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A saída do IBP do Brasil
PERGUNTA
Nome:
Alberto Zucchi
Enviada em:
10/08/2008
Local:
São Paulo - SP, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Pós-graduação concluída
Profissão:
Professor



Prezado Professor Orlando
Salve Maria! 

Causou-me grande surpresa a ampla repercussão na Europa, nas Américas, e particularmente no Brasil, do fechamento da casa do IBP em São Paulo. Muitos daqueles que freqüentam a Montfort tiveram a alegria e honra de montar, ajudar a sustentar, e apoiar com todas as forças e possibilidades essa casa, porque o IBP foi criado para criticar o Concílio Vaticano II e celebrar exclusivamente a Missa de sempre. Aqueles que agora dizem lamentar o fechamento do IBP jamais colaboraram com as suas atividades no Brasil. Causaram-me mais surpresa ainda as interpretações que estão sendo dadas ao último sermão do Padre Perrel, especialmente as absurdas calúnias que concernem a sua pessoa.
Por essa razão, peço ao senhor que divulgue a carta que estou lhe enviando, para que nossos amigos tenham conhecimento do que de fato se passou.
Aproveitando-se do motivo apresentado pelo Padre Roch Perrel, em seu sermão de despedida, tem sido larga e universalmente difundido na Internet, a afirmação de que os membros da Montfort não teriam agido de forma correta com o IBP. A difusão dessa idéia ou revela um grande desconhecimento de todo o apoio que demos ao IBP, ou uma profunda ma fé.
Sempre houve uma clara distinção entre o IBP do Brasil e a Montfort, são duas organizações que tem objetivos semelhantes, mas que de maneira nenhuma se confundem. Cada uma dessas entidades atua a sua maneira, em áreas diferentes, de forma totalmente independente. Sendo assim, são descabidas as afirmações de que o IBP teve que deixar o Brasil por discordâncias com a Montfort.
Muitos de nós da Montfort apoiamos o IBP – e continuaremos a apoiá-lo – sempre que ele cumprir as suas finalidades: criticar o Concílio Vaticano II e defender a Missa de sempre com exclusividade e, portanto, recusando os erros da Nova Missa de Paulo VI.
Surpreendentemente, e contra o nosso desejo, Padre Roch Perrel, com a anuência do Padre Philippe Laguérie, na semana passada, anunciou o fechamento da casa do IBP. No entanto, ainda na véspera, ele apresentara planos para a expansão de suas atividades, em São Paulo e no Brasil.
Lamentamos esse fechamento da casa do IBP que tanto alegrou os defensores do Concílio Vaticano II e da Missa Nova. Os modernistas, de todos os calibres e quilates, que apóiam o Vaticano II e a Missa Nova, todos os inimigos da Missa de sempre - e infelizmente também a FSSPX, por rancor clerical ao IBP - se rejubilaram com o fim de sua atuação no Brasil. 
Em sua despedida, diante de quase de cem fiéis — a  grande maioria da Montfort — e depois de batizar duas de nossas crianças, Padre Perrel disse no sermão que não ia levantar os motivos que poderiam causar polêmica, reduzindo a exposição das causas do fechamento da capela e da casa do IBP à falta de abertura dos fiéis à sua atividade como sacerdote, o que o teria impedido de exercer sua paternidade espiritual.
É difícil entender como isso poderia se aplicar os membros da Montfort, pois nos seis meses que esteve no Brasil, ele foi diversas vezes para jantar nas casas das famílias da Montfort. Sempre foi o convidado para todos os eventos de nossa associação, ele se divertiu conosco em nossas festas - existe até mesmo dois vídeos na Internet da participação do Abbé Vicent Baumann em um jogo de futebol com membros da Montfort (http://www.youtube.com/watch?v=Zo46fRSSBAY) e (http://www.youtube.com/watch?v=YkUsiPxHVF8)
Padre Perrel deu palestras a grupos da Montfort, e o nosso coral gregoriano esteve sob a direção do Abbé Vincent, desde a sua chegada.
Não conheço os costumes da França, as pessoas que nos criticam poderiam talvez informar como concretamente os padres exercem lá sua paternidade espiritual. Em Paris, quando assisti missa no Centro Saint-Paul, as poucas pessoas que lá estavam mantiveram uma respeitosa distância do Padre. No Brasil, onde conheço bem os ambientes clericais, acho pouco provável que exista um padre que seja tão próximo de seus paroquianos como nós fomos do Padre Perrel. Meus pais, que não são da Montfort, por exemplo, sempre freqüentaram a Igreja, mas jamais  convidaram um padre para a nossa casa. Aliás, não conheço ninguém, fora da Montfort, que tenha feito isso.
É também absurdo afirmar que queríamos um padre para a Montfort, que ficasse sob nossas ordens. Basta dizer que os membros da Montfort convidaram e levaram Padre Perrel para rezar a Missa em diversos locais, distantes de São Paulo. Ademais, logo no início de suas atividades no Brasil, o Padre Perrel visitou e tentou se aproximar do Padre D"Anjou, da Fraternidade São Pio X, que publicamente tem caluniado a Montfort e ao senhor. Além disso, assim que o Padre Perrel chegou ao Brasil entregamos a ele uma lista de setenta nomes de jovens que desejavam entrar no seminário do IBP. Coube a ele, e não a nós, contatar essas pessoas e chamar aqueles que ele julgasse conveniente para o IBP.  
Procuramos ainda sempre apoiar e incentivar os que estavam na casa de formação, para que fossem ao seminário em Courtalain, apoio esse reconhecido pelo próprio Padre Perrel.
Cabe ainda ressaltar que com a capela que foi cedida ao IBP, havia uma ampla possibilidade de apostolado fora da Montfort, pois essa capela pertencente a um colégio que acredito ter por volta de mil alunos, e é vizinha a dois hospitais.
De fato, a única crítica a mim dirigida pelo Padre Perrel durante sua estadia no Brasil, foi relacionada a uma carta que enviei ao Padre Laguérie em 14 de julho deste ano. Nessa carta, trato da absurda declaração feita pelo Padre Tanouarn, um dos fundadores do IBP, a favor da Missa Nova, na qual ele afirma que quem não considera possível, em princípio, assistir à Missa Nova como a um rito católico, não é católico. Mas sobre essa questão, não pretendo entrar em detalhes, porque ainda aguardo uma resposta do Padre Laguérie.  
Por último, mesmo tendo sido abandonado, seguirei o conselho do Padre Perrel, pois "não se trata de um acerto de contas, pois aqui não é nem o lugar nem o momento", até porque também devo agradecer a ele pela ajuda espiritual recebida.
Agora só nos resta rezar pelo IBP, para que seja fiel aos objetivos que lhe foram incumbidos pelo Vaticano: criticar o Concílio Vaticano II e rezar exclusivamente a Missa de sempre, esperando que os padres e seminaristas do IBP, especialmente aqueles que deixaram a Montfort para se consagrarem ao sacerdócio, jamais se esqueçam de nós em suas orações, para que também nós continuemos sempre a lutar contra o modernismo e o liberalismo religioso e moral tão difundido em nossos dias. 

São Paulo, 8 de Agosto de 2008
A
lberto Luiz Zucchi
RESPOSTA


Muito prezado Alberto,
Salve Maria,

     Quanto às calúnias – às vezes beirando o delírio – que correm pelos fóruns mais ou menos católicos da internet contra a Montfort e contra mim, nada tenho a dizer, lembrando-me apenas, com alegria, das palavras de Nosso Senhor: "Bem-aventurados sereis quando mentindo disserem contra vós toda a sorte de mal (...). alegrai-vos e exultai." (Mt. 5, 11-12). Publico, porém, a carta escrita a esse respeito por meu caro aluno Alberto Luiz Zucchi, atendendo seu pedido.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli


 

  Sur la fermetura de la maison de l"IBP à São Paulo - Brèsil  - Orlando Fedeli