundo São João, VIII, 44).
O ensinamento de que a Igreja Católica Apostólica Romana é a Única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo e único meio de salvação é dogmático, proclamado pelo concílio de Florença, e promulgado pelo papa Eugênio IV, em 1442:
“A Santíssima Igreja Romana firmemente crê, professa e prega que nenhum daqueles existentes fora da Igreja Católica, não apenas pagãos, mas também judeus, hereges e cismáticos nunca podem ser partícipes da vida eterna, mas que eles vão para as chamas eternas ‘que foi preparada para o demônio e seus anjos,’ (Mateus 25:41) a menos que antes da morte tenham se unido a ela; e tão importante é unidade do Corpo Eclesiástico, que apenas aqueles que permanecem nesta unidade podem gozar dos sacramentos da Igreja para sua salvação, e que apenas eles podem receber a eterna recompensa pela sua lealdade, caridade e outras obras de piedade cristã, e deveres como soldados de Cristo. Ninguém, seja sua caridade a maior conceptível, ou mesmo que tenha derramado seu sangue em Nome de Cristo, poderá ser salvo, a menos que ele abrace e esteja dentro da unidade da Igreja Católica”
E o padre Dupuis contraria o concílio dogmático de Florença. Pior, de acordo com John Vennari, um jornalista católico americano que fez a cobertura do evento e assistiu todas as palestras, ele teria dito: “Não é necessário invocar aqui aquele texto horrível do Concílio de Florença de 1442” (apud John Vennari, Fatima to Become Interfaith Shrine? An Account From One Who Was There, http://www.fatima.org/sprep111303.htm. O negrito e o sublinhado são meus).
Padre Dupuis disse escandalosa e abertamente durante um evento público patrocinado pelo Vaticano, dentro de uma instituição católica, que uma definição dogmática infalível da Igreja Católica é um texto horrível que deve ser rejeitado.
E qual foi a reação da assembléia? Foi aplaudir e ovacionar entusiasticamente! Aplausos inclusive das altas autoridades portuguesas, bispos, cardeais e patriarca lá presentes.
E também sobre este ensinamento se manifestaram vários papas:
Pio IX:
“Devemos mencionar e condenar novamente o perniciosíssimo erro do qual tem sido embebidos certos católicos que são de opinião que aquelas pessoas que vivem no erro e não tem a verdadeira fé e estão separados da unidade católica, podem obter a vida eterna. Esta opinião é totalmente contrária à fé católica, como fica evidente nas palavras claras de Nossos Senhor...” (John Vennari, Fatima to Become Interfaith Shrine? An Account From One Who Was There, citação do livro The Catholic Dogma, do padre Michael Muller, Benzinger Brothers, 1888. Negrito de Vennari).
Pio XII:
“Ó Maria, Mãe de Misericórdia e berço da Sabedoria! Ilumine as mentes envolvidas pelas trevas da ignorância e do pecado, que elas possam claramente reconhecer a Santa, Católica, Apostólica e Romana Igreja como a única verdadeira de Jesus Cristo, fora da qual nem santidade nem salvação podem ser encontradas” (John Vennari, Fatima to Become Interfaith Shrine? An Account From One Who Was There, apud The Raccolta, Benzinger Brothers, Boston, 1957, No. 626. Negrito de Vennari).
Como já se disse no site Montfort :”O céu é católico; e o inferno é ecumênico”.
Boa parte do clero está tão envolvida no processo ecumênico, que chega a titubear perante a incoerência de suas posições. Ao Cardeal Patriarca de Portugal, dom José da Cruz Policarpo, foi perguntado sobre a contradição entre a reunião ecumênica em Fátima com um trecho do livro Calls from the Message of Fatima, da irmã Lúcia, onde ela explica de maneira ortodoxa o primeiro mandamento, de como a idolatria é uma séria ofensa contra Deus. Eis o que respondeu o Patriarca: “A irmã Lúcia não é mais um ponto de referência hoje em dia pois nós temos um muito bom no Concílio Vaticano II” (DICI, 3 de novembro de 2003).
Isto é quase uma confissão de que o Vaticano II rompeu com o ensinamento tradicional católico relativo ao primeiro mandamento. Isto também deixa claro como o Milagre de Fátima tem sido tratado com total indiferença por certos membros da hierarquia desde o Concílio Vaticano II.
O ecumenismo que tem sido promovido por importantes setores da hierarquia católica (graças a Deus parece haver uma corrente contrária dentro do Vaticano), nos expõe ao sério risco de um justo castigo divino. No início do século 20, o eminente Cardeal Mercier da Europa, citando ensinamentos dos Papas, declarou que a Primeira Guerra Mundial foi um punição pelo crime das nações de colocar a Religião Verdadeira no mesmo nível dos credos falsos (como foi promovido em Fátima). Ele disse:
“Em nome do Evangelho, e à luz das Encíclicas dos últimos quatro Papas, Gregório XVI, Pio IX, Leão XII e Pio X, não hesito ao afirmar que esta indiferença com relação às religiões que põe no mesmo nível a religião de origem divina com as religiões inventadas pelos homens de forma a incluí-los no mesmo ceticismo, é a blasfêmia que clama por castigo na sociedade muito mais que os pecados dos indivíduos e das famílias” (Cardeal Mercier, Carta Pastoral de 1918, As Lições dos Eventos. O negrito é meu).
Porque boa parte da hierarquia católica aderiu ao ecumenismo da ONU? Convicção religiosa? Convicção política? Ameaças? É difícil explicar sem um estudo mais aprofundado, mas hoje está muito claro que se está fazendo o jogo da ONU, esta que pretende ser o governo único do mundo, liderando um único povo etnicamente diversificado, sob os auspícios de uma única religião, segundo a Ética Global de Hans Kung, onde não há espaço para religiões dogmáticas, como é a Igreja Católica.
Mas nós católicos temos certeza do fim desse ecumenismo e de que a vitória ao final já esta garantida à Igreja Católica, porque “As portas do inferno não prevalecerão contra ela”, e como disse Nossa Senhora em Fátima, “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará”.
Para citar este texto:
"A abominação no lugar santo: o Santuário de Fátima se tornará um santuário pagão"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/igreja/santuario_fatima/
Online, 06/11/2024 às 02:25:20h