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Defensor do Concílio Vaticano II cita a própria condenação
PERGUNTA
Nome:
Gabriel
Enviada em:
30/03/2025

 

Tenho uma dúvida, se o Papa Pio VI condenou como herética a doutrina do obscurecimento da verdade, porque vocês negam a validade do ensinamento conciliar? 

Abaixo a primeira proposição condenada ela Auctorem Fidei

  1. A proposição que afirma: “Nestes últimos séculos se difundiu um ofuscamento geral sobre as verdades de maior importância que dizem respeito à religião e que são a base da fé e da doutrina moral de Jesus Cristo”: 

herética.  

E quanto ao Missal de São Paulo VI, temos a defesa do Concílio dogmático de Trento, na Sessão XXII, sobre o Santo Sacrifício da Missa:

 Cân. 7. Se alguém disser que as cerimônias, as vestimentas e os sinais externos de que a Igreja Católica usa na celebração da Missa são mais incentivos de impiedade do que sinais de piedade — seja excomungado

RESPOSTA
 

Muito prezado Gabriel Paz, salve Maria!

 

O Concílio do Vaticano II, exaltando o que outrora sempre foi condenado pela Santa Igreja de Cristo é que ofusca a Verdade Católica, pois a Verdade Católica é imutável, ela não pode exaltar o que antes condenava, isso é uma contradição incompatível com a Igreja de Cristo.

 Veja, abaixo, se as afirmações do Concílio Vaticano II não ensinaram algo contraditório ao que sempre ensinou a Igreja de Cristo (sobre o ecumenismo):

 

O IV Concílio de Latrão (1215), Concílio infalível, decretou em seu Canon I:

 

"...Há apenas uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém é salvo...".  E no Canon III: "Nós excomungamos e anatematizamos toda heresia erguida contra a santa, ortodoxa e Católica fé sobre a qual nós, acima, explanamos...".  (Denzinger, 430).

 

O Papa Bonifácio VIII (1294-1303) proclamou e ensinou:

 

 "Por imposição da fé, estamos obrigados a crer e manter que há uma só e Santa Igreja Católica e a mesma apostólica e nós firmemente cremos e simplemente a confessamos e fora dela não há salvação nem perdão dos pecados. (...) Submeter-se ao Romano Pontífice, o declaramos, o decidimos, definimos e pronunciamos como de toda necessidade de salvação para toda criatura humana" (Denzinger, 468-469)

 

   E o Concílio de Florença (1438-1445):

 

"Firmemente crê, professa e prega que ninguém que não esteja dentro da Igreja Católica, não somente os pagãos, mas também, judeus, os hereges e os cismáticos, não poderão participar da vida eterna e irão para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes de sua morte se uniam a Ela (...)". (Denzinger, 714)

 

 

Decreto sobre o ecumenismo Unitatis Redintegratio (Documento do Concílio Vaticano II) faz esta inacreditável afirmação:

 

"Essas igrejas e comunidades separadas se bem que creiamos sejam vitimas de deficiências, não são absolutamente desprovidas de significado e de valor no mistério da salvação. O Espírito de Cristo, na verdade, não se recusa o servir-se delas como meios de salvação cuja força deriva da plenitude de graça e de verdade que foi confiada à Igreja Católica"

 

Sobre a questão da Missa, você sabe sobre qual Missa fala o canon do Concílio de Trento citado por você? Sobre a mesma Missa do documento Quo Primum Tempore de São Pio V, que diz: "E a fim de que todos, e em todos os lugares, adotem e observem as tradições da Santa Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, decretamos e ordenamos que a Missa, no futuro e para sempre, não seja cantada nem rezada de modo diferente do que esta, conforme o Missal publicado por Nós, em todas as Igrejas", que Missa é essa, caro Gabriel, de que fala São Pio V? Pasme, é exatamente a Missa Tridentina, por isso mesmo ela é denominada "Tridentina" por ser o grande fruto desse Concílio Dogmático.

 

E o que fez o Concílio do Vaticano II? Foi absolutamente infiel aos decretos de Trento, e não é apenas a Montfort que diz isso, mas um Cardeal da Igreja, que na época era chefe do Santo Ofício:

"a Novus Ordo Missae – considerando-se os novos elementos amplamente suscetíveis a muitas interpretações diferentes que estão nela implícitos ou são tomados como certos -- representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão 22 do Concílio de Trento" (Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci, Roma, 25 de setembro de 1969).

 

E é esse mesmo cardeal que ensina que a Missa de Paulo VI prejudica a fé dos católicos:

 

"As inovações na Novus Ordo e o fato de que tudo o que possui um valor perene encontra ali apenas um lugar secundário – se é que continua a existir – poderiam muito bem transformar em certeza as suspeitas, infelizmente já dominantes em muitos círculos, de que as verdades que sempre foram objeto de crença pelos cristãos podem ser alteradas ou ignoradas sem infidelidade ao sagrado depósito da doutrina ao qual a fé católica está para sempre ligada. As reformas recentes demonstraram amplamente que novas alterações na liturgia não podem ser efetuadas sem levar à completa confusão por parte dos fiéis, os quais já demonstram sinais de relutância e um indubitável afrouxamento da fé. Entre os melhores clérigos, o resultado é uma agonizante crise de consciência, da qual um sem número de exemplos chega a nós diariamente" (Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci, Roma, 25 de setembro de 1969).

 

Portanto, caro Gabriel, você mesmo traz a baile a condenação do próprio concílio do Vaticano II e da Missa de Paulo VI, e ainda assim não percebe a sua contradição.

 

Obrigado Gabriel, pela sua confissão, que Deus te ajude sempre, e faça você perceber os erros heterodoxos do Concílio do Vaticano II e do seu fruto malfadado: a Missa de Paulo VI, conte, desde já, com nossas orações.

 

In báculo cruce et in virga virgine,

Fraancis Mauro Rocha.