TFP

TFP e Dr. Plinio - II
PERGUNTA
Nome:
Ibsen Noronha
Enviada em:
11/01/2008
Local:
Brasília - DF, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Pós-graduação concluída
Profissão:
Professor

Dr. Fedeli,

Agradeço penhoradamente a resposta que recebi. Resposta longa que denota dedicação e cuidado com as palavras. Agradeço ainda por saber-vos extremamente sobrecarregado de trabalhos. Lembrei-me do velho Acúrsio e suas glosas marginais e interlineares, elucidando tantos textos... Obrigado pela exegese das poucas linhas que escrevi, que nada mais desejavam senão expressar o compadecimento pelo que vós sofrestes outrora.
Também agradeço a condescendência para com as minhas palavras que foram consideradas por V. Exa. inspiradas por Deus – pelo menos em uma breve passagem assinalada.

Mas sinto-me na obrigação dolorosa de desapontá-lo. V.Exa. inferiu das minhas palavras que sou membro da TFP. Infelizmente, como disse, terei de desapontá-lo. Nunca fui membro deste movimento. Não conheço efetivamente tão bem a estrutura interna como a conheceu em outro tempo o Dr. Fedeli que foi, de fato, membro durante certo tempo. Desta forma, lamento não poder ser o membro que, pela primeira vez, publicamente e por escrito[...} teve a honestidade de reconhecer os maus tratos que se recebem internamente na TFP. De resto, para deixar clara a minha observação, os maus tratos e a incivilidade eram notáveis ao tempo do consulado joanino, antes da cisão – período que me permitiu a afirmação, pois, então, tive amigos que ingressaram na instituição.

Acerca das observações que V.Exa. fez, à maneira de glosa, das minhas considerações sobre o Dr. Plínio, devo dizer que são ricas em conteúdo e verdadeiramente interessantes. O vosso reconhecimento dos talentos naturais do fundador da TFP demonstram uma posição lúcida. Quanto ao uso superior desta inteligência as opiniões divergem. Muitos consideram a sua obra extraordinária e já foi estudada em diversas teses acadêmicas cá no Brasil. A biografia do Professor Roberto De Mattei também parece(e este verbo aparece novamente com caráter providencial?) considerar a obra do Dr. Plínio também como uma obra superior. Conheci alguns Cardeais e Arcebispos que teceram elogios ao pensador brasileiro. Veja V.Exa. que apenas refiro alguns casos, e de pessoas que não fazem parte, ou sequer fizeram, da TFP. Por outro lado, muitos consideram a sua obra deletéria. Do progressismo é excusado falar. Da intelligentia brasileira também seria inútil discorrer. V.Exa., que freqüentou – ou freqüenta – os meios acadêmicos, sabe perfeitamente o ódio incompreensível que manifestam à sua produção intelectual e à TFP.

No que respeita aos textos heterodoxos que o Dr. Fedeli sugere tenho alguma dificuldade em consultá-los como pode bem entender. Também tenho bastante renitência em utilizar como fonte fidedigna o que quer que saia do trabalho do Pe. Clás. De maneira que sigo recebendo Catolicismo e não encontro, no que eles publicam, qualquer sinal de heterodoxia. Mas afirmo que V.Exa. faria muito bom serviço à Santa Igreja se produzisse uma obra denunciando tudo o que diz conhecer em torno dos erros doutrinários que, porventura, existam.

Gostei muito de ler sobre a temática da Nobreza, que uma breve frase do meu escrito suscitou. A vossa descrição da palestra-conversa em Viena, com alguns Príncipes realmente me interessa profundamente. Tenho muitas ligações com a Áustria e admiro deveras o apostolado que V.Exa. fez. A série de mitos que envolve a formação de muitos aristocratas sobre a relação com o Povo – que muitos acham deve ser a mais democrática possível – precisa ser revista. Efetivamente as metáforas que utilizou para explicitar a relação Nobreza-Povo são formidáveis. Rezemos para que tenham frutificado e frutifiquem ainda. E a relação Professor-aluno também participa desta doutrina. Santo Tomás escreveu não apenas no prólogo da Summa, mas aprofundou o assunto magistralmente em outros escritos.

Aqui, contudo, tenho de esclarecer as minhas palavras. Afirmei que para o Dr. Plínio deve ter sido uma Cruz estar cercado de pessoas inferiores em nascimento e cultura. Não sei se V.Exa. considera este deve providencial. Mas de fato a afirmação exigiria maior desenvolvimento e demonstração. Não posso afirmar categoricamente que foi uma Cruz. Dr. Plínio era um homem que conhecia e praticava as virtudes cristãs, de maneira que talvez considerasse certas situações muito úteis para a ascese. Dr. Plínio era uma pessoa bem nascida e educada. Para além disso(e estamos de acordo) com dotes superiores de inteligência e que desejava elevar tanto intelectualmente, quanto no que respeita à compreensão da realidade, vivendo a lei da Nobreza. Devia ao menos ser duro sentir incompreensões, traições e mesmo negações. Como a quase totalidade dos membros da TFP de então era formada por gente simples... Duríssimo mesmo devia ser suportar as manifestações de igualitarismo – algo que ele odiava profundamente!

Mas, voltando ao tema da Aristocracia. Não creio que hoje a palavra signifique grão-fino endinheirado. No estado atual da Civilização a palavra foi conspurcada. Os endinheirados geralmente são mal nascidos e deblateram o mais possível contra alguém(provavelmente papalvo) que os alcunhe de aristocratas. A Aristocracia de sangue, em geral, empobreceu, decaiu e sente um misterioso receio de ser aristocrática. Temos muitos fidalgos envergonhados e democratizados e arrivistas sem arquétipos. Temos também nobres que gostam de falar da sua linhagem – o que é tolo – e um Presidente que se ufana de ser operário – o que não é menos pateta. Enfim, uma série de mal-entendidos.

Uma das perguntas que interessa na problemática da Nobreza é a questão do aspecto sobrenatural do nascimento. Deus oscula todos os berços, mas não os iguala, afirmou um Papa. A distinção que o Todo-Poderoso confere no nascimento é um Mistério belíssimo. Santo Tomás defende que Deus ama de maneira desigual – os dons que recebemos são dons de Deus, como são desiguais os dons... É belo! Amar as hierarquias é verdadeiramente belo!

Outra questão interessante é a traição à condição que nos foi dada por Deus. Falemos do Nobre, dos Príncipes – que V. Exa. se apressou a citar como exemplos de maus aristocratas – que, recebendo mais acabam por trair a sua condição. A Idade Média com o seu Direito nobiliárquico criou a degradação. Simples e Complexo! Degrada-se sim o Príncipe regicida, mas não deixa de ter a superioridade concedida no momento da sua concepção. A pena deve ser pesadíssima. Mas poderia readquirir novamente a sua condição? De que forma? V. Exa. deve ter refletido sobre estes temas. Já o plebeu, como Fouché, também regicida, seu crime é menos grave? Parece(providencial) que sim! E poderia algum dia elevar sua descendência à Nobreza?

Napoleão, que destruiu tanto o Direito Público como o Privado, também enlameou o Direito nobiliárquico – e transformou o regicida Fouché em Duque.

Reitero a minha alegria e admiração pelo apostolado feito em Viena d´Áustria com aqueles Príncipes. Quando puder envie um relato pormenorizado e farei a leitura com atenção e prazer. É belo ver um brasileiro divulgando boas doutrinas e belas idéias na Velha Europa. Lembra-me as vezes que estive no Palazzo Palavicini e vi centenas de Grandes da Europa refletindo sobre o pensamento de Pio XII, comentado pelo Dr. Plínio. E também no avoengo Portugal onde um grande número de jovens, descendentes daqueles que o Épico cantou maravilhosamente, começava a perceber o que eram verdadeiramente. Rezemos, Dr. Fedeli, para que uma metanóia traga de volta a Nobreza para ser exemplar no campo temporal!

Desejando a V. Exa. e ao vosso movimento um Ano de Chistãos atrevimentos, despede-se

In Iesu et Maria

Ibsen Noronha
RESPOSTA
Muito prezado Professor Ibsen, 
Salve Maria. 
    Eu é que agradeço a muito boa compreensão que o senhor revela, em sua segunda carta para mim. 
    Esta carta me trouxe, de novo, uma grande alegria, pois que nela o senhor me diz que eu “faria muito bom serviço à Santa Igreja se produzisse uma obra denunciando tudo o que diz – [que digo]- conhecer em torno dos erros doutrinários que, porventura, existam” [na obra de Dr. Plínio].
 
     Só o senhor reconhecer a possibilidade de -- “porventura” -- existirem erros doutrinários na obra de Dr. Plínio – E os há! E bem graves -- já é um grande passo para nosso entendimento. Isso provaria que o senhor não é da TFP. Para um membro da TFP reconhecer essa possibilidade equivale a blasfemar. A menos que diga isso como desafio a alguém, como que tendo a certeza absoluta da impossibilidade que isso possa ser provado.
    Qual é o seu caso?
    Reconhece o senhor a possibilidade de que Dr. Plínio tenha dito e escrito coisas heterodoxas? 
    Ou simplesmente me pede - ou desafia -- a que prove isso?
    Mas o senhor nega ser da TFP.    
    Que bom!
     Graças a Deus!
    Esse é um ponto importante a elucidar, que facilitará nossa correspondência. É bom termos bem claro quem somos.
    Diz o ditado francês que “les bonnes comptes font des bons amis”.« Faisons donc nos comptes. Et soyons des bons amis ». Porque quero bem ser um seu bom amigo.

    Explique-me, então, se não for eu indiscreto: qual foi o seu relacionamento com a TFP. O senhor me diz que não é da TFP -- graças a Deus! -- e afirma que não conhece tão bem quanto eu sua estrutura interna. Portanto, algum conhecimento dela o senhor teve.
 
   Diz-me ainda, o senhor, que não é ligado ao Scognamiglio, o atual padre João Clá. Duas vezes graças a Deus!!! Excelente!!! Deus o preserve desse padre...
 
   Mas qual o seu relacionamento com os assim chamados "Provectos"?
 
  O senhor é ligado à Associação dos Antigos Fundadores da TFP?
 
   Pois é também evidente que o senhor conhece muitas particularidades e pessoas ligadas a esse grupo, que é a real TFP, ainda que o Judiciário os tenha afastado e proibido de usar, numa sentença ainda em juízo, a sigla e os símbolos da antiga TFP. A Justiça brasileira, por enquanto, entregou sigla, propriedades, sedes da ex TFP, com leão rampante e tudo o mais, ao Scognamiglio, que lá botou um cazuesco. Um arauto do longínquo Oriente, que serve só de camuflagem para scognamigliar a situação...
 
   Que o senhor é um monarquista, me fica claríssimo.
 
   Será então ligado ao "Movimento Monárquico" de Dom Bertrand, um simples prolongamento da associação dos Provectos, isto é, da real -- não jurídica -- TFP?
 
   Pergunto isso, pois não compreendo que uma pessoa ligada aos Provectos, ou a Dom Bertrand, leia com interesse e simpatia o que tenho escrito sobre Dr. Plínio e a TFP. De modo que seu posicionamento doutrinário me deixa um tanto perplexo.
 
   E, creia-me bem, não me decepciona que o senhor nada tenha a ver com a TFP ou com Provectos. Antes, pelo contrário. Fico bem contente com isso. Pois mais vale o bem de sua alma, do que um proveito político (muito secundário) meu. E o senhor não ser ligado a qualquer um deles só ajuda nosso relacionamento. Importa-me mais esse relacionamento pessoal nosso, pelo bem que pode advir dele, do que questões políticas inferiores. Interessa-me servir a Igreja, e defender a honra e a glória de Cristo Rei. Interessa-me ajudar sua alma.
 
   De minha parte, deixe-me elucidar um ponto, -- secundário, é verdade --, mas para o qual dou certa importância.
    Para que nossa correspondência prossiga com franqueza e bom fruto, caro Professor Ibsen, gostaria de lhe explicar que não tenho direito ao tratamento de Excelência, que o senhor tão gentilmente me proporciona. Esse tratamento é reservado a Bispos, ou a figuras com cargos oficiais. 
     “Io non Enea, non Paulo sono: 
     me degno a cio nè io, nè altri crede
” (Dante, Divina Commedia, I, Canto II, 31-32).
    O título que tenho, e prezo muito, é o de Professor. E nenhum professor de nível secundário é Excelência. Muito menos um "simples professor secundarista", ginasiano, como bem observava Dr. Plínio...Ou como chamar de Excelência a “um italianão grosseiro, etc ...”, como alguém, com alguma autoridade na TFP, dizia de mim?
    Nada tenho de excelência.
    É verdade que fiquei bem tardiamente na vida – e o tardiamente foi por causa de Dr. Plínio – Doutor em História pela Universidade de São Paulo, onde defendi a tese de que há inúmeros erros gnósticos e cabalísticos na obra de Anna Katharina Emmerick, que Dr. Plínio tanto louvava...
    Mas prefiro o título de Professor ao de Doutor, porque toda a minha vida lecionei, e sempre fui conhecido simplesmente como “Professor”. Só Professor. Sem mais nada. 
    A propósito, o senhor é Professor de que matéria? Dá aulas? Onde?
    É bom sabê-lo colega de profissão.
    Creio que isso também facilitará nosso entendimento.
 
