Doutrina

Infalibilidade da Igreja e outros temas
PERGUNTA
Nome:
Ricardo
Enviada em:
06/02/2004
Local:
São Francisco de Paula - RS,
Religião:
Católica
Idade:
23 anos

Oi, sei que já não agüentam mais as minhas dúvidas, mas conforme eu leio o site, surgem mais.

Primeira: se a Igreja é formada por homens, como dizer que ela é infalível, indefectível,...? Sei que vou chover no molhado, mas a Inquisição cometeu vários erros (Joana D"Arc, pra citar um exemplo) e o Papa já até pediu perdão pelos pecados cometidos pelos homens que comandavam a Igreja.

Segunda: "Aquilo que ligares na terra, será ligado no céu, aquilo que desligares na terra, será desligado no céu". Com base nisso, como fica a alma das pessoas (por exemplo) que eram maçons ou nazistas antes da sua proibição?

Terceira: (essa é pessoal) existe alguma forma de conciliar o pensamento arqueológico-científico com o religioso? Por exemplo, indícios científicos dizem que o mundo foi criado em bilhões de anos, que o personagem Abraão seria a fusão de "vários Abraões" (várias histórias sintetizadas numa só), Noé teria vivido o mesmo número de anos que nós, porém contados num calendário diferente. E pelo impressão que tive, o Sr. Fideli defende exatamente o que consta na Bíblia (6 dias, o pai de um grande povo, Noé teria vivido 900 anos).

Quarta: li na revista Superinteressante (eu sei que não é uma boa fonte de formação científica e/ou religiosa, mas eu li) que Jesus pode ter sido de uma seita judaica chamada de essênia, e que talvez tivesse ido até o Oriente dos 12 aos 30 anos. Isso não poderia fazer sentido, já que cita que os reis magos vieram do Oriente na época do nascimento do menino Jesus?

Sei que o sr. vai dizer que é heresia, mas um site fala que talvez Jesus tivesse trocado de nome na época da sua morte e se retirado pra região da Caxemira. Naquela região diz que existe um túmulo (bem antigo, perto de 2000 anos) de um homem que constituiu família e morreu afirmando que não existiam vários deuses (como aquela região acreditava), que Deus era Único. O sr. não teria nenhuma informação sobre isso?

Juro que essas perguntas todas (em todos os e-mails enviados) realmente ficam na minha cabeça, e não são provocação.

Obrigado.
RESPOSTA
Prezado Ricardo, salve Maria.

Vejo que você é curioso, mas a curiosidade, desde que bem direcionada, é o princípio do saber.

É preciso você distinguir a Igreja dos homens da Igreja, a Igreja de órgãos eclesiásticos não papais.

A Igreja é infalível quando ensina pela palavra do Papa, como sucessor de Pedro, sobre Fé e Moral, para todos os fiéis, com vontade de definir, isto é, ensinando algo que ela obriga a crer como de Fé divina, e excomungando quem negar isso.

A Inquisição não é a Igreja. Ela foi um tribunal da Igreja.

O tribunal que condenou Joana d´Arc não foi um tribunal da Inquisição. Foi um tribunal estabelecido pelos ingleses, e presidido por um Bispo -- Pierre Cauchon (Pedro Porco, em francês) -- com a finalidade de condenar a santa francesa. Ele nunca foi um legítimo tribunal da Inquisição. Pelo contrário, nesse tribunal falso, Santa Joana d´Arc exigiu, várias vezes, ser julgada pela Inquisição verdadeira, e não a atenderam.

O normal é que cada um peça perdão pelos pecados que cometeu, e não que se peça perdão pelos pecados de outros. Não tem cabimento eu me desculpar por faltas suas. Posso pedir a Deus que o perdoe.

Infelizmente o Papa João Paulo II tem pedido perdão, de modo pouco preciso, por supostos erros de outros Papas, e o resultado é que se pensa que ele admite que a própria Igreja teria errado, e pecado, no passado.

A Igreja é santa e não pode pecar Se alguém errou, foram os homens da Igreja e não a Igreja. Pode-se pedir a Deus que perdoe os erros de governo cometidos por pessoas de autoridade na Igreja, mas não se pode pedir perdão por elas, em lugar delas. Cada um, repito, pede perdão dos próprios erros e pecados. É fácil pedir perdão por pecados dos outros. Duro é reconhecer os pecados e erros próprios.

E a infalibilidade do Papa é tal que se pensa que João Paulo II não pode errar, quando pede perdão pelos erros de outros Papas. Mas, se ele admite que os Papas do passado puderam errar em política, evidentemente ele deixa implícito que ele também pode estar errando, ao pedir perdão por erro de outros.

Repito: o Papa é infalível só quando fala ex cathedra. Ele não é infalível ao fazer um discurso ou pronunciamento pessoal.

Uma pessoa que tivesse se filiado a uma sociedade secreta, antes da excomunhão delas pelos Papas, não estaria excomungada, mas teria pecado, na medida em que compreendesse que fazer coisas ocultas de outros, e enganar os outros é um pecado.

O Deus que revelou a Sagrada Escritura é o mesmo Deus que fez as leis da natureza que a ciência descobre. Ora, não pode haver contradição em Deus. Logo, não pode haver contradição entre a Fé e a Ciência. E se aparecer alguma contradição, quem está errada é a ciência porque a ciência é humana e a Fé é divina.

Escrevi, no site Montfort um longuíssimo
trabalho provando que o evolucionismo é falso. Nesse trabalho, você poderá encontrar as respostas às suas perguntas. Como você é recente leitor do site Montfort, você me coloca essas perguntas cujas respostas já foram publicadas no site. Por favor, faça uso do sistema de busca, no site, e você terá muitas de suas dúvidas respondidas.

Sobre os essênios já respondi no site. Quanto às demais afirmações extraídas dessas revistas que se afirmam superinteressantes -- e que mais propriamente deveriam ser chamadas de super iludidoras -- não dê atenção a elas que são ... potocas sem valor.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.