Política e Sociedade

Planejamento familiar contra a pobreza
PERGUNTA
Nome:
Othon S. Campos
Enviada em:
18/01/2006
Local:
Fortaleza - CE, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior em andamento
Profissão:
Estudante

Cara Lúcia Zucchi,

Acompanhei as cartas que você respondeu sobre o planejamento familiar, e gostaria de fazer uma pergunta.

Você respondeu que a população mundiaral entrará num número estável em 2050. Na Europa, o crescimento vegetativo é praticamente zero.

Até pareceria loucura tentar diminuir o número de nascidos no mundo, tendo em vista a queda da natalidade. No entanto, aqui no Brasil, os que defendem a redução da população jogam seus olhos aqui para o Nordeste, com os mesmos argumentos, naquelas populações que vivem miseravelmente.

Escutei de um professor de geografia que não é a miséria que gera população, mas o contrário. Daí, instalar um programa de planejamento familiar.

Seria correto, então, aplicar esse tal "planejamento"?

Não seria um problema de caráter moral, ao invés de ser puramente materialista?

Othon
RESPOSTA

Prezado Othon,
Salve Maria!
 
O argumento de que a alta natalidade é causa de pobreza carece de fundamento. Na verdade, a introdução da mentalidade moderna, que tem acompanhado o desenvolvimento econômico - através do aumento da influência da mídia, das idéias difundidas pela escola - e o abandono da religião, é que tem produzido a queda da natalidade.
 
A França era, antes da Revolução Francesa, o mais rico país da Europa e o de maior população. A limitação de filhos começou lá antes de qualquer outro país do mundo, como conseqüência da filosofia racionalista - que pretendia planejar tudo na sociedade - e do desejo de gozar a vida, ainda em meados do século XVIII. Isto generalizou-se no século XIX, -- exceto nas áreas católicas --, continuou com alguns sobressaltos no século XX, até chegar à uma taxa de nascimentos que não repõe a de mortes... A França se tornou o país que é hoje, não tão pobre - ainda - de bens mas repleto de problemas sociais causados, sem a menor dúvida, pela queda populacional, tais como a imigração excessiva e não assimilada, a estagnação econômica e conseqüente desemprego, e os altíssimos custos da previdência. Resumindo, temos que a França - que já era muito rica - não se tornou mais rica desde que começou a controlar a natalidade, mas mais pobre!
 
No Brasil, a limitação de filhos começou em grande escala, praticamente, na década de 60. Primeiro nos lugares mais ricos, como São Paulo e Rio de Janeiro, espalhando-se em seguida para as regiões cada vez mais pobres. Levada pela miséria? Evidentemente não, mas sim pela televisão! Certa vez li o estudo de um médico que afirmava que a queda da natalidade no Brasil tinha levado vinte anos para atingir o mesmo índice que custara um século na Europa. Graças, segundo ele, exclusivamente à influência da classe médica e da televisão. A pobreza não era mencionada por esse estudo nem como causa nem como conseqüência!
 
Aliás, se pensarmos no Brasil do século XIX, vamos encontrar altas taxas de natalidade em todas as regiões, tanto nas que já eram ricas quanto nas que eram pobres. A pobreza causava a natalidade ou a natalidade causava a pobreza? Ou outros fatores, que subsistem até hoje, causavam e continuam causando a pobreza, mesmo quando a natalidade já caiu muito, em relação ao século XIX - como no Nordeste?
 
A taxa de natalidade dos Estados Unidos é mais alta do que a da Europa, no entanto eles ainda não estão empobrecendo, longe disso!
 
Estas são respostas ao argumento materialista. Quanto à questão moral, a limitação da natalidade traz problemas muito mais sérios...
 
Temos um grupo que estuda esses assuntos aqui na Montfort, planejamos publicar outros artigos em breve. Volte a nos escrever, suas dúvidas e comentários nos ajudam muito.
 
In Corde Jesu,
 
Lucia