Doutrina

A volta do perenialismo de Olavo de Carvalho
PERGUNTA
Nome:
Douglas

 

Prezados amigos da Montfort 

Salve Maria 

Há 3 dias a produtora de Brasil Paralelo publicou um vídeo/entrevista com o Filho de Olavo de Carvalho, Luiz Gonzaga de Carvalho Neto, para os íntimos dele "gugu", e o tema central da entrevista quase monólogo foi Perenealismo.

Dentre as várias afirmações promovidas pela entrevistado, se destacam aptidão a determinadas religiões conforme a sua herança histórica, a orientação para evitar julgar o todo do conjunto da religião que você seguir, não importa qual seja ela, pautado unicamente naquela fatia que você aderiu pois assim o indivíduo poderia involuntariamente estar contribuindo para o enfraquecimento da sua própria religião. 

Durante o vídeo foi falado a respeito das religiões abraâmicas. E de maneira alguma foi colocado o cristianismo como superior ou como a verdade sobre as demais religiões, me pareceu que o entrevistado apenas deu a devida atenção ao cristianismo por estar dando entrevista a um veículo de mídia brasileiro. Considero o vídeo um perigo principalmente contra a fé católica, pois o perenialismo aparece com muita força nessa entrevista na qual as pessoas podem ser aliciadas para uma única verdade absoluta que seria o perenealismo, constante em todas as religiões, portanto a verdade tem facetas distribuidas nas mais variadas crenças. Lembrei da aula do Professor Orlando Fideli, "O problema da verdade"... a Verdade é uma PESSOA.  Essa pessoa criou uma Igreja, e nela esta contida a verdade. (Procuro ao longo dessa carta resistir a vontade de refutar os ensinamentos, ha que a intenção é que sua equipe o faça uma vez que possuem a sapiência que eu, pobre de mim, estou tão distante de ter).

Após  o show de horrores do Perenealismo, citações de Shuom e Guenon, eles entraram no assunto Astrologia, ja que o filho o "Gugu" de Carvalho é  astrólogo. Realmente não consigo sequer repetir os pontos desse assunto, me é enfadonho e tedioso, assim como outros campos da maluquice humana, como Ufologia, numerologia e outros... concluíndo, a entrevista é perigosa pois o veículo de mídia citado, é um refúgio de muitos católicos que procuram fugir das mídias descaradamente esquerdistas. O próprio Olavo de Carvalho procurar abafar o Perenealismo nos seus últimos anos de vida, mas ao que parece, surge um movimento de estabelecerem um sucessor, seu filho, e esse seria uma perenealista "xiita".

 

RESPOSTA
 Prezado Douglas,

Salve Maria


Inicialmente gostaria de agradecer pelas informações que você nos fornece. Elas são muito úteis para abrir os olhos dos católicos sobre essa falsa doutrina e  libertá-los desses gurus modernos.

O filho do Olavo de Carvalho, mesmo antes do falecimento do seu pai, era conhecido como um “perenialista xiita” e por muitas teses absurdas. Em nossos congressos e apostolados em todo o Brasil, ouvimos muitos depoimentos de reuniões ministradas por Gugu para difusão das doutrinas islâmicas, por exemplo.

Não acredito muito que Gugu possa ter o mesmo sucesso de Olavo. Este teve seu prestígio originado do fato de se apresentar como católico e, muitas vezes, como um católico tradicional. Um verdadeiro absurdo, mas era como Olavo apresentava a si mesmo.

Como você mesmo afirmou, o Perenialismo coloca em pé de igualdade todas as religiões. Desde que exista uma sinceridade do crente em professar sua própria religião, sua salvação está garantida. E mais. Através de ritos exotéricos, o crente obtém a sua transformação na realidade divina já nesta vida.

Embora o Perenialismo não queira fazer um sincretismo, como é próprio de várias correntes ecumênicas, a simples ideia da igualdade entre as religiões com vistas à obtenção da salvação, já é totalmente contrária à doutrina católica. Vejamos:

Credo de Santo Atanásio (séc. IV): " Todo aquele queira se salvar, antes de tudo é preciso que mantenha a fé católica; e aquele que não a guardar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá para sempre (...) está é a fé católica e aquele que não crer fiel e firmemente, não poderá se salvar".

Papa Inocêncio III (1198-1216): "De coração cremos e com a boca confessamos uma só Igreja, que não de hereges, só a Santa, Romana, Católica e Apostólica, fora da qual cremos que ninguém se salva".

IV Concílio de Latrão (1215), Canon I: "...Há apenas uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém é salvo...". Canon III: "Nós excomungamos e anatematizamos toda heresia erguida contra a santa, ortodoxa e Católica fé sobre a qual nós, acima, explanamos...".

Papa Bonifácio VIII (1294-1303): "Por apego da fé, estamos obrigados a crer e manter que há uma só e Santa Igreja Católica e a mesma apostólica e nós firmemente cremos e simplesmente a confessamos e fora dela não há salvação nem perdão dos pecados (...) Romano Pontífice, o declaramos, o decidimos, definimos e pronunciamos como de toda necessidade de salvação para toda criatura humana.

Concílio de Florença (1438-1445): "Firmemente crê, professa e predica que ninguém que não esteja dentro da Igreja Católica, não somente os pagãos, mas também, judeus, os hereges e os cismáticos, não poderão participar da vida eterna e irão para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes de sua morte se unirem a Ela(...).

O Concílio de Trento (1545-1563) além de condenar e excomungar os protestantes, reiterou tudo o que os Concílios anteriores declararam, e ainda proferiu : "... nossa fé católica, sem a qual é impossível agradar a Deus..."

