Religião

Henrique Cafe: o “pastor” bereano contra a Presença Real
Eder Moreira
 

“O que te parece ser pão não é pão, mas o Corpo de Cristo; o que te parece ser vinho não é vinho, mas o Sangue de Cristo” (São Cirilo, Patriarca de Jerusalém)

 

Aplicando o paradoxal e herético livre exame da Bíblia, papagueia nas redes sociais um “pastor” da seita Bereana, situada em São Bernardo do Campo. Pregando o que, na sua jactância, seria a verdadeira interpretação do Livro Sagrado, o “pastor” frequentemente aborda sua plateia com a seguinte declaração: “Texto bíblico que provavelmente você entendeu errado”. Como provavelmente a maioria – incluindo o “pastor” – entende errado a Bíblia, é preciso um mediador ou Papa Bereano, para ensinar aos errantes a verdadeira interpretação. Logo um protestante que recusa a mediação dos santos, mas que se coloca, ele mesmo, como mediador entre Deus e os homens.

 

A seita do “pastor” se intitula Bereana, uma referência aos Judeus da Bereia, convertidos, não pelo livre exame da Bíblia, mas pela Pregação Apostólica de São Paulo:

 

“Lucas considerou os Bereianos como nobres não por apenas examinarem a Escritura, mas principalmente porque creram na revelação oral de Paulo que o Cristo do Antigo Testamento era o Jesus do Novo. Lucas lhe atribui nobreza porque ‘acolheram a Palavra com toda a prontidão’. Os Bereianos aquiesceram na instrução verbal de Paulo e tomaram com tanta autoridade divina quanto a Escritura” (Robert A. Sungenis. Não Somente pelas Escrituras: Uma crítica católica da Doutrina Protestante do Sola Scriptura. Edições Cristo e Livros: Espírito Santo, 2022, p. 148-149).

 

Antes da explicação oral do Apóstolo, os Judeus Bereanos não conseguiram, somente pela leitura da Bíblia, entender que o Cristo do Antigo Testamento era o Jesus do Novo Testamento. Foi preciso uma autoridade para transmitir a verdadeira interpretação. Assim como no caso do Eunuco da Rainha de Candace, que lia o profeta Isaías mas não compreendia, confessando, catolicamente, a necessidade de uma explicação para elucidar o Livro Sagrado: "Como poderei entender (Isaías) se ninguém me explica?” (Atos VIII,21). Afinal, como ensina a própria Bíblia: "A fé vem pelo ouvido" (Rom X, 17).

 

A seita do “pastor” Herique Cafe não tem qualquer semelhança com os verdadeiros Bereanos convertidos pela pregação de São Paulo!

 

Empenhado, diariamente, na prática da livre interpretação, mas sempre se impondo como o infalível intérprete da Bíblia, o “pastor” da seita Bereana traz, com tom pontifical, a “verdade” que ele tiranicamente impõe ao Livro de Deus. E foi nessa soberba contraditória – oposta ao princípio do sola scriptura - que o “herege bereano” pretendeu distorcer, absurdamente, o texto de São Paulo sobre a Presença Real de Cristo nas Espécies Consagradas. O excerto, alvo da absurda interpretação, encontra-se na Epístola aos Coríntios:

 

“Em primeiro lugar, ouço dizer que, quando se reúne a vossa assembleia, há desarmonias entre vós... quando vos reunis, já não é para comer a ceia do Senhor, porquanto, mal vos pondes à mesa, cada um se apressa a tomar sua própria refeição; e enquanto uns têm fome, outros se fartam. Porventura não tendes casa onde comer e beber?” (I Coríntios, XI, 17- 22).

 

Na sequência, o Apóstolo recorda a Instituição da Santa Ceia por Cristo, ensinando de modo incontestável que é preciso distinguir o Corpo do Senhor (Isto é o meu Corpo) de um mero pedaço de pão, sem valor sacramental.

 

“Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim”. Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo e, assim, coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. Se alguém tem fome, coma em casa. Assim vossas reuniões não vos atrairão a condenação. (I Coríntios XI, 23-34).

 

Diante dessa explicitação Paulina, em defesa da transubstanciação, o “pastor” estrangulou o Texto Sagrado, querendo impor, como supremo pontífice, sua fajuta exegese protestante. Assim pontificou o sectário “Bereano”:

 

“O que significa tomar a Ceia sem discernir o Corpo de Cristo? É quando eu não vejo e nem trato da maneira correta os meus irmãos no Corpo de Cristo. E o contexto imediato desse texto revela para nós que esse era o grande problema que Paulo estava tratando. Se liga nos problemas que Paulo menciona aqui em Primeiro Coríntios, Capítulo XI: Eles não esperam uns aos outros para poder comer; eles não tinham respeito pelos irmãos que tinham menos condições financeiras; eles desprezavam uns aos outros. Perceba que o grande problema aqui é a respeito de como eles viviam em comunidade. Por isso Paulo diz: “examine-se o homem a si mesmo e coma desse pão”. Ou seja, veja como você tem tratado e se relacionado com o Corpo de Cristo [...] Isso é discernir que você faz parte do Corpo de Cristo. Resumindo: tomar a ceia indignamente é quando eu ajo, trato e me relaciono indevidamente com os meus irmãos em Cristo” (Henrique Cafe. Discernir o Corpo de Cristo).

 

É evidente que, por ignorância ou charlatanice, o “pastor” desfigura esse trecho da Epístola. Manipulando seu rebanho infortunado, o herege bereano induz sua plateia a pensar que a advertência de São Paulo – discernir o Corpo do Senhor – diz respeito aos irmãos da Igreja, e não ao Pão e ao Vinho consagrados pelo Sacerdote.

 

O “pastor” maliciosamente omite o texto principal, pelo qual São Paulo relembra aos cristãos de Corinto, o dogma da Presença Real:   

 

“Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes (O meu Sangue), fazei-o em memória de mim’”.

 

São Paulo diz, expressamente, que o Pão da Ceia É o Corpo de Cristo, pregado no Madeiro da Cruz. Depois, na sequência, diz que o Vinho no Cálice É o Sangue de Cristo, derramado no Calvário, e que se deve bebê-lo (O Seu Sangue) em memória do Salvador.

 

Com esse prelúdio elucidativo, São Paulo quer advertir os Coríntios de que, na Santa Ceia, o Pão e o Vinho se tornam – por transubstanciação – Corpo e Sangue de Cristo. Por isso – insiste o Apóstolo – é preciso DISCERNIR, isto é, DISTINGUIR o Corpo do Senhor, presente nas espécies consagradas, do mero pão de padaria, sem qualquer valor sobrenatural. A conclusão imediata concorda, harmoniosamente, com essa interpretação insofismável:

 

“Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor”.

 

Tentar relacionar esse fragmento paulino com os irmãos da Igreja é violentar, vergonhosamente, a Escritura Sagrada. Primeira observação: São Paulo identifica o pão e o vinho da Ceia com o Corpo e o Sangue de Cristo (...será culpável do corpo e do sangue do Senhor). Segundo: o Apóstolo diz que, tomar o Corpo e o Sangue de Cristo indignamente (Com pecado na consciência), é motivo de Condenação! Ora, como poderia alguém ser condenado por tomar simples pão e beber alguns goles de vinho? Sobre isso, vale reproduzir uma oportuna observação:

 

“Mas, se na Eucaristia está somente pão e vinho, que crime haverá para o pecador que não está contrito, em comer pão e beber vinho? Se a Eucaristia é uma recordação da paixão de Cristo e nada mais, que crime haverá para aquele que se acha em estado de pecado, em lembrar-se daquela morte redentora? Ao contrário, em vez de ser um crime, seria uma lembrança salutar para melhor convertê-lo, excitá-lo à confiança e aproximá-lo de Deus. Nisto não haveria nunca uma ofensa ao próprio corpo e sangue de Jesus” (Lúcio Navarro. A Legítima Intepretação da Bíblia. São Caetano do Sul: Santa Cruz Editora, 2017, p. 470).

 

De modo reluzente o Apóstolo quer transmitir os seguintes ensinamentos: 

 

Não é simples pão e vinho o que vocês tomam como alimento na Santa Ceia

 

É preciso discernir (distinguir) o pão e o vinho da Santa Ceia (Corpo e Sangue de Cristo) da simples comida cotidiana

 

Quem come e bebe (o Corpo e Sangue de Cristo) em situação de Pecado, comete falta gravíssima.

