O Papa

A autoridade papal fica de pé
Padre Elílio Faria Mattos Jr.

 
Nota da Montfort:
 
Pensávamos escrever uma mensagem de Natal, quando soubemos da noticia do ataque ao Papa, feito por uma moça que — muito imediatamente — foi declarada insana. Ver-se-á, logo mais, se sim ou se não. Logo depois, recebemos notícia de um excelente artigo de Padre Elílio de Faria Mattos Jr. a respeito desse fato.
 
Padre Elílio analisa profunda e muito sabiamente o valor simbólico da queda do Papa agredido estupidamente, mostrando um paralelismo simbólico impressionante com as quedas de Cristo a caminho da crucificação, no Calvário. E, triunfo final, citando o Apocalipse, quando nele se diz que o “Cordeiro se mantém de pé”.
 
A Montfort se congratula que do clero brasileiro tenha vindo, hoje, no Natal, um artigo tão profundo quanto fiel, ao Papa e ao Papado.
 
Que belo presente esse sacerdote levou hoje para o Deus Menino, na gruta de Belém.
 
Que Deus recompense o autor desse belíssimo artigo, que, com alegria publicamos, como uma mensagem de Natal da própria Montfort, tão apropriada ela é – e tão fiel à Igreja e ao Papa — nas trágicas circunstâncias atuais.
      
Eis o presente de Natal que oferecemos a nosso leitores: um artigo consolador ao Menino Jesus, Cordeiro que permanece de pé, hoje, no Papa Bento XVI, a quem prestamos preito de fidelidade e de obediência absolutas e filiais.
 
Orlando Fedeli
Presidente da Montfort
 
São Paulo, 26 de dezembro de 2009.
 
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O episódio ocorrido na noite de Natal deste ano na Basílica de São Pedro em Roma é, de certa forma, um símbolo dos tempos atuais. O Papa, Vigário de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, cai. A mitra, símbolo de sua autoridade, rola no chão. A férula, que representa a sua missão de pastor universal, é derrubada pelo homem moderno, desorientado, confuso e como que fora-de-si. Louca ou não, a jovem de 25 anos que provocou o incidente bem representa o mundo de hoje, que joga por terra a autoridade e as palavras do Romano Pontífice, que, nas palavras da grande Santa Catarina de Siena, é «o doce Cristo na Terra». A jovem é louca? Não sei. Mas sei que o é, e muito, o mundo que rejeita Deus e o seu Cristo para abraçar o vazio e caminhar nas trevas.

Bento XVI se ergue rápido e continua seu caminho. Celebra a Santa Missa, que é o que há de mais sublime sobre a face da Terra, rende o verdadeiro culto a Deus e conserva-se em seu lugar, como pastor colocado à frente do rebanho pelo Pastor Eterno, bispo e guarda de nossas almas (cf. IPd 2,25). Na homilia, o Santo Padre cita a regra de São Bento. Hoje, Bento, aquele de Núrsia, fala pela boca de Bento, o Papa: «Nihil Deo praeponere» - nada antepor a Deus. É a este nosso mundo que Bento XVI dirige essas palavras carregadas de verdade. É a esta nossa cultura agnóstica, relativista, pragmática, corrupta, materialista e niilista que o Papa exorta. Cultura que, nas palavras de alguns, se gaba de ser «pós-moderna»... Cultura que rejeita cultivar a verdade... Cultura que há tanto deixou de ser cultura...
 
«Nada antepor a Deus». Bento XVI já havia dito aos bispos da Igreja: «No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus... Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo» (Carta aos bispos, 10 de março de 2009).
Depois da queda, o Papa se coloca de pé e age como se nada tivesse acontecido. Assim tem sido seu pontificado: muitas vezes incompreendido pelos homens, inclusive católicos – e por que não dizer: sobretudo católicos? -, Bento XVI não desiste de levar a cabo sua missão, como Cristo a caminho do Calvário, a fim de oferecer a Deus a consciência pura do dever cumprido. Como se nada acontecesse, como se incompreensões, ultrajes e rebeliões, ainda que disfarçadas e silenciosas, não houvessem; como se o desprezo  a Cristo não lhe ferisse o coração; como se a recusa de Deus não lhe contristasse a alma, Bento XVI se dirige ao altar da Cruz. Está apoiado na esperança que não decepciona.
 
Se a autoridade do Sucessor de São Pedro é jogada no chão pelos homens atuais, isso não significa que ela tenha caído do lugar que lhe reservou Deus. Cristo também caiu - e por três vezes -, mas está de pé. Traz, sim, as marcas da paixão, mas está de pé para sempre: "Vi um Cordeiro de pé, como que imolado"(Ap 5,6). O Papa está de pé, e com ele a Igreja que lhe foi confiada, e assim ficará até a vinda gloriosa de Nosso Senhor, que disse: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela» (Mt 16, 18). «Non praevalebunt» - as forças negativas do mal, ainda que deixem certas marcas, nunca hão de vencer o Bem, que é Deus. E é Deus quem sustenta na Terra a sua Igreja e o Papa que colocou à frente do rebanho de Cristo!

    Para citar este texto:
"A autoridade papal fica de pé"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/papa/papa-de-pe/
Online, 29/03/2024 às 05:01:07h