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`A primavera já explodiu nas estrelas`
PERGUNTA
Nome:
Luiz
Enviada em:
01/12/2003
Local:
Rio Grande do Sul - RS,

Caro Sr. Orlando Fedeli. Já escrevi algumas vezes ao Sr.,sempre tendo em mente o quanto este site é uma benção para todos os católicos. De fato usar da inteligência, dom de Deus, da forma como o Sr. a usa, para esclarecer e ensinar, é uma prova de que o Sr. é um homem abençoado. Gosto extremamente da forma como o Sr. trata os assuntos, gosto das suas palavras de consolação, de suas palavras de reprovação, sem meias medidas, sem desejo de agradar a quem quer que seja, mas apenas movido pelo amor à doutrina da nossa Mãe, a Igreja Católica Apostólica Romana. Caro professor, hoje é o Primeiro Domingo do Advento; é também o dia em que se comemora o aniversário do Vaticano Segundo. Cheguei à pouco da Missa; não sabia que se comemorava também o documento Sacrosanctum Concilium e que o padre falaria muito obviamente neste fato. Não espero que o Sr. comente esta carta, pois ela é mais um desabafo meu do que alguma questão que precise ser responddida. O que me faz extremamente triste é ouvir de um frade carmelita, homem com mais de cinquenta anos, palavras de alegria por todas estas transformações pelas quais passou a Igreja neste quarenta anos, demonstrar tanto júbilo e esperança por algo que qualquer pessoa na época do Concílio sabia ser mau. Eu lembro bem, embora fosse criança, que os fiéis mais simples revelavam reprovação naquela época com as mudanças; lembro bem que todos diziam: "isto não vai dar certo", "ficou igual aos protestantes","isto não vai durar..." O fato é que não "deu certo", ficou igual aos protestantes...mas está durando muito, muito tempo. O pior de tudo é perceber a própria contradição do sacerdote e não entendo como ele mesmo não percebe isto. Tentarei mostrar: ele iniciou o sermão dando vivas ao Concílio lembrando aos mais velhos como era a Missa antigamente e apontando aos mais jovens -quatro ou cinco elementos quando muito- as vantagens de hoje; missa em latim, missa com o padre voltado para o altar, etc. Hoje, missa que todos entendem, missa participativa, uma liturgia mais "gostosa",etc. Mas conforme ele foi se estendendo no tema ele caiu numa enorme contradição. Ele lembrou que "antigamente" as pessoas na Igreja ficavam mais interiorizadas, oravam mais, pois havia silêncio, espaços para silêncios e que hoje não. Disse bem que "hoje ninguém consegue ficar cinco minutos em silêncio dentro da uma Igreja". Então eu julguei que ele iria conclamar a todos para ficarem sempre em silêncio e concentrados quando dentro da Igreja, mas não!! Ele disse o seguinte: já que hoje não há silêncio na Igreja, "devemos procurar este silêncio em nossas próprias casas"! "Devemos ter um espaço em casa onde orar em silêncio, tanto interno quanto externo"! Ou seja,digo eu, o frade, sacerdote, reconheceu que a Igreja, a Casa de Deus, onde se encontra o Corpo e Sangue de Nosso Salvador Jesus Cristo não é lugar de oração e de adoração! Que devemos ter um "espaço", talvez um "altar doméstico", onde possamos rezar um ou dois minutos de vez em quando! Eu vi isto como um absurdo tão grande que minha vontade foi ir embora no mesmo instante, mas não o fiz até o fim do Sacrifício, onde pedi eu perdão a Deus e implorei que ele não me castigue, que não castigue a todos nós por vivermos numa época em que se ouve estas impiedades. Talvez Deus esteja nos castigando com este clero, é o que muitas vezes penso. Eu fico triste ainda mais por que estas coisas foram ditas dentro de um Mosteiro Carmelita! Que espírito é esse que anima a nossa Igreja? O que virá disto tudo? Tenho visto outros absurdos, coisas que é difícil aceitar -que Deus me perdoe- como uma menina sambando a música "Ave Maria no Morro" dentro da Igreja Nossa Senhora de Fátima aqui mesmo em "homenagem" a Nossa Senhora da Conceição dois anos atrás. Sambando mesmo, ao som dos aplausos de todos e na presença do bispo! Como fica alguem que não aceita isto? Eu não tenho para onde ir..."Para quem iremos Senhor?" não foi o que isto que os apóstolos perguntaram a Cristo? Para onde iremos se a casa de Deus já não é a casa de Deus?

Obrigado, Luiz

RESPOSTA
Muito prezado Luiz, salve Maria!

Que bom ter recebido uma carta como a sua, que revela uma compreensão tão profunda da Missa e da crise atual da Igreja. Será uma honra para o site Montfort publicar uma carta como a sua, pois ela demonstra que, apesar do domínio praticamente total da heresia modernista, ainda a graça de Deus mantém viva a Fé em muitas almas.

Quantos, graças a Deus -- e mesmo em Roma -- vêem, hoje, o que você viu há quase quarenta anos: que a Missa Nova, copiada da ceia protestante, não ia dar certo, que não podia dar certo, e como, de fato, não deu certo.

Agora, graças a Deus, parece que uma nova aurora brilha no horizonte, com os decretos anunciados pela Santa Sé contra os abusos da Missa Nova.

E que esses decretos parecem ser um primeiro passo para o restabelecimento da Liturgia verdadeira e católica de São Pio V, é confirmado pelo ódio dos modernistas contra o Papa e a seus principais ajudantes, no Vaticano, entre os quais a primazia cabe, sem dúvida, ao Cardeal Ratzinger.

O sonho de Dom Bosco no qual ele via um Papa trazendo o navio da Igreja, de novo, para as colunas da Hóstia e de Nossa Senhora perece se realizar, pouco a pouco e misteriosamente.

Rezemos pela vitória. Ela não está longe no horizonte da Igreja. A luz do sol da verdade já transluz nos confins da noite. E os uivos de ódio dos chacais noturnos contra o sol que nasce confirmam a derrota da noite e anunciam um novo dia para a Igreja católica.

"A primavera já explodiu nas estrelas".

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.