Ciência e Fé

Decepções e confissões de um evolucionista
Orlando Fedeli


A Evolução é uma tese cientificamente comprovada?

 

Até pouco tempo atrás ninguém, no mundo dito científico, ousaria dar como resposta a essa pergunta um "não" rotundo e escandaloso.

 

Hoje, muitos negam o caráter científico do evolucionismo, sendo freqüente dizer-se que se trata mais de uma filosofia materialista do que de ciência.

Recentemente, um homem insuspeito como o Professor Richard Lewontin, conhecido evolucionista de Harvard, declarou -- foi publicado na New York Review of Books - que, apesar de todas as contradições da tese evolucionista, apesar de todos os fracassos, os evolucionistas têm a declarar que, tendo fechado questão com o materialismo, eles não permitirão que Deus entre, pondo o pé na porta.

Eis o texto de Lewontin:

"Nós ficamos do lado da ciência, apesar do patente absurdo de algumas de suas construções, apesar de seu fracasso para cumprir muitas de suas extravagantes promessas em relação à saúde e à vida, apesar da tolerância da comunidade científica em prol de teorias certamente não comprovadas, porque nós temos um compromisso prévio, um compromisso com o materialismo. Não é que os métodos e instituições da ciência de algum modo compelem-nos a aceitar uma explicação material dos fenômenos do mundo, mas, ao contrário, somos forçados por nossa prévia adesão à concepção materialista do universo a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam explicações materialistas, não importa quão contraditórias, quão enganosas e quão mitificadas para os não iniciados. Além disso, para nós o materialismo é absoluto; não podemos permitir que o 'Pé Divino' entre por nossa porta."

É uma confissão clara de que a ciência moderna, pelo menos tal qual a concebem alguns cientistas, tem um posicionamento filosófico prévio em favor do ateísmo e do materialismo. E esse posicionamento preconceituoso nada tem de científico. Essa é a razão pela qual certos cientistas defendem o evolucionismo -- Lewontim é evolucionista -- por um posicionamento filosófico -- seria melhor dizer religioso, apesar de ateu - e não por existirem provas científicas do evolucionismo.

Recentemente tomamos conhecimento de que, em certa Faculdade de Biologia do Brasil, os alunos foram convidados a debater o seguinte texto de autoria de Carlos Eduardo Guerra Schrago, que se diz estudioso da evolução biológica:

"Eu pensei duas vezes antes de escrever esse texto, tenho que admitir. A idéia principal já estava em minha mente há mais ou menos uns cinco anos, quando me deparei com o discurso de Roger Penrose a respeito da Física e, após me aprofundar no estudo da Biologia Evolutiva, sinto a necessidade de expor meu atual conceito de como o estudo da Evolução deveria ser traçado.

A raiz de todo o problema já está mais que badalada (sic!):

A Evolução é científica?

A seleção Natural (e até mesmo a Evolução) é uma tautologia?

As idéias darwinianas são realmente úteis do ponto de vista cientifico – prático? A Evolução é falseável?

Essas perguntas extremamente importantes estiveram em voga nos anos sessenta e setenta, e durante os últimos vinte anos (com o crescimento espantoso da Biologia Molecular) tem sido esquecidas e só fazem parte das discussões de alguns biólogos com uma tendência filosófica, e, é claro, de filósofos da Ciência. A aceitação da evolução como fenômeno científico tem sido amplamente aderida (sic) pelos biólogos, e podemos dizer que se tornou quase um paradigma (ou mesmo um dogma! Eu diria um "paradogma"...) E é aí que reside uma imensa questão: seria a Evolução tão bem estabelecida como teoria (leia-se: foi testada um enorme número de vezes e não foi falseada) para tornar-se paradigmática?

Não, esse meu discurso não é criacionista! Quando Stephen Hawking e Roger Penrose, juntos, estabeleceram a Física dos buracos negros, e depois se separaram academicamente, pois Penrose acusava Hawking de "forçar a barra " matematicamente para alcançar as suas conclusões, Penrose desabafou:

'Toda a Física deveria ser reformulada'.

