História

Calúnias contra a Inquisição
PERGUNTA
Nome:
Marilia
Enviada em:
01/01/2004
Religião:
Católica
Idade:
24 anos

Caro professor, Salve Maria!

Venho por esta mensagem lhe agradecer a resposta a uma mensagem que havia mandado. Que Deus os abençõe . me foi de muita utilidade. Agora toda noite quando vou rezar, repito a jacultória que o senhor me recomendou : " Para que vos digneis, ó meu Deus, humilhar os inimigos da Santa Igreja, nós te rogamos , ó Senhor".

Tenho agora uma outra dúvida sobre um texto que li na net também, falando que a Inquisição matou 20 milhões de pessoas em 1.000 anos. Sei que sendo a inquisição um tribunal que julgava vários tipos de crime, 20 milhôes em 1.000 anos não é muita coisa, mas como já vi em outros lugares, inclusive aqui no site Montfort, que a Inquisição não matou muitas pessoas, fiquei em dúvida. Segue o texto:

"A Inquisição católica promoveu o extermínio de aproximadamente 20 milhões de pessoas ao longo de quase 1000 anos. Embora a Inquisição tenha alcançado seu apogeu no século XIII, suas origens remontam ao século IV. A Inquisição teve princípio na França, no século XIII, mas não pode manter-se nesse país.

Na Itália e, principalmente, na Espanha, onde tomou o nome de Santo Oficio, criou fortes raízes e tornou-se instituição poderosíssima. Não havia parte nenhuma no mundo onde os protestantes ou hereges estivessem livres para o exercício de sua fé. Partindo da Europa, muitos procuraram refúgio nas Américas do Sul e Central, o "Novo Mundo". Mas para cá também vieram os inquisidores. A inquisição em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, E nem o Brasil escapou. A Inquisição Católica se instalou no Brasil em três ocasiões: A partir de 1591, na Bahia e em Pernambuco.

Não há dúvidas que esse processo foi decisivo na atual distribuição de cristãos não católicos no mundo, pois tal fato, liderado pelo Papado, eliminou milhões de mártires cristãos não católicos retardando sua conseqüente multiplicação. E se um protestante não quisesse se converter ao catolicismo, era sumariamente eliminado.

A inquisição protestante exterminou milhares de vidas. Igualmente cruel, mas incomparavelmente menor em escala numérica.

Fonte : História das Inquisições (Ed. Companhia das Letras),de HÉLIO DANIEL CORDEIRO."


Obrigada,

Fiquem com Deus

RESPOSTA
Muito prezada Marília, salve Maria !

Agradeço-lhe suas boas palavras em prol do site Montfort, e me alegra muito que reze a jaculatória da ladainha de todos os santos:

"Que Vos digneis humilhar os inimigos da Santa Igreja, nós te rogamos , ó Senhor" = "Ut inimiccos Sanctae Ecclesiae humiliari digneris, Te rogamus audi nos !".

Agradeço-lhe também o texto que você me envia sobre a Inquisição. Esse texto é uma prova de quanta mentira se assaca contra a Igreja e contra a Inquisição.

O texto começa mentindo ao dizer que a Inquisição foi fundada no século IV.

Como instituição permanente e para toda a Igreja, a Inquisição foi estabelecida pelo Papa Gregório IX no ano de 1231. E a Inquisição não durou se não até o século XVI, quando foi substituída pelo Santo Ofício.

O texto que você me envia diz que a Inquisição, em mil anos, matou 20 milhões de pessoas.

Ora, se a Inquisição foi instituída em 1231, se tivesse durado 1.000 anos, ela estaria hoje em pleno funcionamento. Esse texto mentiroso já calculou as mortes que a Inquisição -- inexistente há séculos -- fará até o ano 2.231.

E sem a menor cerimônia, o autor dessas caluniosas baboseiras afirma, com a maior cara de pau do mundo, que a Inquisição matou 20 milhões de pessoas.

Isso é um absurdo que clama ao céu pela exploração da burrice universal. Na Idade Média, as cidades tinham uma população bem menor que a de hoje. Uma cidade de 300.000 habitantes era, então, uma megalópole.

Rino Camillieri, autor do livro La Vera Storia dell Inquisizione, ed. PIemme, Casale Monferrato, 2.001, afirma que em 50.000 processos inquisitoriais uma ínfima parte levaram à condenação à morte, e dessas só uma pequena minoria produziu efetivamente execuções. ( Cfr. op. cit , p. 17) Diz ainda esse autor que na principal cidade medieval --centro da heresia cátara-- , em um século, houve apenas 1% de sentenças à morte (Cfr. Op cit. p. 36). Um outro autor dá o número total de condenações à morte em Toulouse, durante 100 anos: 42 sentenças.

E isso no local mais povoado de hereges, na Idade Média.