 

Daí a lógica conclusão do Apóstolo:

 

“Que cada um se examine a si mesmo e, assim, coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação”

 

O “pastor” Henrique Cafe não entende um texto cristalino da Epístola Paulina. Como então entenderá os textos de São Paulo que, segundo São Pedro, são de difícil compreensão:

 

“Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruina, como o fazem também com as demais Escrituras" (II S. Pedro III,16).

 

Ouça a Bíblia, “pastor”, e deixe de deturpar, para a sua própria ruína, a Escritura de Deus. Se nossa humilde explicação não convence sua soberba sectária, ao menos ouça o que a Igreja de Cristo – que não é protestante – sempre ensinou desde a sua fundação por Nosso Senhor. Considere o ensino de Santo Inácio de Antioquia – contemporâneo dos Apóstolos e discípulo direto de São João Evangelista – que ensinou a presença Real de Cristo nas Espécies Consagradas:

 

“Eles se afastam da eucaristia e da oração, porque não professam que a eucaristia É a Carne de nosso Salvador Jesus Cristo, que sofreu por nossos pecados e que, na sua bondade, o Pai ressuscitou” (Carta aos Esmirniotas VII).

 

Ouça Santo Irineu de Lyon, discípulo de São Policarpo de Esmirna, este feito Bispo pelas mãos do próprio Apóstolo São João:

 

“Quanto a nós, nossa maneira de pensar está de acordo com a Eucaristia e a Eucaristia confirma nossa doutrina. Pois lhe oferecemos o que já é seu, proclamando, como é justo, a comunhão e a unidade da carne e do Espírito. Assim como o pão que vem da terra ao receber a invocação de Deus, já não é pão comum, mas a Eucaristia, feita de dois elementos, o terreno e o celeste, do mesmo modo os nossos corpos, por receberem a Eucaristia, já não são corruptíveis por terem a esperança da ressurreição” (Contra as Heresias Livro IV, 18,5).

 

Doutrina Católica e Apostólica Claríssima!

 

Após receber a invocação de Deus, o pão que era comum, torna-se alimento sobrenatural de Salvação!

 

E que o Santo está se referindo a Transubstanciação, corrobora outro excerto sobre a Eucaristia:

 

“Se, portanto, o cálice que foi misturado e o pão que foi produzido recebem a palavra de Deus e se tornam a Eucaristia, isto é, o sangue e o corpo de Cristo, e se por eles cresce e se fortifica a substância da nossa carne, como podem pretender que a carne seja incapaz de receber o dom de Deus, que consiste na vida eterna, quando ela é alimentada pelo sangue e pelo corpo de Cristo, e é membro deste corpo?” (Contra as Heresias, Livro V, 2,3).

 

Aprenda com os Sucessores dos Apóstolos, “pastor”. Deixe de distorcer a Bíblia que sua cachola protestante não tem competência para compreender! Ao invés de desfigurar as Cartas de São Paulo, com seu inútil livre exame, ouça o que a Igreja de Cristo sempre ensinou, desde a sua edificação sobre São Pedro.

 

Para desfecho, sugerimos ao “pastor” meditar sobre os Milagres Eucarísticos, mormente o de Lanciano, que permanece intacto após quase mil e quinhentos anos do acontecimento.

 

É Deus atestando os Dogmas de sua única Igreja com milagres estupendos!

 

Enquanto o protestantismo afunda, cada vez mais, em heresias, divisões e contradições, a Igreja Católica permanece intacta em sua Doutrina Infalível, vencendo, na história, seus inimigos e detratores!

 

Acorde, “pastor” Henrique!

 

Saia do atoleiro protestante!

 

Liberte-se da heresia enquanto há tempo de conversão!

 

Nossa Senhora te ajude a enxergar, humildemente, a Verdade!

 

In Corde Maria Regin

Eder Moreira

24/01/2024

 

 
  Altar do Milagre Eucarístico de Lanciano

    Para citar este texto:
"Henrique Cafe: o “pastor” bereano contra a Presença Real"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/religiao/henriquecafe/
Online, 27/04/2024 às 12:53:36h