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Congresso Paraíba 2023
Montfort

Desde a aceitação das ideias do Liberalismo, com a Revolução Francesa, difundiu-se a tendência de um Estado no qual cada vez mais as proibições não seriam necessárias e onde a vontade humana seria totalmente livre, sem imposições de qualquer natureza, especialmente as proibições morais.

Cada um poderia fazer o que bem quisesse sem qualquer limitação, bastaria para isso caminhar para uma sociedade totalmente igualitária, sem qualquer hierarquia.

Mas o que a tão sonhada liberdade da Revolução Francesa trouxe foram a guilhotina, o Terror e os massacres.

Nunca houve tanta tirania no mundo quanto depois da Revolução Francesa e as consequências dessas tiranias foram devastadoras: bastar lembrar o nazismo, o comunismo e as duas grandes Guerras Mundiais.

Aquilo que constatamos na História, Platão já tinha apresentado de forma lógica.

No livro A República, Platão demonstra que o povo, excitado pela febre de liberdade e acostumado a encontrar fraqueza em seus governantes, exige que eles despojem os ricos e distribuam-lhes os bens. Platão reconhece que o governo procura atender a esses reclamos do povo - "depois de reservar para si a parte do leão" - mas também não pode descontentar totalmente os ricos, de cujo sustento depende.

Ainda segundo Platão é nessa altura que ocorre uma situação - bem conhecida na atualidade: surge a figura do "protetor do povo". Um líder suficientemente inescrupuloso para conduzir a massa, fazendo-se passar por seu benfeitor. Platão assim o descreve: "... nos primeiros tempos ele anda cheio de sorrisos, saudando a todos que encontra e negando que seja um tirano; promete muitas coisas em público e em privado, perdoa dívidas, distribui terras entre o povo e os de sua comitiva".

Com medo de perder o poder que possui de forma ilegítima, o tirano está sempre pronto a ver inimigos tanto internos quanto externos. Isto é a justificativa para que ele possa agir de forma autoritária, abandonando o cumprimento das leis com a justificativa de ser necessário para que se mantenham as leis. Alega ele que um pouco de tirania é preciso para preservar as liberdades do povo. Com o tempo a dose de tirania necessária tem de ser aumentada, tudo para preservar a liberdade. São os “inimigos” que o obrigam a cobrar impostos onerosos, impor controle de preços e chegar à expropriação de propriedades. Dessa forma qualquer descontentamento interno pode ser apontado como uma traição ao Estado.

Por fim, o tirano se vê obcecado em perseguir seus inimigos e "segue por esse caminho até não deixar com vida uma só pessoa de valor, quer entre amigos, quer entre inimigos".

Certamente essa descrição de Platão faz lembrar a Nicarágua, Cuba e Venezuela. Mas também pode-se incluir a França, onde o Imposto sobre a Renda de Pessoas Físicas pode chegar até metade do salário e é proibido rezar o terço em frente a uma clínica de aborto, ou na Inglaterra, onde uma pessoa foi presa por estar de olhos fechados em um atitude que parecia ser de oração em frente a uma clínica de aborto. Também podemos pensar em algum lugar bem mais próximo a nós...

            Será que isto tem alguma relação com o Brasil de nossos dias?

Recentemente em um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, cujo título é “Autoritarismo Necessário”, Atila Lamarino, autor esquerdista e liberal escreveu:

“No livro The Misinformation Age, os filósofos da ciência Cailin O’Connor e James Weatherall detalham estudos sobre a dinâmica de informação falsa e demonstram como fake news e desinformação não vão embora sem a escolha consciente de barrar algumas ideias do debate público.”

Para o autor que defende o liberalismo, que inclui a liberdade total de expressão, é necessário um autoritarismo para conseguir a liberdade.

Trata-se de uma versão, sem a genialidade, mas atualizada, da descrição de Platão sobre as consequências do liberalismo na sociedade.

Então não haveria outro caminho para o Estado senão a liberdade que conduz à tirania?

 No IV Congresso Montfort da Paraíba, cujo tema é O Colapso da Democracia Liberal a ser realizado na cidade de João Pessoa no dia 21 de janeiro, será lembrada a solução católica para esse falso dilema. Pois o Estado é uma criatura de Deus e enquanto tal é bom e necessário. Mas, assim como o vício destrói e tiraniza o corpo humano, de forma semelhante, uma vez adotados os princípios liberais, a tendência do Estado é a autodestruição e a implantação da tirania.

Informações sobre as palestras, como fazer a inscrição e participar do Congresso encontram-se no cartaz do mesmo.


    Para citar este texto:
"Congresso Paraíba 2023"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/destaques/principais/congresso-paraiba-2023/
Online, 29/03/2024 às 00:43:00h