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Uma semana antes do conclave, cresce a polarização
Jaime Gurpegui

Exatamente uma semana antes do início do conclave, e com mais uma série de congregações gerais concluídas, pode-se dizer sem hesitação que hoje o tom se modificou (N.T. todas as ênfases expressas pelo negrito são do original).

Até agora, o que se respirava por aqui era uma paz tensa. Uma trégua de silêncios e sorrisos discretos, em que os cardeais mais alinhados com o pontificado que se encerrou – visivelmente constrangidos – mantinham-se reservados, tentando não chamar a atenção para si mesmos. Mas esse equilíbrio artificial explodiu. A polarização já é aberta, e o que até poucos dias atrás eram conversas discretas agora se traduziram em alinhamentos tangíveis.

Surgiram dois blocos. Não oficiais, é claro, mas claramente perceptíveis. Duas modos de ver a Igreja, de conceber o papado, de imaginar o futuro. Uma que busca a continuidade com o pontificado anterior, com tudo o que isso implica; outra que exige uma mudança radical em questões doutrinárias, disciplinares e pastorais. Não se trata simplesmente de duas sensibilidades: são dois projetos eclesiais em conflito.

O dia de hoje serviu, ademais, para medir forças e explorar as margens limitantes. E o que ficou claro é que nenhum dos dois blocos tem massa crítica suficiente para vetar o outro. Nem os reformistas podem impor facilmente seu candidato, nem o lado da restauração tem os votos para fechar o caminho. A terceira força, a grande massa de cardeais indiferentes às questões doutrinárias e teológicas, mantém o equilíbrio em um limbo de oportunismo, desinteresse ou puro cálculo geopolítico.

 

Está tudo em aberto. Completamente. De Sarah a Hollerich.

Nomes que pareciam improváveis há uma semana agora estão sendo comentados com naturalidade em mesas de jantar e em passeios pelos jardins do Vaticano. Há aqueles que estão apostando em uma solução de compromisso. Outros acreditam que somente uma figura forte será capaz de desenredar a situação. E, como sempre, há aqueles que continuam esperando que algum cardeal “oportunista” acabe se tornando Pedro.

Resta uma semana. E tudo pode acontecer.


    Para citar este texto:
"Uma semana antes do conclave, cresce a polarização"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/imprensa/ultimas/semanaconclave/
Online, 04/05/2025 às 06:54:21h