A atitude de Penrose exprime o que há de mais nobre no processo científico: a ousadia de derrubar conceitos até então em voga.! A Ciência é tudo, menos dogmática.

Eu sei que o que eu vou propor é bastante perigoso, e, até certo ponto é, de fato, um dos argumentos criacionistas. Mas o argumento, em si, não é criacionista, e sim científico..

A Seleção Natural e a Evolução já sofreram inúmeros ataques filosóficos que eu não vou discutir no presente texto; o interessante é que nenhum dos ataques foi suficientemente dado por encerrado. Ou seja, ninguém nunca invalidou um ataque filosófico contra a Evolução.

O que será que isso significa?

Será que uma teoria que se propõe paradigmaticamente pode ter "falhas" de construção?

Não estaremos nós, biólogos, defendendo um conceito que pode até não estar errado, mas que é inútil, na prática?

Vejam bem, vocês devem estar achando que a minhas idéias não são fundamentadas e que a Evolução é um conceito científico bem estabelecido. Afinal, a Genética das Populações descreve bem os processos micro evolutivos.

Será?

A Genética das Populações, de fato, tem um bom fundamento experimental.

Entretanto, grande parte de suas idéias são deduções puramente matemáticas, e a Matemática é o mais sublime exemplo de tautologia!

Então, o que fazer?

Talvez a resposta esteja em Penrose: 'Toda a Biologia Evolutiva deve ser reformulada!'

E qual é o passo primordial para que isso ocorra? É que filtremos do conhecimento evolutivo moderno somente o que realmente funciona, e que não é um devaneio teórico pseudo científico?

A atitude, por incrível que pareça, é negarmos a Evolução, e tentar provar-nos que estamos errados.

Não, isso não é ser criacionista, é ser cético!

Somente desta forma poderemos desenvolver o moderno pensamento evolutivo, para uma plataforma mais segura e subtrairmos as idéias mal concebidas, que convivem conosco atualmente.

Então, quando afirmarem: Eu acredito na Evolução. Digam: Eu, não. Prove-me que estou errado.

Essa velha atitude do processo científico, embora aparentemente seja criacionista e burra, é a forma mais inteligente e segura que temos para elevar a Biologia Evolutiva para um terreno científico, e não especulativo.

Carlos Eduardo Schrago"

 

ANÁLISE DO TEXTO

Desse texto se depreende um estado de espírito decepcionado com a falta de comprovação científica da Evolução e com a falta de resposta a altura dos evolucinistas às objeções filosóficas que se tem feito à teoria evolucionista.

Confessa o autor:

"Nenhum dos ataques [à Evolução] foi suficientemente dado por encerrado. Ou seja, ninguém nunca invalidou um ataque filosófico contra a Evolução."

A decepção do autor -- que se confessa, apesar de tudo, um defensor da evolução - se manifesta, desde o começo do texto, nas perguntas dolorosas que ele coloca para ao evolucionistas:

"A Evolução é científica?

"A seleção Natural (e até mesmo a Evolução) é uma tautologia?

"As idéias darwinianas são realmente úteis do ponto de vista cientifico - prático? "

Essas perguntas são muito significativas, e é evidente que a resposta a elas, segundo o autor, é sempre um rotundo desmentido do Evolucionismo. A Evolução não é científica! A Seleção Natutal é uma tautologia!

O autor pergunta ainda: A Evolução é falseável?

Evidentemente, o que o autor quis perguntar é se a Evolução é falseável no sentido dado por Karl Popper a esse adjetivo. Por "teoria falseável", segundo Popper, entende-se uma teoria que pode ser testada por um experimento real. Se uma teoria não for falseável, ou seja, se ela não pode ao menos ser colocada à prova, então ela não pode ser considerada uma teoria científica.