Papa Pio IV (1559-1565), um dos papas do Concílio de Trento: "... Esta verdadeira fé católica, fora da qual ninguém pode se salvar..." (Profissão de fé da Bula "Iniunctum nobis" de 1564)

Papa Benedito IV (1740-1758): "Esta fé da Igreja Católica, fora da qual ninguém pode se salvar...".

Papa Gregório XVI (1831-1846), Mirari Vos: "Outra causa que tem acarretado muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria espalhada por toda a parte, graças aos enganos dos ímpios e que ensina poder-se conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que se amolde à norma do reto e honesto. Podeis com facilidade, patentear à vossa grei esse erro tão execrável, dizendo o Apóstolo que há um só Deus, uma só fé e um só batismo (Ef. 4,5): entendam, portanto os que pensam poder-se ir de todas as partes ao Porto da Salvação que, segundo a sentença do Salvador, eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Luc. 11,23) e os que não colhem com Cristo dispersam miseravelmente, pelo que perecerão infalivelmente os que não tiverem a fé católica e não a guardarem íntegra e sem mancha (Simb. Sancti Athanasii). (...) Desta fonte lodosa do indiferentismo promana aquela sentença absurda e errônea, digo melhor disparate, que afirma e que defende a liberdade de consciência. Esse erro corrupto que abre alas, escudado na imoderada liberdade de opiniões que, para confusão das coisas sagradas e civis, se estende por toda parte, chegando a imprudência de alguém asseverar que dela resulta grande proveito para a causa da religião. Que morte pior há para a alma do que a liberdade do erro?, dizia Santo Agostinho (Ep. 166)".

Teses condenadas, pelo Papa Pio IX (1846-1878), no Syllabus:

15a "É livre a qualquer um abraçar o professar aquela religião que ele, guiado pela luz da razão, julgar verdadeira".

16"No culto de qualquer religião podem os homens achar o caminho da salvação e alcançar a mesma eterna salvação"..

17a "Pelo menos deve-se esperar bem da salvação eterna daqueles todos que não vivem na verdadeira Igreja de Cristo".

18a "O protestantismo não é senão outra forma da verdadeira religião cristã na qual se pode agradar a Deus do mesmo modo que na Igreja Católica".

21a "A Igreja não tem poder para definir dogmaticamente que a religião da Igreja Católica é a única religião verdadeira"

Pio IX: "(...) não temem fomentar a opinião desastrosa para a Igreja Católica e a salvação das almas, denominada por Nosso Predecessor, de feliz memória, de ‘loucura’ (Mirari Vos) de que a ‘liberdade de consciência e de cultos é direito próprio e inalienável do indivíduo que há de proclamar-se nas leis e estabelecer-se em todas as sociedades constituídas; (...) Portanto, todas e cada uma das opiniões e perversas doutrinas explicitamente especificadas neste documento, por Nossa autoridade apostólica, reprovamos, proscrevemos e condenamos; queremos e mandamos que os filhos da Igreja as tenham, todas, por reprovadas, proscritas e totalmente condenadas". (Quanta Cura)

Papa Leão XIII (1878-1903), encíclica Libertas Praestantissimum: "(...) oferecer ao homem liberdade (de culto) de que falamos, é dar-lhe o poder de desvirtuar ou abandonar impunemente o mais santo dos deveres, afastando-se do bem imutável, a fim de se voltar para o mal. Isto, já o dissemos, não é liberdade, é uma escravidão da alma na objeção do pecado."

Papa Pio XI (1922-1939), Mortalium Animus: " Os esforços [do falso ecumenismo] não tem nenhum direito à aprovação dos católicos porque eles se apoiam sobre esta opinião errônea que todas as religiões são mais louváveis naquilo que elas revelam, e traduzem todas igualmente, se bem que de uma maneira diferente, o sentimento natural e inato que nos leva para Deus e nos inclina ao respeito diante de seu poder(...) Os infelizes infestados por esses erros sustentam que a verdade dogmática não é absoluta, mas relativa, e deve pois, se adaptar às várias exigências dos tempos e lugares às diversas necessidades das almas".(...) "Os artesãos dessas empresas não cessam de citar ao infinito a Palavra de Cristo: ‘Que todos sejam um. Haverá um só rebanho e um só pastor’( Jo XVII,21; X,16), e eles repetem esses texto como um desejo e um voto de Cristo que ainda não teria sido realizado. Eles pensam que a unidade da fé e de governo, característica da verdadeira e única Igreja de Cristo, quase nunca existiu no passado e que não existe hoje... Eles afirmam que todas (as igrejas) gozam dos mesmos direitos; que a Igreja só foi Una e Única, no máximo da época apostólica até os primeiros Concílios Ecumênicos(...). Tal é a situação. É claro, portanto, que a Sé Apostólica não pode por nenhum preço tomar parte em seus congressos, e que não é permitido, por nenhum preço, aos católicos aderir a semelhantes empreendimentos ou contribuir para eles; se eles o fizerem dariam autoridade a uma falsa religião cristã completamente estranha à única Igreja de Cristo"

São Pio X (1903-1914) - "Catecismo da Doutrina Cristã"

156- Não poderia haver mais de uma Igreja?

Não pode haver mais de uma Igreja, porque, assim com há um só Deus, uma só fé e um só Batismo, assim também não há nem pode haver senão uma só Igreja verdadeira.

168- Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana?


Não. Fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana, ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja.

Não resta dúvida de que a ideia - infelizmente tão difundida nos meios católicos - de que a Igreja não é imprescindível para a salvação, mas apenas um elemento a mais para os católicos, é totalmente contrária aos ensinamentos da própria Igreja.

Agradecemos por sua carta

 

Salve Maria,

Alberto Luiz Zucchi