   O senhor faz uma certa defesa de Dr. Plínio em quatro aspectos, que coloco em ordem crescente de importância:
1-  Quanto aos modos aristocráticos dele;
2-  Quanto às virtudes dele;
3- Quanto ao valor intelectual de suas obras;
4- Quanto à ortodoxia de sua doutrina;
 
   Bem sucintamente vejamos algo desses pontos. 
 
1- Quanto aos modos aristocráticos da TFP e dele
 
    Não narrarei aqui coisas que contrariam essa idéia. Minha bem pouca educação ficava escandalizada com certas coisas, que jamais ocorriam nas casas do bairro operário, onde cresci. 
    Por caridade, por discrição — e por educação -- não as direi.
    É certo que lá aprendi a ordem dos talheres e copos numa mesa de banquete, e em que seqüência se deveria utilizá-los.
    Mas não consegui compreender – e muito menos apreender - como se deveria sorrir com os lábios, ao mesmo tempo em que se odiava com os olhos, como Dr. Plínio explicava e recomendava que se deveria fazer, usando, como exemplo, uma foto de Dona Lucília, na qual ela aparecia sorrindo, e com o olhar fuzilante de ódio... 
    Essa contradição entre olhar e sorriso nunca tive, e peço a Deus que não me permita jamais tê-la. No Cambuci, o bairro operário em que fui mal educado, o povinho era grosseiro, mas sincero. Olhar e sorriso não se contradiziam.
    Como também jamais fiz restrições mentais, muito admitidas, até em livros, pela TFP, como “recurso excepcional” (Cfr. Átila Sinke Guimarães, Refutação a Uma Investida Frustra, p. 373). Aliás, esse autor — que pretendia ter modos aristocráticos -- falsificou textos de minhas cartas a Dr. Plínio. Claro que com a anuência dele, por quem, tudo que se fazia na TFP, tinha que ser aprovado.
 
2- Quanto ao segundo ponto, isto é, quanto à falta de caridade e de civilidade na TFP
 
   Permita-me, agora, por minha vez, desapontá-lo. 
   A falta de caridade na TFP era deveras tradicional. Houve lá até quem dissesse: “Eu sei que sou do grupo, enquanto posso pisar em alguém”. 
   E os fatos ocorridos durante a crise da separação dos scognamilhescos e provectianos demonstraram que a caridade era coisa inexistente na TFP de Dr. Plínio.
   Particularmente posso lhe garantir que os maus tratos e a incivilidade para comigo começaram por volta de 1961, quando o Scognamiglio não era nada na TFP. Era ele então apenas um membro, até medíocre, do grupo da Aureliano, liderado então por mim. Depois, quando ele se tornou a menina dos olhos do Dr. Plínio, ele só executava o que lhe mandavam fazer, e só tinha autoridade, porque Dr. Plínio lhe dava todo apoio. Dr. Plínio criava serpentes.
   Não se atribua então a falta de caridade, a incivilidade, e a deslealdade, comuns na TFP, apenas ao Scognamiglio. Isso não seria justo. Este foi apenas o discípulo perfeito da caridade, sinceridade, incivilidade e deslealdade que era ensinada, por meio de exemplos e doutrina, na TFP.
    Aliás, se se quiser fazer o histórico da incivilidade e deslealdade tefepista, dever-se-ia dizer que ela vinha desde muitos anos.
   De 1928 ?... 
   “Le mal vient de plus loin...”. Como diz Phèdre, na tragédia que leva o nome dela. 
   Mas não pense que me move a vingança. Nosso Senhor a proíbe. “Amor mi muove che mi fa parlare” (Dante, Divina Commedia, I, Canto II, 72). 
 
3 - Quanto ao valor intelectual da obra de Dr. Plínio
 
    O que dizer?
    O senhor me fala de teses acadêmicas a respeito de Dr. Plínio e de sua obra intelectual...
    Admira-me que o senhor creia no valor de teses acadêmicas brasileiras...
    Claro que algumas há, de valor. 
 
    Algumas... 
    Não nego.
    Mas há cada tese doutoralesca apresentada em Faculdades!
    E há cada Doutor com tese aprovada !...
    Como há até, no Brasil, Doutores sem tese... 
    Como dizia o Eça, “No Brasil, todos são doutores”.
    
Como isso é verdade, hoje, quando há uma Faculdade em cada esquina.
    Hoje, o Sarney é membro da Academia Brasileira de letras. Junto com o Jorge Amado, e até com a mulher do tal Jorge odioso.

    Para compreender o que ensinava Dr. Plínio, é preciso “estudar” muito. E é preciso mais que estudar muito, saber ler. 
    Como é difícil encontrar, hoje, aqui, Doutor que saiba ler! Ainda mais que saiba ler um autor como Dr.Plínio, que, como o senhor muito bem observou, era homem habilíssimo em fazer... “nuances”, “matizes”, distinções” e sub sentidos, restrições..., anfibologias, analogias, e o que ele chamava de ”metáforas”.
    
Ah! As “metáforas” de Dr. Plínio!...
    
Quanta coisa cabia em suas “metáforas”...
    
Mas eram metáforas mesmo?
    Que é, afinal, uma metáfora?
    
Quanto à biografia feita pelo De Matei — pessoa que levei para a TFP — ela é baseada em documentos públicos da TFP. Documentos ad usum delphini. Ou ad usum... marketing
    
Uma biografia objetiva de Dr. Plínio deveria ser feita com o que ele contou dele mesmo, em reuniões discretas..., que o Scognamiglio muito indiscretamente publicou, na revista “Dr. Plínio”. São confissões super interessantes, e que colocarei à sua disposição, se quiser. Também há confissões para lá de super importantes no livro Dona Lucília, ditado por Dr. Plínio ao Scognamiglio.
    Que indiscrições não publicou o Scognamiglio!
    Para começar a compreender o valor intelectual da obra de Dr. Plínio, sugiro então ao senhor, que examinemos a obra Revolução e Contra Revolução. Certamente o senhor possui essa obra, e já a leu, e estudou. 
    Como primeiro exercício para conhecer o valor intelectual de Dr. Plínio, peço-lhe que constate qual é a causa eficiente da Revolução, segundo Dr. Plínio. 
    O senhor vai ter uma surpresa.
    Veja também os fatos históricos apontados por Dr. Plínio, como preparadores da Revolução.
    Procure esses fatos.
    Peço-lhe que os analise
    Observe as omissões muito denunciadoras, e as deturpações muito reveladoras.Se lhe apresentar, desde já, os erros históricos -- incríveis -- que Dr. Plínio cometia em seus escritos, aulas e palestras, o senhor ficará estupefato. 
    E eles existem. Enormes. Primários. Como ele dizia, “batatadas”. Enormes. Que dariam outro livro. Enorme. 
 
    Deixemos isso para outras cartas, assim como outros temas, que o senhor aborda.
   Vamos devagar.
    Vejamos as causas da Revolução, segundo Dr. Plínio. Estudemos a decadência da Idade Média...
    Quem sabe saia, deste nosso estudo, um bom livro.
 
4 - Quanto ao quarto ponto, isto é, a ortodoxia de Dr. Plínio, permita-me, de novo, citar e agradecer sua frase, que me é uma concessão muito valiosa, afirmando que eu faria “bom serviço à Santa Igreja,” caso escrevesse um livro denunciando tudo o que conheço de erros doutrinários existentes “porventura”, na obra de Dr.Plínio.
    Deveras me congratulo com sua afirmativa
    E se fizer, um dia, tal livro, que acontecerá?
    Haveria muito que tratar.
    O livro seria grosso. 
    Por exemplo, teria que tratar se a causa da Fé é o sentimento. Se isso é Modernismo. Teria que discutir sobre a impossibilidade da existência de seres criados ab aeterno. Teria que discorrer sobre o milenarismo e a utopia.... Sobre a teoria do conhecimento... Ah”! A teoria do conhecimento de Dr. Plínio... Que interessante!... Deveria discorrer sobre o martinesismo e o martinismo... Sobre o ultramontanismo... Sobre Júlio Franck... Sobre o Romantismo de Dr. Plínio e da TFP... Sobre o catarismo de Anna Katharina Emmerick... São tantos os temas que deveria tratar, nesse livro, bem possível...E teria que falar das sociedades secretas por trás da TFP, das quais a Sempre Viva seria... a penúltima?
    Por enquanto, muito por enquanto, “deixemos tudo isso pra lá”, -- (Que expressão horrível! -- expressão muito vulgarmente usada, hoje em dia, coloquialmente. E que detesto).

    ...Por enquanto... 
    Estudemos a RCR de Dr. Plínio.
    ...Por enquanto...
 
    Um livro sincero e objetivo sobre Dr. Plínio abriria os olhos de muitos.
    Inclusive os seus. 
    Clamo então a Nossa Senhora que me ajude a fazê-lo, e desde já lhe digo: 
    “Epheta, quod est aperire...!

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli