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Riqueza da Igreja
PERGUNTA
Nome:
Dede
Enviada em:
13/03/2011
Local:
Campo Grande - MG, Brasil
Religião:
Espírita


Olá

Gostaria de fazer uma pergunta ao senhor

Por que as Igrejas,o Vaticano,etc...São lugares tão ricos e exuberantes cheios de detalhes em ouros e peças raras sendo que há tanta gente no mundo que precisa de ajuda não seria mais util pegar todo esse ouro e usar para ajudar aos pobres???afinal Jesus era pobre vivia na miseria e nem ele e nem nenhum de seus apostolos precisavam de Igrejas com detalhes de ouros,batinas,roupas especiais,para poderem espalhar a palavra de Deus???

Aguardo a resposta e desde já muito obrigado
RESPOSTA

Muito prezado Philippe, salve Maria!
 
     Sua pergunta é sobre a riqueza na Igreja. Muitos querem hoje se escandalizar com ela, como se a Igreja não pudesse ou não devesse ter riquezas. Em parte, esse questionamento vem da visão comunista igualitária atual que pretende condenar toda a riqueza e toda a autoridade.
 
     A riqueza é boa e, como todos os bens, deve ser corretamente usada. O mau uso de um bem é que deve ser condenado e não o bem em si, pois o abuso não tolhe o uso. Assim, se uma pessoa resolve utilizar seu automóvel para atropelar e matar outros, nem por isso o carro deixará de ser bom. O abuso dela não deve ser usado como pretexto para se tolher o uso do bem (no caso o automóvel).
     Da mesma forma é com a riqueza que, sendo bem usada, torna-se um excelente instrumento da Providência para socorrer os mais pobres, promover a caridade e amparar os necessitados.
     É o que a Igreja fez desde sua fundação por Nosso Senhor Jesus Cristo. De fato, contam os Atos dos Apóstolos que os cristãos depositavam aos pés dos apóstolos seus bens para que pudessem ser usados pela Igreja. Esses recursos eram usados para socorrer os mais necessitados. Evidentemente tal prática não seria possível hoje com a expansão que a Igreja Católica, graças a Deus, teve. Mas isso não exime os cristãos de fazerem caridade, de usarem seus bens para ajudar os que precisam.
     Como obras de caridade que a Igreja – sempre gratuitamente – fez, podemos citar os orfanatos, as escolas, os asilos e os hospitais. Todas essas sendo novidades criadas pela Igreja e usadas sempre para socorrer os pobres. Tal fato marcou tanto os pagãos que Juliano Apóstata, no desejo de acabar com a religião verdadeira e fazer reviver o derrotado paganismo, criou instituições para imitar essas práticas cristãs. Evidentemente não deu certo. Não existe verdadeira caridade sem a verdade fé. Em outras palavras, não pode a ONU querer com a filantropia substituir a Igreja na caridade.
 
     E como poderia a Igreja Católica fazer tudo isso sem dinheiro? Por essa razão que durante os séculos inúmeras pessoas (muitas delas haviam sido pessoalmente ajudadas pela Igreja em suas vidas) doaram bens para as congregações, institutos e comunidades religiosas. Veja que Cristo elogiou a viúva que, mesmo sendo pobre, fez sua doação ao Templo (Lc 21, 1-4).     
     E a Igreja usou bem o dinheiro.
     Havia universidades (outra invenção católica), escolas, hospícios, etc. para todos os necessitados. E as freiras, religiosos e padres cuidavam com suas próprias mãos dessas pessoas. Como faziam por amor a Deus o faziam com bom vontade, com paciência e caridade. Bem diferente de nossos dias de saúde pública inexistente e saúde privada cara e capitalista. Bem diferente de quando não se agia por dinheiro. Bem diferente de quando o dinheiro era meio e não fim...
     
     Outro ponto em que se costuma atacar a Igreja é sobre a riqueza de seus templos. Como se Deus não merecesse o melhor. Ora, se Deus no Antigo Testamento quis que o Templo de Jerusalém fosse ricamente ornado e que, para conter o sangue de bois e de bodes fossem confeccionados vasos de ouro, muito maior deve ser a riqueza e o ornato dos templos católicos onde é sacrificado o Cordeiro Deus, o próprio Cristo, Filho de Deus feito homem. Muito mais ricos devem ser o cálice e o cibório que contém o Corpo e o Sangue de Cristo.
     Por essa razão que Cristo, ao celebrar a primeira Missa na Quinta-Feira Santa, indicou a São Pedro e São João que preparassem “uma grande sala toda ornada; preparai aí o que for preciso” (Lc 22, 12). Não indicou um local pobre e despojado.
     Foi Judas quem se queixou de que um caro perfume havia sido usado para honrar a Cristo alegando que tal perfume poderia ser vendido para com o dinheiro se ajudar os pobres:
 
Então Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar, disse: por que se não vendeu este bálsamo por trezentos dinheiros, e se não deu aos pobres?” (Jo 12, 4-6).
 
     Condenar a riqueza dos templos com o pretexto de se ajudar os pobres é um erro que já Cristo condenara:
 
Por que vós tendes sempre convosco os pobres e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bens; porém a mim não me tendes sempre” (Mc 14, 7)
 
     A riqueza da Igreja é portanto coisa excelente. Ela lhe permite socorrer aos necessidades, promover a fé e tornar o culto e os templos mais dignos.
 
In Corde Jesu, semper,
Andre Melo