Como esses números estão longe dos 20 milhões de mortos pela Inquisição do texto que você teve a bondade de me enviar.

É assim -- com essa frieza -- que se mente e calunia a Igreja.

Ainda há pouco foi noticiada a publicação de um livro feito por historiadores insuspeitos, cuja edição foi patrocinada pelo próprio Vaticano,e que trouxe esclarecimentos importantes sobre a Inquisição (Esse livro, ainda não chegou às nossas mãos, mas se tem noticiado alguns de seus dados).

Abaixo lhe passo cópia da notícia sobre esse livro, dada pela agência Zenit, agência que é bem tendente ao progressismo.


Sent: Sunday, June 20, 2004 1:17 PM
Subject: INQUISIÇÂO : Hoje é possível fazer uma história objetiva da Inquisição, afirma especialista

Hoje é possível fazer uma história objetiva da Inquisição, afirma especialista Declarações do redator do livro «Atas do Simpósio Internacional “A Inquisição”»

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 16 de junho de 2004 (ZENIT.org).- Atualmente, os pesquisadores têm os elementos necessários para fazer uma história da Inquisição sem cair em preconceitos negativos ou na apologética propagandista, afirma o coordenador do livro «Atas do Simpósio Internacional “A Inquisição”».

No volume, Agostino Borromeo, historiador, recolhe as palestras do congresso que reuniu ao final de outubro de 1998 no Vaticano historiadores universalmente reconhecidos especializados nestes tribunais eclesiásticos.

«Hoje em dia --afirmou essa terça-feira, em uma coletiva de imprensa de apresentação do livro, o professor da Universidade «La Sapienza» de Roma-- os historiadores já não utilizam o tema da Inquisição como instrumento para defender ou atacar a Igreja».

Diferentemente do que antes sucedia, acrescentou o presidente do Instituto Italiano de Estudos Ibéricos, «o debate se encaminhou para o ambiente histórico, com estatísticas sérias».

O especialista constatou que, à «lenda negra» criada contra a Inquisição em países protestantes, opôs uma apologética católica propagandista que, em nenhum dos casos, ajudava a conseguir uma visão objetiva.

Isto se deve, entre outras coisas --indicou--, ao «grande passo adiante» dado pela abertura dos arquivos secretos da Congregação para a Doutrina da Fé (antigo Santo Ofício), ordenada por João Paulo II em 1998, onde se encontra uma base documental amplíssima.

Borromeu ilustrou alguns dos dados possibilitados pelas «Atas do Simpósio Internacional “A Inquisição”».

A Inquisição na Espanha, afirmou, em referência ao tribunal mais conhecido, celebrou entre 1540 e 1700, 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram 1,8% e, destes, 1,7% foi condenado em «contumácia», ou seja, pessoas de paradeiro desconhecido ou que em seu lugar se queimavam ou enforcavam bonecos.

Pelo que se refere às famosas «caçadas de bruxas», o historiador constatou que os tribunais eclesiásticos foram muito mais indulgentes que os civis. Dos 125.000 processos de sua história, a Inquisição espanhola condenou à morte 59 «bruxas». Na Itália, acrescentou, foram 36 e em Portugal 4.

«Se somarmos estes dados --comentou o historiador-- não se chega nem sequer a cem casos, contra as 50.000 pessoas condenadas à fogueira, em sua maioria pelos tribunais civis, em um total de cem mil processos (civis e eclesiásticos) celebrados em toda Europa durante a Idade Média».

Proporcionalmente, as maiores matanças de bruxas aconteceram na Suíça (foram queimadas 4.000 em uma população aproximada de um milhão de habitantes); Polônia-Lituânia (cerca de 10.000 em uma população de 3.400.000); Alemanha (25.000 em uma população de 16.000.000) e Dinamarca-Noruega (cerca de 1.350 em uma população de 970.000).

Com o termo Inquisição, explicou Borromeo, designa-se o conjunto de tribunais eclesiásticos que por expressa delegação papal tinha jurisdição para julgar o delito de heresia.

Os primeiros comissários («inquisitores») foram criados pelo Papa Gregório IX (1227-1241) com o objetivo de combater heresias em determinadas regiões.

«Progressivamente, com o passar do tempo, o papado dotou esta instituição de uma organização própria, de burocracia e normas particulares (especialmente para os processos) que deram um rosto específico à Inquisição», ilustrou.

«Particularmente ativa nos séculos XIII e XIV para combater os movimentos heréticos medievais (sobretudo os cátaros e os valdenses), a Inquisição experimentaria um enfraquecimento em sua atitude no século XV», relatou.

«Mas viveria uma reabertura nos séculos XVI e XVII com a fundação dos novos tribunais da península Ibérica --cuja ação se orientou principalmente contra os pseudoconvertidos do judaísmo e do Islã-- e com a criação do Santo Ofício romano, concebido em um primeiro momento como instrumento de luta contra a difusão do protestantismo».

«Os tribunais foram suprimidos entre a segunda metade do século XVII e as primeiras décadas do século XIX». «O último tribunal que desapareceu foi o espanhol, abolido em 1834».

João Paulo II enviou uma mensagem com motivo da apresentação das «Atas» do Simpósio Internacional sobre a Inquisição, na qual sublinha a necessidade de que a Igreja peça perdão pelos pecados cometidos por seus filhos através da história.

Ao mesmo tempo, declarava, «antes de pedir perdão é necessário conhecer exatamente os fatos e reconhecer as carências ante as exigências evangélicas».


Até aqui a notícia da Zenit.

Agora, lhe passo a mesma notícia dada por outra agência.

Repare a diferença de tom.


Quarta-feira, 16 de junho de 2004 10h04

Estudo do Vaticano diz que Inquisição matou menos do que se pensava
VERITY MURPHY da BBC, em Londres

O Vaticano publicou um novo estudo sobre os abusos cometidos durante a Inquisição que traz uma conclusão surpreendente: os julgamentos por heresia não eram tão brutais quanto se acreditava.

Segundo o relatório de 800 páginas, a Inquisição, que espalhou temor na Europa durante a Idade Média, não praticou tantas execuções ou tortura como dizem os livros de história.

O editor do novo livro, professor Agostino Borromeo, sustenta que, na Espanha, apenas 1,8% dos investigados pela Inquisição espanhola foram mortos.

Apesar disso, o papa João Paulo 2º novamente pediu desculpas pelos excessos dos interrogadores, expressando pesar por "erros cometidos a serviço da verdade por meio do recurso a métodos não-cristãos".

O papa, porém, não ultrapassou a regra da igreja segundo a qual os pontífices não criticam os seus predecessores. O papa Gregório 9º, que criou a Inquisição em 1233 para combater a heresia (a negação da verdade da fé católica), não foi mencionado no comunicado.

Hereges

Após a consolidação do poder na Europa da Igreja Católica Romana, nos séculos 12 e 13, ela estabeleceu a Inquisição para assegurar que os hereges não minassem a sua autoridade.

O sistema tomou a forma de uma rede de tribunais eclesiásticos com juízes e investigadores.

As punições aos condenados variavam de visitas forçadas à igreja ou fazer peregrinações até a prisão perpétua ou execução na fogueira.

A Inquisição estimulava delações, e os acusados não tinham o direito de questionar a pessoa que o havia acusado de heresia.

Ela atingiu o seu pico no século 16, quando a igreja enfrentava a reforma protestante. Seu julgamento mais famoso aconteceu em 1633, quando Galileu foi condenado por postular que a Terra girava ao redor do Sol.

A Inquisição espanhola, que se tornou independente do Vaticano no século 15, praticou os abusos mais extremos, sobretudo com o uso dos autos da fé, em que matavam os condenados em fogueiras públicas.

Seus representantes torturavam as vítimas, realizavam julgamentos sumários, forçavam conversões e aprovavam sentenças de morte.

"Não há dúvidas de que, no começo, os procedimentos planejados foram aplicados com rigor excessivo, que em alguns casos foram degenerados e se tornaram verdadeiros abusos", diz o novo estudo do Vaticano.

Mas o relatório, preparado ao longo de seis anos, argumenta que a Inquisição não foi tão má como se costumava crer.

"Bonecos no fogo"

Borromeo cita como exemplo que, de 125 mil julgamentos de suspeitos de heresia na Espanha, menos de 2% foram executados.

Ele afirma que muitas vezes bonecos eram queimados para representar aqueles que foram condenados à revelia.

E que bruxas e hereges que demonstravam arrependimento no último minuto recebiam algum tipo de alívio para a dor quando eram estrangulados antes de serem queimados.

Para aqueles que possuem ligação com as vítimas da Inquisição, porém, a declaração do Vaticano de que ela não era tão má quanto se dizia tem pouca importância.

Os valdesianos, membros de uma seita protestante declarada herege no século 12, estavam entre as vítimas da Inquisição.

"Não importa se há muitos ou poucos casos. O que é importante é que você não pode dizer: "Estou certo, você está errado, e eu vou te queimar"", disse Thomas Noffke, um pastor valdesiano americano que vive em Roma.

Ainda segundo o novo relatório, no auge da Inquisição a Alemanha matou mais bruxas e bruxos que em qualquer outro lugar, cerca de 25 mil.


Até aqui, a notícia.

Você vê., minha cara Marília, como a mentira contra a Inquisição é imensa.

Vale salientar que o Papa João Paulo II pediu perdão pelos erros humanos que existem em qualquer tribunal, mas os caluniadores não pediram perdão do que inventaram a respeito da Inquisição.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli