Polêmicas

Contra o Modernismo
PERGUNTA
Nome:
Paulo Roberto
Enviada em:
18/07/2005
Local:
Juiz de Fora - MG, Brasil

Achei curiosa a opinião, se não me engano, (pois não tenho certeza, não me lembro bem no momento)parece-me do Sr. Orlando Fedeli, em uma de suas respostas, dizendo que é radicalmente contra o modernismo, e contra a própria civilização moderna. Achei hilário. Ora, se ele é contra a civilização moderna, então para ser coerente consigo mesmo, deveria abdicar de várias coisas desta civilização moderna, como a televisão, o computador, a internet, o avião, o uso da eletricidade, o automóvel, etc, etc . Pois no mínimo é muita cara de pau uma pessoa(não apenas o Sr. Orlando, mas todas as pessoas que pensam de modo semelhante) dizer que é contra a civilização moderna e ao mesmo tempo utilizar das coisas proporcionadas por essa mesma civilização. Desculpem-me pelo tom de linguagem, mas é que digo o que penso; não sou hipócrita, da mesma forma que o sr. Orlando Fedeli também diz o que pensa. Ora , se ele se sente no direito de dizer o que pensa e muitas vezes sendo até mesmo agressivo com os leitores, por que os leitores também não podem fazer o mesmo? Afinal, vivemos em um país democrático, pelo menos, acho que é. E não estou sendo agressivo, mas apenas irônico, e a ironia não tem nada a ver com a agressividade. E ele próprio defende a ironia. Ele, o sr. Orlando Fedeli sempre faz a defesa da celebração da Missa em latim, dizendo que este é que seria o modo correto de celebrá-la. Mas será que ele desconhece que a missa e a liturgia em geral só passaram a ser celebradas em latim a partir do século lll e que portanto nos dois primeiros séculos não o eram? Pelo menos é para ele saber disso, por que afinal não é professor, se não me engano, de História? E sabe-se também através da História da Igreja que nos primeiros tempos do Cristianismo antes da introdução do Latim na liturgia, havia uma grande participação dos leigos na própria liturgia, não havendo tanta distância entre clero e leigos, como posteriormente ocorreu, de modo que se poderia dizer, sim, com toda propriedade, que os leigos também celebravam a Eucaristia junto com o sacerdote, sendo este na verdade, o que presidia, as cerimônias; mas o fato deste último estar presidindo não impedia que os demais celebrassem igualmente. A propósito, nos primeiros tempos da Igreja, nem havia uma hierarquia tão visível e nítida como veio a existir mais tarde e isso é histórico.. E quanto ao fato de se receber a hóstia na mão, esta prática já existia nos primeiros tempos da Igreja, sendo que foi mais tarde substituída pela recepção na boca, talvez pelo perigo de poder ocorrerem profanações, pelo perigo de cair ao chão e não pelo fato ser errado em si. Como se pode dizer então que a Igreja não deva sofrer mudanças em sua propria liturgia, no modo de celebrá-la? Se a própria História atesta essas mudanças? Ora, a Igreja, pelo que eu, sei é uma instituição viva assistida e guiada pelo Espírito Santo e o Espírito Santo deve sempre soprar-lhe ventos de renovação, adaptando-a aos tempos, sem é claro, alterar-lhe a essência, pois ela, a Igreja não é um museu e nem deve ser um museu ou mesmo um depósito de peças inúteis, mas é um organismo vivo. É verdade que Deus é imutável, mas Ele é um Deus vivo e não uma peça de museu e os membros da Igreja, incluindo o clero, são seres humanos situados no tempo e no espaço( aliás a própria Igreja enquanto instituição está situada no tempo e no espaço, pois ela não é algo abstrato, pois é contituídada de seus membros leigos e clero) e deste modo são suscetíveis de mudanças e renovações. Paulo
RESPOSTA
Muito simplificador irônico -- que qualidade! -- Paulo Roberto,
Salve Maria!
 
    Você pode, sim, não ser hipócrita, mas apenas franco.
    E me chama de "cara de pau", por repelir a modernidade e escrever em computador ou viajar de avião. etc.
    Permita-me então ser também bem franco com você.
    Você se revela de nível intelectual bem baixo, pois que confunde Modernidade com uso de técnicas atuais.
    Entende-se por Modernidade a nova cosmovisão adotada pelo Humanismo e pela Reforma, contrários à cosmovisão cristã da Idade Média.
    Coisa distinta é a descoberta, ou o uso de instrumentos técnicos.
    Pobrezinho...
   
    A Modernidade tem como princípio fundamental o antropocentrismo: o homem como causa e fim de todas as coisas, enquanto a Idade Média era Teocêntrica.
    Todo católico pode muito bem viajar de ônibus, e recusar o antropocentrismo.
    Sua cabeça modernamente dura pode compreender essa distinção?
   
    Sobre o Latim na Missa, peço-lhe que leia o que sempre a Igreja ensinou.
    Pio XII dá as razões pelas quais o latim deve ser mantido na Missa:    
 
"O uso da língua latina, conforme está em vigor em grande parte da Igreja, é um claro e nobre indício de unidade, e um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina." (Pio XII, Mediator Dei, N0 56, p. 26).

    Essa recomendação de usar o latim na Missa, e não a língua vulgar, foi mantida pelo próprio Concílio Vaticano II. Aliás, nem poderia ser diferente, já que o Concílio de Trento -- concílio dogmático e infalível -- anatematizou quem pretendesse substituir o latim pela língua vernácula, na Missa: 

"Cânon 9 : Se alguém disser que o rito da Igreja Romana pelo qual parte do cânon e as palavras da consagração se pronunciam em voz baixa, deve ser condenado; ou que deve celebrar-se a Missa em língua vulgar, ou que não deve misturar-se água com o vinho que há de se oferecer no cálice, por razão de ser contra a instituição de Cristo, seja anátema" (Concílio de Trento, Cânones sobre o Santíssimo Sacrifício da Missa, Cânon 9, Denzinger 956).

    Como se vê, irônico Paulo Roberto, -- é sempre agradável para mim encontrar alguém que compreenda ironias -- o Concilio de Trento condenou com excomunhão quem pretenda que a missa deve ser rezada na língua do povo, e que as palavras da consagração devam ser ditas em voz alta.

    Leia o que tem dito o Papa Bento XVI e espere o que vai ser decretado no Sínodo de Outubro.   
    Você reconhece que "a Igreja, pelo que eu, sei é uma instituição viva assistida e guiada pelo Espírito Santo".
   
    Mas você não aceita o que o Espírito Santo ensinou sempre e infalivelmente no Concílio de Trento.
    Se você não aceita nem o que diz um Concílio infalível, é natural que recuse o que diz um simples leigo como eu.
    Mas, se você discorda de mim, isso não tem importância. Porém, recusar o que ensinou o Concílio de Trento é cair em excomunhão.
    E o que a Igreja ensina infalivelmente jamais muda.
    Lamento, então, a sua possível excomunhão.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli