Polêmicas

A autoridade do Motu Proprio Misericordia Dei, do Papa João Paulo II
PERGUNTA
Nome:
Eduardo
Enviada em:
23/04/2002
Local:
São Paulo - SP, Brasil
Religião:
Católica
Idade:
30 anos
Escolaridade:
Superior concluído
Profissão:
Advogado



Prezado Senhor Orlando,

Primeiro parabenizar pelo site que tem sido muito útil para conhecer melhor a Igreja Católica e seus documentos.

Gostaria de orientação e informação sobre o documento do Papa, Misericordia Dei, que trata sobre a penitência. Qual a autoridade deste documento e se os Padres estão obrigados a seguir as determinações.

Questiono sobre este assunto, pois, conversando com o Padre da Igreja de Santa Margarida Maria (São Paulo/SP), perguntei a ele sobre a questão do confessionário e se este deveria estar "munido grade fixa", conforme determinação do Papa.

A resposta que tive não foi muito agradável, primeiro teve um ar de desprezo com relação a determinação do Papa e com este, depois me disse que se eu desse dinheiro, ele faria o confessionário. Achei estranho pois lá tinham dois e um deles ficava encostado do lado esquerdo da igreja, sumiram.

Disse, ainda, que caso quisesse confessar no confessionário, com a respectiva grade, deveria procurar outra Igreja, pois lá não iria ser assim, e que as determinações dadas pelo Papa, seguem quem quer, inclusive sobre a liturgia, que está última acredito ser uma questão mais séria e talvez para outra oportunidade.

Me causou estranheza a resposta. Tive algumas duvidas, entre elas, se ele não segue esta determinação do Papa, será que segue outras? Não tenho direito de me confessar conforme determinou o Papa, seguindo o estabelecido pela Igreja?

Gostaria de uma orientação e maiores esclarecimentos sobre este documento, que pelo visto não está sendo bem visto por alguns.

Atenciosamente
Eduardo.

RESPOSTA


Muito prezado Eduardo,
Salve Maria!

     Muito lhe sou agradecido pelo seu apoio e elogios a nosso site.
     O Motu Proprio Misericordia Dei tem força de lei para toda a Igreja, a partir da data de sua publicação.
     Aliás, esse Motu Proprio praticamente copia o que já estava escrito e determinado no Novo Código de Direito Canônico.
     Quem se rebela contra o Motu Proprio do Papa pratica um ato de desobediência muito grave.
     Incrível é que esses padres modernistas que exigem obediência absoluta ao Vaticano II -- um Concílio apenas pastoral que, como escreveu o Papa, só deu "conselhos e sugestões" --, agora se rebelam insolentemente contra a Suprema autoridade da Igreja, quando ela manifesta sua vontade de modo insofismável, por meio de um Motu Proprio.
     Como me disse um padre, ainda recentemente, o que existe já é, de fato, um cisma, embora não declarado. Esses padres modernistas só fazem o que eles julgam certo, e não o que determina o Papa.
     Eles já não aceitam a autoridade do Papa. Fazem o que lhes dá na telha, por isso têm a ousadia de declarar tão abertamente sua negativa de obedecer ao Motu proprio Misericórdia Dei.
     Esse Motu Proprio diz expressamente que os fiéis têm direito de se confessar em confessionários, inclusive com a famosa grade, e que os padres têm a obrigação de atender aos fiéis que querem se confessar desse modo.
     O problema é que se o padre se recusa a atender ao direito do fiel, este não tem como exigir o seu direito. A não ser que a autoridade do Bispo imponha a obediência ao Motu Proprio Papal.
     O que não convém, de modo algum, é um leigo pretender impor-se a um sacerdote em seu próprio nome, porque a rebelião do Padre não justifica um desrespeito pessoal ao sacerdote. Cabe ao Bispo tomar providências contra rebelião do padre, e não a um leigo.
     Porém, na situação atual, temo que muitos padres se rebelariam pública e abertamente até contra os Bispos, caso estes quisessem impor o Motu Proprio do Papa João Paulo II.
     O que, mais uma vez, comprova o estado de cisma existente já, embora não declaradamente. De fato, muitos membros do clero, infelizmente,  não aceitam o que o Papa manda.
     Anunciou-se agora que o Papa João Paulo II está preparando uma nova encíclica sobre a Eucaristia, defendendo a transubstanciação e a presença real de Cristo na hóstia consagrada.
     Temo que, quando o Papa publicar essa encíclica com essa doutrina tradicional, haja uma rebelião ainda pior - porque herética - contra Roma.
     Como Nossa Senhora fez a vidente de Fátima pedir e recomendar: "É preciso rezar muito pelo Papa".
     Imaginou você o que pode acontecer no próximo Conclave?
     Rezemos, sim pelo Papa e pela Igreja, para que Nossa Senhora lhe dê a grande vitória profetizada por Ela mesma, em Fátima.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli