Polêmicas

Relógio Rolex ou Revolução?
PERGUNTA
Nome:
Valéria
Enviada em:
06/09/2005
Local:
Recife - PE,
Religião:
Católica
Idade:
33 anos
Escolaridade:
Superior concluído
Profissão:
Professora

Olá, Marcelo
Nao esperava uma resposta tão rapida já que eu recebera um email do site informando-me de que 1074 cartas estavam à espera de respostas. Eita! Fui privilegiada, não fui? Que pena que você não pode me mandar pra fogueira , não é? E nem pense que Deus o fará a não ser que ele seja tão cruel quanto você. E minha fé duvida muito disso.
Bom, em primeiro lugar, vamos falar do rolex, afinal, em sua resposta você se referiu a tal relógio umas 13 vezes. Será que errei nos números de novo?? (rrss). Pois é, você, sendo tao inteligente, nao entendeu absolutamente nada do que eu disse. Meu amigo, eu nao preciso de rolex. O que eu quis dizer foi que diante de uma situação como a que Che estava vivendo(traído, sozinho, doente) eu teria vendido o rolex, comprado passagens de volta pra Argentina e nesse caso, desistido da revolução. Mas nao dos ideais. Nao de uma nova luta .
Você disse que sou uma pessoa contraditória. Percebi contradiçoes em você. Primeiro, não entendi a associaçÃo que você fez entre ter um rolex e ser uma boa professora.CUIDADO com suas concepçoes capitalistas.
Segunda contradição: um dos pecados capitais é a ira, não é? Percebi muita ira na tua resposta. Nao tenha odio, irmão. Nem de mim, nem de Che. Afinal, o bom católico perdoa, nao é? Ou será que não??
Outra contradição: você disse que não sei "ler nem escrever e nem pensar". Poxa, e respondeu minha carta tão rapida e longamente!! Que isso, CAMARADA! Perdendo suas rezas para responder aos atéus??
Outra contradição: "coitadinho. Sofria de asma". Ironizando a doença das pessoas, católico Marcelo??
Bom, que alivio sua carta me trouxe. Que alivio saber que homens como você nao são Caramaradas.
Nao reze por mim, jamais. Pois o Deus verdadeiro nao perde tempo com asneiras.
Tenha uma boa vida. E reze, sim, pra encontrar a luz, não na igreja, mas em você mesmo. Talvez você encontre alguma coisa ainda.
Um desafio: se vc publicar a tua resposata "rolex ou revolução" no site, publique tb esta minha resposta. Caso contrário, você nao passa de um COVARDE!
RESPOSTA
Prezada Professora Valéria,
salve Maria!
 
    Respondi rapidamente à senhora, porque as cartas de adversários têm preferência em meu computador.
    Não aceito a igualdade. Prefiro privilegiar alguns: os que são contra.
    Gosto de duelar.
    Ça ...m´amuse!
    As cartas de inimigos doutrinários são muito mais divertidas.
    A sua me divertiu muito.
    Depois, a senhora é minha colega. A senhora é professora como eu.
    Privilégio de classe.
    A senhora se engana completamente pensando que eu a queimaria numa fogueira. Nem que eu fosse inquisidor na Idade Média, e a senhora me caísse nas mãos com essas "idéias", essa pena seria justa para a senhora.
    A senhora deve se lembrar -- vagamente -- que Nosso Senhor disse de certas pessoas: "Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem".
    Felizmente, a senhora, professora, é herege só materialmente, por repetição. Por papagaice, repetindo slogans sem saber bem o que diz.
    E creia-me, professora, não sou cruel. Escrevendo duramente à senhora, como a uma adversária, estou rezando para que nos tornemos amigos.
    Não acredita?
    Pois é verdade.
    Anseio por sua alma!
    Sei bem que a senhora não precisa de rolex. A senhora precisa é de uma boa humilhação, para deixar de lado sua presunção, que a faz julgar-se muito competente. (Veja bem; não nego a sua inteligência, mas só a sua competência).
    Minha senhora, ensinaram-lhe tudo errado. Só isso.
    Deram-lhe um falso ideal. E a senhora engoliu isca e anzol.
    Daí, seu engasgamento com o rolex.
    E a senhora ainda repete que largaria tudo na situação do Chê, vendendo o rolex. Nisso a senhora se revela muito mais negociante do que ele. E isso diminui o valor da senhora.
    Pois eu quereria, um dia, morrer por Deus e pela Igreja. Peço a  Deus que me conceda essa graça, que não mereço, por minhas culpas. Mas...
 
                     "Je voudrais mourir, un jour, sous un ciel de feu
                     en disant un bon mot pour l´honneur de Dieu".
 
    Quero ter uma boa morte, e não uma boa vida.
    Não lhe disse, professora, que a senhora pensa mal?
    Pensou mal, pensando que desejo boa vida em vez de boa morte.
    Veja, de novo, como a senhora pensa mal.
    A senhora me diz:
    "Percebi contradiçoes em você. Primeiro, não entendi a associaçÃo que você fez entre ter um rolex e ser uma boa professora".
    Se a senhora não entendeu o que eu disse, como diz então que eu me contradisse?
    E sua besteira me serve de "muse". Pois já lhe disse que duelar m´amuse".
    Vou acabar por lhe fazer uma balada...
    Quer mais uma prova de que a senhora não sabe pensar bem?
    Sou paciente e ...ça  m´amuse!
     A senhora me diz:
    "Percebi muita ira na tua resposta. Nao tenha odio, irmão".
    Minha cara professora, a senhora não sabe a diferença entre ira e ódio.
    E não tive ira nenhuma, e nem ódio da senhora, por sua carta. Já lhe disse: diverti-me com ela. Como me alegro agora com esta sua segunda carta.
    Repare, professora, me alegro. E não me divirto, apenas.
    Alegrei-me, sim, porque a senhora disse uma boa palavra: que não renunciaria à luta.
    Melhorou.
    E por isso, lhe dou minha admiração, por enquanto relativa, entenda, mas já uma certa admiração. Que eu quisera que fosse plena.
    Dizia certa canção de gesta medieval -- que tinha muitos erros, é verdade -- mas que colocava uma boa palavra na boca de um cavaleiro cristão ao ver um maometano combater bem:
    "Quel baron s´il fut chrétien!"
    Vendo-a dizer que não renunciaria à luta, tive vontade de exclamar eu também: Meu Deus, alma um tanto valente! Quão bom seria se ela fosse católica, para ser plena e retamente valente!
    A senhora me chamou de "irmão"...
    Nós não o somos, não.
    Pense bem; para sermos irmãos deveríamos ter o mesmo Pai, e a senhora renegou a Deus Pai ao renegar a Fé, ao aceitar o marxismo, ao dizer que a Igreja católica é só a minha Igreja. Não a sua.
    Como quisera eu, então, que ela fosse, de novo e verdadeiramente, a sua Igreja também!  Então, sim, eu a chamaria de minha irmã, pois teríamos o mesmo Deus como nosso Pai, e a mesma Igreja como nossa Mãe!
    Um bom católico perdoa, sim, quando o ofensor pede perdão. Essa é condição prévia. Se não, não.
    Enquanto a senhora não pedir a Deus perdão pelas coisas péssimas que escreve, e que julga pensar, não posso perdoá-la, não, embora eu queira fazê-lo, se houver arrependimento.
    Caso contrário, NÃO. 
    E esse NÂO maiúsculo é sem raiva. Indicando só firme condição, e firme convicção.   
   
    Mais outra prova de que a senhora não sabe pensar, porque não compreende o que significam as palavras.
    A senhora me diz:
    "Outra contradição: você disse que não sei "ler nem escrever e nem pensar". Poxa, e respondeu minha carta tão rapida e longamente!! Que isso, CAMARADA! Perdendo suas rezas para responder aos atéus??(SIC!)" .
    Não sou seu camarada, graças a Deus, e graças a Deus a senhora o reconhece.
    Então, porque me chama de CAMARADA???
   
    Responder cartas, como faço, é rezar também. Mas, por enquanto não lhe explicarei isso, porque a senhora não entenderia... Mas saiba, pelo menos, que duelando com adversários, ou atendendo os que me pedem explicações, o faço por amor a Deus, e todo esse trabalho é uma forma de batalha, e também uma forma de oração. A explicação é mais profunda, mas, infelizmente, ainda não está seu alcance...
    Brutal e satanicamente a senhora me impõe:
    "Nao reze por mim, jamais. Pois o Deus verdadeiro nao perde tempo com asneiras".
   
    Pois não vou atendê-la.
    Vou rezar pela senhora.
    Nosso Senhor morreu também pela senhora, embora a senhora possa achar que rezar pela senhora seja uma asneira...
  
    E é evidente que publicarei sua carta no site, por duas razões:
    1a Pois ela prova como os comunistas -- como a senhora, professora-- normalmente, não sabem pensar.
    2a Pois ela vai motivar muitas pessoas a rezarem pela senhora.
    
    Por isso, fico aguardando uma sua futura carta anunciando-me sua conversão.
    Se Deus quiser, ela virá um dia.
    Um dia...
    Um dia, se Deus quiser, vamos rezar juntos, e então poderei chamá-la de minha irmã.
    Um dia!
 
In Corde Jesu,
semper Orlando Fedeli