Defesa da Fé

A criação do Instituto Bom Pastor
PERGUNTA
Nome:
Osny Henrique Caldeira
Enviada em:
14/09/2006
Local:
Araçatuba - SP, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior concluído
Profissão:
Policial Militar

Caros irmãos,
Salve a Grande Mãe de Deus, Maria Santíssima!

Lendo o sermão proferido pelo Pe. Laguérie e o artigo do Professor Fedeli, percebe-se claramente um misto de surpresa e alegria em decorrência da criação do Instituto Bom Pastor. Confesso que, da mesma forma, estou muito contente com a possibilidade de num futuro próximo (espero!) poder assistir a missa de sempre. 
No entanto, a forma como está ocorrendo essa reviravolta me causa certa preocupação, pois, diante dos acontecimentos anteriores, da audiência concedida a Dom Fellay, acredito que todos esperavam uma espécie de ‘acordo’ entre a FSSPX e a Santa Sé, apesar da santa ‘intransigência’ de Dom Fellay, em não ceder um milímetro quanto aos erros do Concílio Vaticano II. Porém, não sei se concordarão comigo, mas me parece que o Santo Padre colocou a FSSPX em cheque, aproveitando o gancho ‘enxadristíco’ deixado pelo Professor Fedeli, pois, se agora há um Instituto criado por Roma, em perfeita comunhão e sob o controle de Roma para abrigar os sacerdotes tradicionalistas, provavelmente ocorrerá um esvaziamento ou uma menor procura à São Pio X, uma vez que a Fraternidade ainda não está em perfeita comunhão com Roma e há também o agravante da excomunhão de seus fundadores. Não seria tudo isso um golpe contra aqueles que mais defendem a Tradição.
Torço para que, de fato, haja por parte do Papa um interesse sincero nesse retorno à Tradição, pois, apesar da alegação de que os Padres do novo Instituto, diferente do que aconteceu em Campos, não terem feito nenhuma concessão, ‘...o dever de criticar, de dar a verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II’ – (Primeiro sermão do Pe. Laguérie como Superior do Instituto do Bom Pastor) não significa que as proposições que serão feitas sejam aceitas futuramente por Roma. Infelizmente, receio que essa nova medida adotada pela Santa Sé com relação aos sacerdotes ligados à Tradição possa ser apenas algo mais sutil do que foi o acordo de Campos, que, num primeiro momento parece ser algo positivo, mas que, posteriormente, mostra-se castrador. Quem garante que o Papa aceitará a ‘...verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II’, a qual supostamente será dada pelo Instituto. Além do mais, será possível dar uma interpretação ao CVII que não tenha nada de contrário à Tradição? Como conciliar os pontos que são irreconciliáveis? Retificando os textos? Lembro que retificação de textos não é interpretação. Retificação é mudança. Apesar de Roma não haver exigido nada em troca dos padres do novo Instituto, também não se comprometeu em realizar essas necessárias retificações.
Espero, sinceramente, que tais receios não se confirmem.
Que o Espírito Santo ilumine o Santo Padre, para que ele recoloque a barca de Pedro no rumo correto.

Dominus Vobiscum

Osny Henrique Caldeira
RESPOSTA

Muito prezado Osny ,
Salve Maria.
 
    Você fez uma análise bem correta da situação em que ficou a FSSPX com a criação do Instittuto do Bom Pastor.
    Creio, porém, que sendo liberada a Missa por toda a parte, como anunciam ainda hoje os jornais da Europa, e anuladas as excomunhões de Dom Lefebvre e de Dom Mayer, o Papa terá atendido as duas condições postas por Dom Fellay para retornar plenamente à comunhão com o Papa.
     Ora, parece que isso será feito ainda neste mês de Outubro. E Dom Fellay anunciou que, neste mês de Outubro levará ao Papa, em Roma, um milhão de terços rezados, para que o Papa tenha a coragem de fazer esses dois decretos. 
     Por que Dom Fellay escolheu exatamente este mês de Outubro? 
     Conheceria Dom Fellay a data em que o Papa ia atender as duas condições que ele exigiu para retornara à plena comunhão com a Igreja?  
     É bem possível que sim.

     Quanto à verdadeira "capitulação" dos padres de Campos, aceitando o Concílio Vaticano II e até a Missa nova, que eles sempre haviam combatido, isso foi uma vergonha. Tanto mais que, ainda agora, Padre Aulagnier esclareceu que a Santa Sé não havia exigido nada disso dos Padres de Campos.
     Uma critica do Vaticano II deve não só corrigir e eliminar os erros dos textos do Concílio, quando isso for possivel de ser feito, como também eliminar os textos ambíguos. E, quando não for possivel corrigir erros ou esclarecer ambiguidades, os textos incorrigíveis terão que ser simplesmente supressos.
    Quando e como fazer isso?
    Cabe à prudência de um Papa determinar o modo de fazer isso, com o menor dano para a autoridade papal, e para o maior bem das almas.
    Nossa Senhora e Dom Bosco anunciaram que isso seria feito um dia por um Papa. Rezemos paaar que isso aconteça o quanto antes e do modo mais perfeito enérgico possível.
    Escreva-me sempre, pois que você escreve bem e certo. E mais: pensa bem e como bom católico.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli