O Papa

O Papa e os concílios
PERGUNTA
Nome:
André
Enviada em:
16/04/2005
Local:
Maceió - AL,
Religião:
Católica
Escolaridade:
2.o grau concluído

A paz!

Gostaria de tirar uma dúvida sobre a particição dos papas, durante toda história da Igreja Católica, nos concílios. Vejo uma certa ausência da presença nas reuniões, como Nicéia que reafirmou nossa fé da divindade de Cristo e outros, se eu não tiver enganado. Como foi a história desses concílos e participação dos papas neles? Fica aqui meus votos de uma boa evangelização na internet.

Um abraço a todos,

André.
RESPOSTA

Caro André, salve Maria.
 
Antes de mais nada agradeço seus votos, e peço-lhe que reze por nós da Montfort.
 
Foi interessante o seu questionamento sobre a participação dos Papas nos Concílios, o que nos dá a oportunidade de tocar em um assunto muito importante.
 
De fato, o Papa não participou pessoalmente em todos os Concílios: nem era necessário, e muitas vezes nem era possível. No entanto, o Papa participa pela aprovação final. Ora, o episcopado é de direito divino, pois foi o próprio Cristo que o instituiu, mas não há concílio ecumênico sem o Papa. Portanto, o concílio ecumênico é a autoridade colegial da qual o Papa é a cabeça.
 
O Concílio de Nicéia - primeiro concílio ecumênico - foi convocado pelo Imperador Constantino em 325, por causa da heresia ariana. Este concílio foi presido por Ósio, bispo de Córdova, e por dois legados do Papa São Silvestre I, que não participou pessoalmente.
 
Nesse concílio, assim como nos demais, foram condenados os erros da época. Os bispos se reuniram para comparar a doutrina que então se divulgava contra a doutrina que eles receberam da Tradição, desde os apóstolos.
 
Desde o início da Cristandade sempre foi muito claro que a Tradição é uma das fontes da Revelação, e naquela época principalmente muito mais eficiente de ser divulgado do que as escrituras. E os bispos ali reunidos, constataram a unidade da sua doutrina e condenaram a novidade ariana.
 
O Magistério infalível do Concílio se estende àquilo que ele quis propor como definitivo. Percebe-se isso nos próprios documentos. Por isso os concílios têm a sua parte dogmática e a sua parte meramente disciplinar.
 
A infalibilidade dos ensinamentos do concílio ecumênico consiste na unidade da doutrina ensinada desde os primórdios do cristianismo em toda parte e em todos os tempos. Os concílios apenas constatam a sua unidade doutrinária tradicional contra a novidade de uma determinada época. Por isso é que se os convocam.
 
No entanto a doutrina de um concílio é considerada dogmática após a confirmação pela Igreja. Houveram muitos concílios na história. A Igreja definiu quais deles foram os Ecumênicos, e o que neles deve ser aceito dogmaticamente. E quando eu digo que a Igreja definiu, entenda: aquilo que é confirmado pelo Papa.
 
Mesmo em um concílio ecumênico pode haver erros que a Igreja venha a condenar. Por exemplo: o Concílio de Calcedônia em 451, que é o quarto Ecumênico, nunca teve o seu cânon 28 aprovado pelo Papa São Leão Magno, pois nesse cânon concedem-se a Constantinopla os mesmos direitos e privilégios de Roma. O Papa São Leão Magno se recusou a aprovar esse cânon porque Roma é a sede dos apóstolos São Pedro e São Paulo, ao passo que Constantinopla, que nem existia na época de Nosso Senhor, não foi sede de nenhum apóstolo. Sua importância apenas lhe advinha do fato de ser sede do Imperador.
 
Ou então, um concílio regional tem as suas definições tidas como universais e dogmáticas posteriormente, que é o caso do  Primeiro Concílio de Constantinopla, em 381, que é considerado o segundo Ecumênico, e que sequer teve um legado papal, mas o Credo que rezamos hoje foi formatado por esse Concílio, que na verdade é uma resposta a uma série de heresias daquela época. Esse Concílio só foi reconhecido explicitamente pela Santa Sé no século VI no que se refere às suas proposições de fé.  
 
A seguir, a lista de todos os concílios ecumênicos realizados:
  1. Nicéia (325),
  2. Constantinopla (381)
  3. Éfeso (431)
  4. Calcedônia (451)
  5. II Constantinopla (553)
  6. III Constantinopla (681)
  7. II Nicéia (787)
  8. IV Constantinopla (870)
  9. I Latrão (1123)
  10. II Latrão (1139)
  11. III Latrão (1179)
  12. IV Latrão (1215)
  13. I Lião (1245)
  14. II Lião (1274)
  15. Viena (1311)
  16. Constança (1414)
  17. Basiléia (1431)
  18. V Latrão (1512)
  19. Trento (1545)
  20. I Vaticano (1870)
  21. II Vaticano (1962)
Sómente o último Concílio da lista dos ecumênicos, Vaticano II, não apresentou nenhuma condenação ou proposição dogmática, sendo simplesmente pastoral.
 
Tendo qualquer dúvida, não hesite em nos procurar.
 
Ad majorem Dei gloriam
 
Sidney Gozzani