Doutrina

Posição da Igreja contra a pena de morte
PERGUNTA
Nome:
Maycon Antonio Moreira
Enviada em:
22/01/2007
Local:
Barbacena - MG, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior incompleto
Profissão:
Militar

Boa noite senhores da Montfort;

Gostaria de tirar uma duvida:
Tenho lido neste site que a Igreja é a favor da pena de morte, porém ao realizar uma pesquisa no site oficial do Vaticano, encontrei o texto abaixo:

"Entre os sinais de esperança, há que incluir ainda o crescimento, em muitos estratos da opinião pública, de uma nova sensibilidade cada vez mais contrária à guerra como instrumento de solução dos conflitos entre os povos, e sempre mais inclinada à busca de instrumentos eficazes, mas « não violentos », para bloquear o agressor armado. No mesmo horizonte, se coloca igualmente a aversão cada vez mais difusa na opinião pública à pena de morte — mesmo vista só como instrumento de « legítima defesa » social —, tendo em consideração as possibilidades que uma sociedade moderna dispõe para reprimir eficazmente o crime, de forma que, enquanto torna inofensivo aquele que o cometeu, não lhe tira definitivamente a possibilidade de se redimir."

O link é " http://www.vatican.va/edocs/POR0062/__P9.HTM ".

Gostaria muito de entender esta questão.
Desde já agradeço a atenção.

Respeitosamente Maycon Antônio Moreira
RESPOSTA
Muito prezado Maycon,
Salve Maria. 
  
    O autor desse texto que aparece no site do Vaticano foi o próprio Papa João Paulo II. Evidentemente ele tinha uma visão bastante otimista a respeito do homem e da poítica.
    E convém lembrar que o Papa não é infalível ao fazer comentários políticos ou sociológicos.
    Não há dúvida que ele notava que havia realmente "uma nova sensibilidade cada vez mais contrária à guerra como instrumento de solução dos conflitos entre os povos, e sempre mais inclinada à busca de instrumentos eficazes, mas « não violentos », para bloquear o agressor armado"

    Pouca gente lê a vida de Santa Joana d`Arc que dizia: "Só se terá paz, na ponta da lança".
    João Paulo II  não notou, porém, que essa "sensibilidade" pacifista era fruto da propaganda, com muito pouco de real.
    A sempre crescente violência urbana -- e cada vez mais brutal -- as guerras cada vez mais absurdas evidenciam como esse otimismo pacifista das massas é superficial e ilusório.
    Pois, se fosse real essa sensibilidade pacifista, como então explicar que houve Bin Laden? Como houve a guerra do Afganistão? Como continua a trágica guerra dos homens bomba muçulmanos contra a aviação judaica na Palestina.
    Quais são os instrumentos atuais contra a guerra? A ONU? A ONU -- aquela coisa de Nova York como a chamava De Gaulle -- ela é ridícula. 
    A ONU impediu a guerra do Iraque? Ou a aprovou? 
    A ONU consegue acabar com a guerra entre árabes e judeus? 
    A ONU é um fracasso total. 
    Proibir as guerras é tão utópido, como querer proibir as cirurgias ou a legítima defesa. 
    Foi o pacifismo que gerou Hitler e a segunda guerra mundial.

    Quanto à aplicação da pena de morte, o próprio Catecismo publicado por João Paulo II reconhece -- com pesar...-- a sua legitimidade do ponto de vista da doutrina católica. E nem poderia ser diferente.
    Mas dizer que "uma sociedade moderna dispõe para reprimir eficazmente o crime" barra ao trágico. Basta ver as estatísticas crescentes de crimes violentos, para se compreender que a Sagrada Escritura tem toda razão ao dizer que "Os injustos sejam punidos e a descendência deles perecerá" (Sl. XXXVI,28)"; "O rei sábio dissipa os ímpios" (Prov. XX, 26). 
    Por não se punirem os crimes, eles se multiplicarão na sociedade.

    Quem tem coragem, hoje, apesar da nova sensibilidade pacifista e apesar dos meios ultra modernos para conter o crime, quem tem coragem para ir passear à noite na favela da Rocinha ou na do Esqueleto?
    Quem se atreve a fazer esse passeio, hoje, por acreditar no que está no site do Vaticano?
    Quem se atrevesse a fazer isso, seria logo "roçado" e viraria esqueleto.    
    Um abraço

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli