Defesa da Fé

Filosofia e Teologia nos Seminários
PERGUNTA
Nome:
Elílio
Enviada em:
28/11/2002
Local:
Juiz de Fora - MG,
Religião:
Católica
Idade:
28 anos
Escolaridade:
Superior concluído
Profissão:
Sacerdote

Prezados Senhores, Gostaria de compartilhar com vocês a angústia que sinto pelo fato de constatar que em muitos (talvez na maioria) de nossos Semiários católicos há um desprezo assustador pelos sólidos ensinamentos de Santo Tomás de Aquino, "Doctor Communis Ecclesiae". Chegou-se já ao ponto de a simples menção do nome do Santo Doutor provocar risos, escárnios e deboche entre os seminaristas. Aos sólidos princípios da Filosofia Tomista prefere-se valorizar filosofias, ao meu ver, incompatíveis com o dogma cristão, como é o caso do fenomenismo kantiano, idealismo hegeliano, existecialismo ateu, irracionaliosmo nietzscheano etc (parece que n"ao se percebe a contradição). No que se refere à Teologia, gozam de grande reputação teses vazadas de sentimentalismo, historicismo ou modernismo(trágica conseqüência do abandono da metafísica nos estudos teológicos).

Sabamos que Santo Tomás é um guia seguro no estudo das disciplinas quer filosóficas quer teológicas, e seus princípios são vivamente recomendados pelo Magistério. Por quê dentro dos seminários há esse desprezo por Santo Tomás? A Filosofia de S. Tomás, a meu ver, poderia salvar o mundo intelectual da grande crise que enfrenta, da crise da fragmentação (o que leva à crise do sentido, pois a razão se vê incapaz de abordar a totalidade), e apontar para o saber teológico como a a forma mais eminente de conhecimento, participação da sabedoria do próprio Deus! Mas por quê a formação dos futuros sacerdotes não quer ver isso?
RESPOSTA
Muito prezado Elílio, salve Maria!

Sua carta deu-me, ao mesmo tempo, tristeza e alegria.

Tristeza por esse testemunho seu -- testemunho vivido pessoalmente -- da decadência dos estudos teológicos em nossos seminários, e do triunfo, neles, das doutrinas heréticas modernas e modernistas.

Alegria eu tive por ver que, apesar de toda a campanha organizada para destruir a Fé, os hereges não conseguem abafar a graça de Deus que atuou e floresceu em sua alma, fazendo-o amar a verdade católica e a doutrina de São Tomás, que tão bem a explica.

Sua carta me fez vir à mente um fenômeno que contemplei, ainda outro dia, ao passar por uma dessas avenidas de concreto armado e de asfalto, nas quais nenhuma vida pode medrar.

Entretanto, vi eu, agarrada tenazmente a uma estreita fresta de uma parede brutal de concreto, uma pequena planta que medrara.

E, na planta, uma flor.

Seria quase impossível imaginar que vida pudesse nascer naquela pobre e rala terra, metida numa fresta do concreto.

Entretanto lá estava ela, a pobre plantinha balouçando ao vento e ao sol.

Um pássaro levara até àquela terra uma semente?

Mais provavelmente, o vento, a brisa na qual Deus falava a Adão, o vento - símbolo do Pneuma, do Espírito - impelira a semente até aquela fresta na parede estéril e hostil do concreto da avenida.

O vento, o vento única coisa que afagou a divina cabeça de Cristo Senhor crucificado, no calor abrasador da Palestina, o vento consolador de Deus na agonia, o vento levara aquela semente e a fizera germinar contra toda expectativa.

Assim também me apareceu sua alma nessa sua carta.

Como foi possível que, num seminário, como você o descreve, num século como o nosso, com toda a maciça manipulação organizada contra o ensino da verdade, como foi possível germinar em sua alma a flor da verdade?

Entretanto sua carta está aí, em meu monitor, como a flor na avenida.

Bendito seja o vento! Bendito seja Deus, que nada e ninguém é capaz de esterilizar!

Bendita seja a Igreja Católica, Apostólica, Una e Santa. Santa, sim, que sempre produz santidade. Até mesmo em concreto armado contra a Fé e em asfalto negro de um ensino herético.

Que Deus Nosso Senhor permita que a flor da vocação sacerdotal se desenvolva até o fim em sua alma, para que Deus possa ter mais um sacerdote que subindo o seu calvário diga com fé e sinceridade de coração:

Introibo ad altare Dei. Ad Deum qui laetificat juventuem meam.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli