O Papa

Grandes Teólogos Refutam as Teses Sedevacantistas
Mauro Rocha

A seita guruzenta dos sedevacantistas sempre se gaba em dizer que sua doutrina é irrefutável, porém sabemos que esta doutrina maldita nada tem de tradicional, não passa de uma novidade herética da mais grotesca. Enfim, para responder aos sofismas protestantes dos nossos adversários sectários, e mais ainda, e muito mais importante, para auxiliar as almas simples, que, talvez, por ingenuidade doutrinária se deixam balançar pelas falácias dos sectários guruzentos, dispomos algumas citações de grandes teólogos como bons argumentos contra esses inimigos de Cristo, do Papa e da sua Igreja.

Deus poderia permitir, como quer a seita dos sedevacantistas, que uma sucessão de falsos Papas usurpem a sede apostólica?

BILLOT, Louis. De Ecclesia Christi. Firenze: Libraria Giachetti, 1909, p. 621. Tradução nossa:

“Qualquer que seja a possibilidade ou a impossibilidade desta hipótese [de um Papa herege], DEVE-SE TER COMO ABSOLUTAMENTE CERTO E INTEIRAMENTE FORA DE DÚVIDA QUE A ADESÃO DE TODA A IGREJA SERÁ SEMPRE POR SI SÓ O SINAL INFALÍVEL DA LEGITIMIDADE DA PESSOA DO PAPA e, portanto, da existência de todas as condições exigidas para isso. E não é necessário ir muito longe para a razão deste fato. Pois é explicado diretamente com a promessa e providência infalíveis de Cristo: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela" e: "Eis que estarei sempre convosco". Com efeito, SE A IGREJA ADERISSE A UM PSEUDO-PAPA, ISSO EQUIVALERIA A ELA SEGUIR UMA FALSA REGRA DE FÉ, pois o Papa é a regra viva que a Igreja deve seguir sempre e de fato segue em sua crença (...)

Sem dúvida, Deus às vezes pode permitir que a vacância da sé se prolongue por mais tempo. Ele ainda pode permitir que surja uma dúvida sobre a legitimidade de um eleito. MAS ELE NÃO PODE PERMITIR QUE TODA A IGREJA RECONHEÇA COMO PAPA ALGUÉM QUE NÃO O SEJA REAL NEM LEGITIMAMENTE. Portanto, a partir do momento em que o papa é reconhecido como tal e quando ele se liga à Igreja como uma cabeça ao seu corpo, não devemos mais nos perguntar a questão de um possível vício de eleição ou de um defeito no nível das condições exigidas para a legitimidade, porque a pertença à Igreja funciona como uma sanatio in radice (cura pela raíz) para anular qualquer vício de eleição, E MOSTRA INFALIVELMENTE QUE TODAS AS CONDIÇÕES EXIGIDAS ESTÃO REUNIDAS”.

Carta Encíclica Mystici Corporis do Sumo Pontífice Papa Pio XII: “SUPRIMIDA A CABEÇA VISÍVEL E ROMPIDOS OS VÍNCULOS VISÍVEIS DA UNIDADE, OBSCURECEM E DEFORMAM DE TAL MANEIRA O CORPO MÍSTICO DO REDENTOR, QUE NÃO PODE SER VISTO NEM ENCONTRADO DE QUANTOS DEMANDAM O PORTO DA ETERNA SALVAÇÃO (...) É AINDA ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO QUE HAJA UM CHEFE SUPREMO VISÍVEL A TODOS, que coordene e dirija eficazmente para a consecução do fim proposto a atividade comum; e este é o vigário de Cristo na terra”.

A Igreja de Cristo pode se resumir a uma estrutura ínfima como a seita dos sedevacantistas?

BILLOT, Cardinal Louis, s.j., L´Eglise 1 - Sa Divine Constitution Et Ses Notes, Tese 02, § 140, Pág. 111: “Cristo fundou uma Igreja em conformidade com as exigências da natureza humana, visto que esta instituição concerne os homens, portanto, fundou uma Igreja visível. Visível antes de tudo em sua constituição, pois não pode haver sociedade se os que dela fazem parte não a reconhecem; NO ENTANTO, OS HOMENS NÃO PODEM SABER SE FAZEM PARTE DE UMA MESMA SOCIEDADE SE NÃO PODEM APREENDER PELOS SENTIDOS EXTERNOS A ESTRUTURA SOCIAL QUE LHE CORRESPONDE. ESTA IGREJA É TAMBÉM VISÍVEL NO SENTIDO DE QUE SE PODE DISCERNIR NO MEIO DE OUTRAS IGREJAS QUE NÃO SÃO AUTÊNTICAS, pois Cristo a fundou para que dela façam parte os homens que a ela são chamados: se não se pudesse reconhecer esta Igreja distinguindo-a de outras sociedades religiosas, seu fundador a teria estabelecido em vão, e essa consequência é inconcebível quando se trata de Cristo.

