Polêmicas

Esclarecimentos de Dom Odilo Scherer sobre o levantamento das excomunhões da FSSPX
PERGUNTA
Nome:
Fábio M. Mendes
Enviada em:
20/02/2009
Local:
Rio de Janeiro - RJ, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior incompleto
Profissão:
Servidor Público


Caro Prof.Orlando e equipe Montfort

Encontrei um link para uma entrevista explicativa no site da CNBB feita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer em 11 Feb 2009 em que explicava e comentava (tentando suavizar impressões) o levantamento das excomunhões ocorridas recentemente. Transcrevo alguns trecho que gostaria que o senhor comentasse se possível.

Pax et Bonum!


"Pergunta: Por que esses bispos estavam excomungados?

Resposta: Porque aceitaram a nomeação e a ordenação episcopal, em junho e julho de 1988, sem terem sido escolhidos e nomeados pelo Papa, como prevê a lei da Igreja. Existe uma excomunhão automática, que acontece quando a pessoa mesma se coloca fora da unidade da Igreja, contrariando gravemente a fé e a disciplina da Igreja. Por exemplo, não aceitar o Concílio Vaticano II, ou a autoridade dos papas eleitos de modo legítimo, como aconteceu com os 4 bispos. Nesse caso, a autoridade eclesiástica competente só declara e torna pública a excomunhão.

P. Qual foi o efeito da suspensão da excomunhão, no caso dos 4 bispos?

R. ... Num gesto de acolhida e boa vontade, a Congregação para os Bispos, com a autorização do Papa, “levantou” a pena de excomunhão deles, para abrir a porta ao diálogo. Isso, porém, não significou ainda a superação de todas as dificuldades, nem a plena adesão à unidade da Igreja, como foi noticiado.De fato a excomunhão também foi levantada, tempos atrás, em relação à Igreja ortodoxa e, nem por isso, ela está em comunhão plena com a Igreja católica. Portanto, os 4 bispos “lefebvristas” ainda não estão na unidade plena da Igreja, nem exercem licitamente o ministério episcopal nossa Igreja católica. Isso deve ficar claro.

P. Quando pode acontecer a comunhão plena dos 4 bispos em questão?

R. Quando eles aceitarem publicamente e integralmente o Concílio Vaticano II e a legitimidade do Magistério dos papas João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI. Isso também requer a adesão pública à fé da Igreja católica, o quê ainda não aconteceu; ...

P. Houve, então, um mal-entendido na divulgação da notícia sobre a reintegração dos “lefebvristas” na Igreja?

R. Certamente houve uma interpretação indevida da “suspensão” da excomunhão, como se isso já tivesse significado a plena reintegração deles na Igreja católica, mesmo sem eles aceitarem integralmente a fé da Igreja e o magistério do Papa. Ainda há passos a dar e, assim esperamos, superadas as dificuldades, possa ser curada mais essa ferida recente no Corpo de Cristo."

Link: http://www.cnbb.org.br/ns/modules/articles/article.php?id=474




RESPOSTA


Muito prezado Fábio,
Salve Maria.

     Li essa entrevista de Dom Odilo. Marquei em vermelho as farse que não correspondem à realidade.

     Em primeiro lugar, é falso que a não aceitação do que diz o Concílio Vaticano II acarrete excomunhão automática. Isso só seria verdade se o Vaticano II tivesse proclamado algum dogma. Ora, o Vaticano II recusou usar a infalibilidade. Por isso nele não não foram proclamados dogmas e nem foram feitos anatematismos.

     O próprio decreto que levantou as excomunhões dos bspos sagrados por Dom Lefebvre e por Dom Mayer afirma que, agora, “as questões em aberto” – as teses do Vaticano II que a Fraternidade São Pio X acusa de serem contra Fé – poderão ser debatidas com Roma. Portanto, a própria Santa Sé admite discutir o conteúdo do Concílio Vaticano II. Logo nela não há dogmas. Está, portanto, completamente errado Dom Odilo ao afirmar que quem não aceita o que diz o Vaticano II está excomungado. Já o Cardeal Ratzinger, ao falar aos Bispos do Chile condenou os que pretendem fazer do Vaticano II um super dogma.

     Como não é certo também o que afirma dom Odilo de que os quatro Bspos sagrados por Dom Lefebvre não aceitam a autoridade dos papas eleitos de modo legítimo, como aconteceu com os 4 bispos”.

     Isso não corresponde absolutamente à verdade. Os Bispos da FSSPX sempre reconheceram a autoridade dos Papas pós conciliares. Jamais eles disseram que não aceitavam esses Papas. Podiam ter feito criticas a algumas posições deles, mas jamais negaram o que eles ensinaram infalivelmente como jamais negaram a autoridade deles enquanto Papas legítimos.

     Infelizmente, hoje, no Brasil e fora do Brasil, muitos eclesiásticos contestam a autoridade do Papa Bento XVI e se mostram bem irritados com as medidas que ele tem tomado a favor da Missa de sempre e da restauração da Igreja.

     Quanto à plena regularização da FSSPX é só Dom Odilo esperar. Ela virá.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli