O Papa

Justiça e coragem de Bento XVI
Orlando Fedeli


 

            O Papa Bento XVI acaba de fazer um ato de justiça insígne e de coragem intrépida e decidida ao anular as excomunhões de Dom Lefebvre e de Dom Mayer, assim como a dos Bispos que eles, em santa hora, sagraram.
Ato de justiça, sim, porque esses dois Bispos jamais caíram em cisma. Pelo contrário.
Quando eles se viram constrangidos a sagrar Bispos para manter viva a Santa Missa, eles tiveram o cuidado de confirmar sua adesão absoluta à cátedra de Pedro, e de declarar, de modo explícito e firme, sua adesão completa ao Papa como Vigário de Cristo e Pontícice Supremo, que recebeu do próprio Cristo o poder das chaves do Reino dos céus.
Ora, o cisma é um ato que recusa o Papa como Chefe da Igreja. Logo, Dom Lefebvre e Dom Mayer jamais cometeram esse pecado.
Por isso, a pena que lhes foi infligida, em 1988, era “sem efeitos jurídicos” reais, – portanto, era sentença nula – como declarou o decreto da Santa Sé, agora, em 21 de Janeiro de 2009, decreto assinado pelo Cardeal Re por vontade e ordem de Bento XVI.
O Cardeal Ratzinger declarou, certa vez, que duas coisas queria corrigir em sua vida: a injustiça feita para com Dom Lefebvre e Dom Mayer, e, na questão doTerceiro Segredo de Fátima, a não publicação íntegra desse segredo, porque lhe teriam “forçado a mão”.
 A justiça para com Dom Lefebvre e Dom Mayer está feita, graças a Deus!
Resta a publicação do Terceiro Segredo de Fátima em sua integridade, isto é, a publicação da explicação feita por Nossa Senhora, da visão tornada conhecida em 2000.
Ato de coragem admirável desse Papa naturalmente tímido, mas decidido.
Anular o decreto de excomunhão desses dois heróis da Fé – Dom Lefebvre e Dom Mayer – assim como anular a excomunhão dos Bispos por eles sagrados em 1988, significa um golpe duríssimo nos modernistas e em seus sequazes que consideram o Vaticano II um Concílio infalível.
Ora, esses Bispos injusta e vaziamente excomungados em 1988, desde que perceberam os erros ocultos nas dobras ambíguas da letra do Concílio Vaticano II, e desde que a Missa nova foi aprovada, e sem a abrogação da Missa de sempre, corajosamente sempre se opuseram aos erros modernistas do Vaticano II e da Missa Nova. Por isso, eles foram violentamente odiados e ferozmente perseguidos pelos modernistas e progressistas de todos os matizes. Até mesmo pelos de matiz conservador, sempre prontos a fazer depois de amanhã o que os modernistas radicais faziam anteontem.
Ainda hoje, o número dos modernistas na alta cúpula da Igreja e no Episcopado é bem numeroso. Haja vista como esses modernistas têm se oposto sistematicamente aos decretos e decisôes de Bento XVI.
Uns, como o Cardeal Daneels, desde o dia da eleição de Bento XVI se declararam contra ele. Outros, como o  cardeal Martini, têm proclamado teses heréticas escandalosamente modernistas em oposição aberta ao que o Papa ensina. Outros, teimosamente, têm se oposto audaciosamente ao Motu Próprio Summorum Pontificum. (Não faltam exemplos disso no Brasil, especialmente no Estado de São Paulo).
Quanta razão tinha Bento XVI, ao pedir, no início de seu pontificado, que rezassem por ele, para que não tivesse medo de enfrentar os lobos modernistas…
Com esse decreto de justiça para com Dom Lefebvre e Dom Mayer, o Papa Bento XVI indiretamente afirmou que não há violação da Fé em criticar, e até em recusar o Vaticano II e a Missa Nova de Paulo VI.
Portanto, estão completamente errados aqueles que afirmam que atacar o Vaticano II é cair em heresia, como tantas vezes se acusou o site Montfort.
Para enfrentar toda a imensa alcatéia modernista, Bento XVI demonstrou coragem extraordinária. Coragem heróica em defesa da Fé. Bem aventurado ele que sofrerá perseguição furiosa do inferno e dos filhos do demônio por causa disso.
E quem, conhecendo a história, não vê que desse modo ele se arrisca a ser assassinado? Como não ver que ele pode vir a ser morto como o Bispo vestido de branco da visão do Terceiro Segredo de Fátima?
Claro que ele pode morrer de gripe ou de outra doença qualquer, e que seja um outro o Papa da profecia de Fátima. Mas se esse Papa for Bento XVI não será de espantar.
E Bento XVI sabe disso.
Daí, se pode compreender sua decisão e sua coragem.
E o que há de mais belo no pontificado e na pessoa de Bento XVI, é que não era natural esperar isso dele. Natural seria esperar dele um pontificado de acordo com a formação que ele teve. Natural seria esperar dele  um pontificado de acordo com as idéias do perito progressista do Vaticano II que ele foi.
E se o pontificado dele não segue o que dele se esperaria naturalmente, então o que acontece no pontificado de Bento XVI só se pode explicar sobrenaturalmente. Digitus Dei est hic. O dedo de Deus está aí.
Dom Bosco, em seus famosos sonhos sobre os fatos que aconteceriam com a igreja, afirmou que viria um Papa que traria de volta a nau da igreja para a  coluna da Hóstia consagrada e para a coluna de nossa Senhora. Traria a Igreja de volta para a Missa de sempre e para a devoção à Santíssima Virgem.
Ora, o pontificado de Bento XVI tem sido um contínuo retorno a posições anteriores ao Vaticano II, um retorno à Missa de sempre.
Para citar apenas alguns pontos mais importantes, recordemos que ele condenou a separação entre Fé e razão. Que ele condenou o “espírito”, do até então “intocável” Vaticano II. Que ele condenou os abusos e os erros da Missa nova. Que ele liberou a celebração da Missa de sempre. Que ele ousou afirmar que a Missa de sempre nunca foi abrogada. Que ele exigiu o “pro multis” – por muitos – devendo-se retirar o “por todos” falso e modernista da consagração do Cálice. E agora, ele declara nula a excomunhão dos dois heróicos Bispos que sempre condenaram os erros do Vaticano II e da Nova Missa.
Se isso não é um retorno como chamar essa orientação? 
Deus conserve então o Santo Padre Bento XVI por seus atos de justiça e de fortaleza, na defesa da Fé. E que Deus lhe dê força e coragem para enfrentar os lobos.
E vencê-los.
 
São Paulo, 25 de Janeiro de 2009
Orlando Fedeli

    Para citar este texto:
"Justiça e coragem de Bento XVI"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/papa/coragem_bxvi/
Online, 28/03/2024 às 20:30:16h