De fato, o texto sagrado do Novo Testamento não entende por este termo Igreja um grupo de indivíduos que não têm parentesco E QUE ESTÃO PROFUNDAMENTE ESCONDIDOS NO MEIO DA HUMANIDADE. Pelo contrário, a Escritura entende por isso uma unidade orgânica cujas partes estão ligadas entre si por laços que, quando unem os homens, são necessariamente visíveis: São Paulo fala de um “edifício bem ordenado que se eleva para formar um templo santo no Senhor" e de um "corpo coordenado e unido pelos laços de seus membros que se ajudam mutuamente”

             Pode um documento Papal não-infalível conter algum erro?

Pére Thomas Pègues, citado em : L. Choupin, S. J. Valeur des décisions doctrinales et disciplinaires du Saint-Siège, pág. 55, 1907: “Deve ser recebido como o ensinamento soberanamente autorizado na Igreja. Mas, no final, essa adesão não é a mesma adesão exigida no ato formal de fé. PODE SER, ESTRITAMENTE FALANDO, QUE ESSE ENSINO ESTIVESSE SUJEITO A ERROS. Há mil razões para acreditar que ele não é. Provavelmente nunca foi, e é moralmente certo que nunca será. MAS, ABSOLUTAMENTE FALANDO, PODE SER, NO SENTIDO DE QUE DEUS NÃO O GARANTE, COMO GARANTE O ENSINAMENTO FORMULADO POR MODO DE DEFINIÇÃO”

PALMIERI, Domenico, S.J. Tractatus de Romano Pontifice. Editio Altera. Prati, 1891, pp. 719-720: “Ao Magistério do Romano Pontífice, ainda que não seja falando ex cathedra (...) não dizemos que se trata de assentimento metafisicamente certo, pois não existindo a certeza da infalibilidade, NÃO APARECE, POR ISSO MESMO, COMO IMPOSSÍVEL O ERRO E, ASSIM, VÊ-SE QUE O OPOSTO PODE SER VERDADEIRO. Existindo tal conhecimento, não pode haver lugar para a certeza metafísica. Dizemos, então, que o assentimento é moralmente certo e se, consequentemente, aparecem motivos, sejam verdadeiros sejam falsos, mas oriundos de um erro inculpável, que levem a concluir de outro modo (quanto à matéria ensinada), dizemos que não é devido o assentimento, dado que, nessas circunstâncias, A VONTADE NÃO AGE IMPRUDENTEMENTE AO SUSPENDER O ASSENTIMENTO”.

Podemos suspender nosso assentimento a uma Encíclica Papal?

NAU, Paul. Une source doctrinale: les encycliques. 1952. Pág 84: “Rejeitar qualquer uma dentre elas prematuramente seria expor-nos a perder a verdade que nos é dada da parte de Deus. Um único motivo poderia FAZER-NOS SUSPENDER O NOSSO ASSENTIMENTO, O DE UMA OPOSIÇÃO PRECISA ENTRE UM TEXTO DE UMA ENCÍCLICA E OS OUTROS TESTEMUNHOS DA TRADIÇÃO. Ainda assim, tal oposição não pode ser presumida, mas aguarda sua prova que só pode ser admitida com dificuldade.»

Joaquín Salaverri, La Potestad de Magisterio Eclesiástico y asentimento que le es debido (A Autoridade do Magistério Eclesiástico e assentimento que lhes é devido) in Estudios Eclesiásticos n. 29, 1955, p. 191: “No caso em que ocorresse a evidente demonstração do contrário, deve-se pensar, antes de tudo, que as demonstrações humanas são falíveis e que, por isso, devemos ser muito cautelosos, a fim de admiti-las somente depois de madura ponderação. Mas se a demonstração do contrário for comprovada inequivocamente certa, então, NOS SERÁ LÍCITO SUSPENDER O JUÍZO, DUVIDAR E MESMO DISSENTIR, embora sempre com a reserva e cautelas que nos impõe o respeito devido à autoridade suprema.”

CARTECHINI, S. J., Sisto — “Dall’Opinione al Domma” — La Civiltà Cattolica, Roma, 1953: “Na hipótese de decisões não infalíveis, "deve o súdito dar um assentimento interno, exceto no caso em que tenha a evidência de que a coisa ordenada é ilícita (...). (...) se algum douto estudioso tiver razões gravíssimas para SUSPENDER O ASSENTIMENTO, PODERÁ SUSPENDÊ-LO SEM TEMERIDADE E SEM PECADO (...)"

Santo Tomás de Aquino. Ensina o Doutor Angélico, em diversas partes de suas obras, que em casos extremos é lícito resistir publicamente a uma decisão papal, como São Paulo resistiu em face a São Pedro: “(...) havendo perigo próximo para a fé, os prelados devem ser argüidos, até mesmo publicamente, pelos súditos. Assim, São Paulo, que era súdito de São Pedro, argüiu-o publicamente, em razão de um perigo iminente de escândalo em matéria de Fé. E, como diz a Glosa de Santo Ambrósio, ―o próprio São Pedro deu o exemplo aos que governam, a fim de que estes afastando-se alguma vez do bom caminho, não recusassem como indigna uma correção vinda mesmo de seu súdito” (ad Gal. 2, 14). No comentário à Epístola aos Gálatas, assim escreve São Tomás: “A repreensão foi justa e útil, e o seu motivo não foi leve: tratava-se de um perigo para a preservação da verdade evangélica (...)”.

Dom Marcel Lefebvre apoiava o movimento sedevacantista?

Conferência aos seminaristas de Flavigny, publicada por Fideliter N°- 68, em dezembro de 1988: “A Fraternidade não é um partido, NEM UMA SEITA AFERRADA A UM FOLCLORE. Não se trata disso. A situação é muito mais grave. Não é somente a liturgia o que queremos defender. Os problemas de fé são ainda mais importantes. Poderíamos ter adotado muitas atitudes, e especialmente aquela de uma oposição radical: o Papa admite idéias liberais e modernistas, logo ele é herege, portanto não é mais Papa. É O SEDE VACANTISMO. TERMINOU, NÃO SE CONSIDERA MAIS ROMA. OS CARDEAIS ELEITOS PELO PAPA NÃO SÃO CARDEAIS; TODAS AS DECISÕES TOMADAS SÃO NULAS.

Pessoalmente sempre pensei que se tratava de uma lógica demasiado simples. A realidade não é tão simples. Não se pode tachar alguém de ser herege formal tão facilmente. É por este motivo que me pareceu que devia permanecer nessa posição, e conservar um contato com Roma, PENSAR QUE EM ROMA HAVIA UM SUCESSOR DE PEDRO. Um mau sucessor, certamente, e ao qual não há que seguir porque têm idéias liberais e modernistas. PORÉM, ESTÁ ALI e, na medida em que possa se converter, temos o direito de opor-nos publicamente às autoridades quando proclamam e professam ditos erros".

"Era fácil acreditar e ter verdadeira devoção ao Papa, quando em Roma reinavam São Gregório VII, Pio IX ou São Pio X. Difícil foi manter a verdadeira fidelidade e a verdadeira devoção ao Papa, em Avignon, ou no tempo do Grande Cisma do Ocidente, ou na corte de Roma renascentista. Difícil ainda mais é manter fidelidade à Igreja e a verdadeira devoção ao Papa, nestes dias de trevas, durante o eclipse do sol católico, causado pelo Vaticano II. É, pois, em meio às trevas modernistas do Vaticano II, odiados e incompreendidos pelos que erram à esquerda, e mesmo à direita, que proclamamos com Fé: Nós cremos na Igreja Una, Católica Apostólica e Romana. Nós cremos no Papa! Viva o Papa! Viva o Papa, doce, doce Cristo na terra" (Orlando Fedeli).

Observação: Este texto é a transcrição do vídeo publicado do canal do Youtube da Montfort com o título Grandes Teólogos Refutam as teses sedevacantistas. (https://www.youtube.com/watch?v=V50MYgQR0Ts)

    Para citar este texto:
"Grandes Teólogos Refutam as Teses Sedevacantistas"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/veritas/papa/Grandes_Teologos_Refutam_Sedevacantistas/
Online, 29/03/2024 às 11:39:43h