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Chesterton, mais uma Vaca Sagrada dos Neocons
PERGUNTA
Nome:
Rafael
Enviada em:
28/08/2023

 

Olha amigos Da Montfort Deus abençoe Vocês 

Gostaria de saber  uma coisa 

 

Um dia eu estava pesquisado na Internet a vida desse grande escritor católico que é gk chesterton quando me deparei com uma do Wikipédia (em inglês) 

 

Que acusava Gk chesterton de ser anti semita 

 

Como sei que Wikipédia não nada confiável, estou certo de que isso é uma calúnia contra o grande escritor 

 

Por isso gostaria de pergunta com gk chesterton  lidou com a época de anti semitismo que reinava na Europa entres guerras ? 

 

Desde de já agradeço Deus abençoe vocês 

Rafael

 

RESPOSTA
 Muito prezado Rafael Spinoza, salve Maria!

Acho que vou decepcionar você, mas o Chesterton é mais uma das vacas sagradas dos neocon, tais como JRR Tolkien, Padre Paulo Ricardo e Olavo de Carvalho, daqueles bezerros de ouro que quando se faz alguma crítica as fanzetes ficam histéricas e despropositadas. Espero que você, caro Rafael,  não seja mais um dessa seita e ouça com racionalidade as críticas.

Rafael, lembro que quando conheci o professor Orlando Fedeli eu estava lendo um livro do Gustavo Corção, indicado por amigo, que comentava uma citação do Chesterton do livro Ortodoxia, que me parece ser o grande livro doutrinário do Chesterton. Na época, mostrei ao professor a definição de Tradição dada pelo Chesterton, lembro do professor dizer que o Chesterton não passava de um liberal.

Recentemente eu revisitei esta definição do Chesterton, vejamos: “Nunca consegui entender onde as pessoas foram buscar a idéia de que a democracia de algum modo se opunha à tradição. E óbvio que tradição é apenas democracia estendida ao longo do tempo. É confiar num consenso de vozes humanas comuns em vez de confiar nalgum registro isolado ou arbitrário. Quem, por exemplo, cita algum historiador alemão contra a tradição da Igreja Católica está rigorosamente apelando para a aristocracia; está apelando para a superioridade de um perito contra a tremenda autoridade de uma multidão”.

De fato, em todo o livro, Chesterton aproxima o conceito de Tradição à democracia liberal, algo que parece uma iniciativa bem liberal, a Tradição não advém de uma maioria, ainda que seja uma “democracia dos mortos” como parece idealizar Chesterton, muito provavelmente era por isso que o professor Orlando Fedeli chamava o Chesterton de liberal.

A Tradição, em sua correta definição está ligada à verdade imutável da Igreja, àquilo que sempre foi ensinado e defendido desde a época dos apóstolos, isso não é democracia, muito longe disso, na maioria das vezes o que é defendido pela Igreja de Cristo não faz parte dos desejos da maioria, e mesmo é perseguido pela a maioria do seu tempo, ainda que seja uma época passada mais católica.

Outra coisa bem estranha é que nesse livro do Chesterton que ele chama de Ortodoxia, ou seja, deveria tratar de questões doutrinárias realmente tradicionais no sentido mais fiel do termo, ele insiste em vários momentos em falar dos contos de fadas, que seria uma espécie de lugar de consulta dessa tal tradição:

“Minha primeira e última filosofia, aquela na qual acredito com certeza absoluta, eu a aprendi na creche. Geralmente a aprendi de uma babá; isto é, daquela solene sacerdotisa ao mesmo tempo da democracia e da tradição, indicada pelos astros. Aquilo em que eu mais acreditava naquela época, aquilo em que mais acredito atualmente, são coisas que chamamos de contos de fadas”.

“O país das fadas nada mais é do que o país ensolarado do bom senso. Não é a terra que julga o céu, mas o céu que julga a terra; assim, para mim pelo menos, não era a terra que criticava a Elfolândia, mas a Elfolândia que criticava a terra. Conheci o pé de feijão mágico antes de provar feijão; tive certeza sobre o homem na Lua antes de ter certeza sobre a Lua. Isso está em harmonia com a tradição popular. Os obscuros poetas modernos são naturalistas e falam de arbustos e riachos; mas os cantores dos poemas épicos e fábulas da antiguidade eram sobrenaturalistas e falavam dos deuses dos riachos e arbustos”.

Veja o que o professor Orlando Fedeli nos ensinava sobre os tais contos de fadas: “Contos de fadas são deformantes, porque substituem o sobrenatural pelo prodígio mágico. São produtos de imaginações desviadas para um naturalismo esotérico, que prepara o espírito da criança a acostumar sua mente a buscar, por mera curiosidade vã, um mundo “mítico” imaginário. E isso conduz rapidamente para a magia e para o preternatural diabólico. Aliás, o termo “fada” provem de “facta”, o que está destinado a acontecer. O factum é o fado, o destino, idéia falsa que nega o livre arbítrio humano” (No País das Maravilhas: A Gnose Burlesca da TFP e dos Arautos do Evangelho, Professor Orlando Fedeli).

Caro Rafael, normalmente os tais contos de fadas são repletos de esoterismos e paganismos, a magia tão endeusada em tais gêneros literários é um elemento demoníaco, toda a magia, seja negra ou branca, tem um mesmo pai: o diabo!

Portanto, é no mínimo bem questionável essas posições doutrinárias deste escritor tão exaltado pelos neocon, mais uma vaca sagrada, um bezerro de ouro que está mais para "santo" do pau oco.

Confesso que não sou nenhum especialista sobre a literatura do Chesterton, também não conhecia essa acusação contra ele de antissemita, sobre isso não tenho nada a dizer. Espero que você entenda as críticas que elaboramos contra este escritor de doutrina bem questionável!

Deus te ajude sempre, Rafael, e que a Puríssima Virgem ilumine a sua inteligência para compreender a doutrina ilibada de Cristo sem amálgama com os afamados mundanos. Reze por nós da Montfort e escreva-nos sempre que você achar necessário.

"Porque virá tempo em que muitos não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pelo prurido de ouvir. E afastarão os ouvidos da verdade, e os aplicarão às fábulas" (II Tim., IV, 3-4).

In Báculo Cruce et in virga Virgine,

Francis Muro Rocha.