Outra pergunta que o autor poderia ter feito, é se alguém já tentou comprovar a teoria da evolução por meio de falsificações, por meio de "provas" fraudulentas.

Esse seria um capítulo bem interessante a analisar. Porque nunca houve, na História da Ciência, uma teoria que tenha apresentado mais escândalos de fraude do que a teoria da Evolução. Houve de tudo, desde forjar alguns fósseis até fazer desaparecer outros.

É claro que o autor conhece o que foi dito sobre as fraudes de fósseis, como é claro que ele conhece os grandes argumentos demonstrando, filosoficamente, que a evolução é impossível.

Ele ousa dizer mais: a Evolução é mais do que um paradigma. Ela se tornou um dogma da Ciência moderna.

Um Paradogma.

Um paradogma que ninguém, nas Faculdades de Biologia, ousa contestar, de medo de ser isolado. De medo de ser taxado de criacionista.

É o que se chama, hoje, liberdade de pensamento e liberdade de expressão.

Pois ái de quem ouse discordar do paradogama darwiniano!

Mas o autor se atreve a escrever:

"E é aí que reside uma imensa questão: seria a Evolução tão bem estabelecida como teoria (leia-se: foi testada um enorme número de vezes e não foi falseada) para tornar-se paradigmática?"

O autor toca num ponto álgido: a Evolução nunca foi testada. Ele diria melhor ainda se lembrasse que houve várias tentativas de comprová-la por meio de falsificações, como a do Homem de Piltdown, por exemplo, que Jay Gold provou ser de responsabilidade do Padre Teilhard de Chardin (Cfr Jay Gold, A galinha e seus dentes).

Essas falsificações, se não são provas contra o evolucionismo, demonstram a má fé de alguns cientistas evolucionistas e sua vontade de provar a qualquer preço a teoria da evolução.

O que torna a própria teoria bem suspeita...

O autor do texto em foco ousa até mesmo criticar o último baluarte evolucionista: o da Genética das Populações, mostrando que, no fundo, ele nada prova, tendo em vista que seus argumentos são de ordem matemática e tautológicos.

Entretanto, o autor não se afirma criacionista. Longe disso. Ele quer salvar a teoria evolucionista despojando-a de todos os seus falsos argumentos, de todas as suas falsidades, para salvar o que for possível do naufrágio evolucionista atual, a fim de elaborar uma nova teoria realmente científica da Evolução.

O que o autor propõe é o que Penrose declarou que era preciso fazer com a Física, ao perceber que Hawking "forçava a barra", para comprovar suas teorias:

"Toda a Física deveria ser reformulada".

Paralelamente, Schrago propõe: "Toda a Biologia Evolutiva deveria ser reformulada"

Ele afirma que sua proposta só aparentemente é criacionista. Sua proposta seria, de fato, científica, porque, segundo ele, a Ciência sempre procura derrubar os ídolos que ela mesma cria, caminhando assim para um aperfeiçoamento cada vez maior, e jamais atingindo um limite.

Dever da Ciência atual, então, seria derrubar Darwin e seus sequazes, para alcançar um patamar mais elevado numa nova teoria da evolução, realmente mais científica e capaz de responder às objeções filosóficas que os evolucionistas, prudentemente, não têm respondido, mas têm abafado com o auxílio da Mídia.

Schrago quer um teoria Evolutiva sem fraudes e sem sofismas.

Ele quer o impossível.

Ele não compreendeu que não se trata de provar cientificamente nada.

Trata-se de uma guerra contra Deus.

Como disse Lewontin, não importam as contradições, as mentiras e fraudes da teoria evolucionista. A Ciência Moderna fechou um pacto de aliança com o materialismo. Não se pode deixar Deus entrar na História.

Entretanto, Ele entra continuamente nas mentes e nos corações!


    Para citar este texto:
"Decepções e confissões de um evolucionista"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/ciencia/decepcoesxxx/
Online, 19/04/2024 às 20:11:00h