Doutrina

Resposta a dúvida sobre alma e espírito
PERGUNTA
Nome:
Gustavo
Enviada em:
27/11/2001

Olá, Meu nome é Gustavo, sou estudante de psicologia do Mackenzie, cristão, leio a Bíblia Sagrada e estou lhes escrevendo para perguntar sobre a resposta dada por Orlando Fedeli a questão da diferença entre alma e espírito.

Eu busco uma definição bem clara pois pretendo basear meus estudos nesta área espiritual.

Orlando descreve que a alma seria mais ligada a sensibilidade mais do que a inteligência e vontade.

Senti falta da citação da Bíblia em que isto é referido, por favor, citem-na.

Primeiramente, eu gostaria de saber se a sensibilidade de que ele fala é a mesma que a sensopercepção da patologia, pois se for, a inteligência e a vontade estão ligadas a ela e não podem existir separadamente. E claramente, se para se ter vontade é preciso sensoperceber algo, a vontade sempre ocorrerá em decorrência disto não necessariamente estando em outra instância. Até aqui, estou de acordo que não contradisse nada do que foi relatado, mas ainda assim é algo que deixa algumas lacunas, e aqui começa minha segunda pergunta que é "Por que separar a sensibilidade da vontade e inteligência?"
Minha resposta a isto seria algo no sentido de que o espírito precisa da alma para a sensibilidade, sendo que a alma para sentir precisa do corpo. Então a alma por si só não sente??

E por último, pode-se separar a alma do espírito e dizer: "A alma serve para isto e o espírito para aquilo?" se sim, que é o que acho que responderão, então como funciona o maravilhoso Espírito Santo?

Espero que possam me ajudar a esclarecer estas dúvidas.

Deus seja convosco!

Gustavo 27 de Novembro de 2001
RESPOSTA
Prezado Gustavo, salve Maria

Quereria esclarecer, antes de tudo, que você me compreendeu mal. Eu não disse que a alma é mais ligada à sensibilidade, do que à inteligência e vontade.

A alma humana possui três potências -- e não partes -- três capacidades: a de conhecer, ou inteligência, a de querer, ou vontade, e a de sentir, ou sensibilidade.

A alma então não é composta. Ela é simples. Por isso ela é imortal.

Também não separei alma de espírito, como se fossem duas coisas substancialmente distintas. A alma é espiritual. Não existe, no homem um espírito substancialmente distinto da alma.

O que eu disse, é que as potências superiores da alma -- a inteligência e a vontade -- são aquelas que nos fazem ser à imagem de Deus, porque Deus também tem Inteligência e Vontade, que, em Deus, são infinitas, e em nós finitas.

Afirmei ainda que a sensibilidade é a potência pela qual sentimos alegria, tristeza, raiva, amor, tédio, etc.

Toda a alma está ligada a nosso corpo, como a forma está ligada à matéria. Somos unos, embora compostos de alma e corpo.

Afirmei ainda que a sensibilidade é a potência de nossa alma mais ligada ao corpo. O que não significa que a inteligência e a vontade não estejam ligadas ao corpo. Toda nossa alma é ligada a nosso corpo, senão não teríamos unidade de ser.

Só conhecemos com nossa inteligência aquilo que passou, até ela, através dos cinco sentidos do corpo. E só podemos querer o que conhecemos.

Também só podemos sentir com a sensibilidade, porque temos corpo. Os anjos não tem corpo, e, por isso, o espírito angélico não tem sensibilidade.

A sensibilidade deve ser orientada pela inteligência e pela vontade, no sentido de que não devemos consentir em sentimentos que a inteligência mostra serem irracionais, sentimentos que contrariam a reta razão. Quando a vontade consente num sentimento que a razão mostra ser injusto, tal sentimento é pecaminoso. Por isso, Cristo nos disse que não basta não cometer adultério, pois quem olha consentidamente, com mau sentimento, para a mulher do próximo, já cometeu adultério em seu coração. Já cometeu adultério pela vontade, ou por consentir num sentimento errado.

A distinção entre espírito e alma é feita por São Paulo, quando afirma que a palavra de Deus penetra, como uma espada, entre o espírito e a alma, querendo dizer que a inteligência e a vontade -- potências que nos fazem ser a imagem de Deus, o qual é só espírito -- são menos influenciadas pelo corpo do que a sensibilidade. Mas note, que se São Paulo compara a palavra de Deus a uma espada penetrante, ele que dizer com isso que não há distinção substancial entre nosso espírito e nossas alma, que são uma coisa só. Ele apenas distingue a sensibilidade da inteligência e da vontade, por ser a sensibilidade mais ligada ao corpo do que as outras duas potências de nossa alma espiritual.

Esperando ter sido mais claro a fim de melhor ajudá-lo, subscrevemo-nos, atenciosamente,

in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli