Cartas de Apoio

Agradecimentos pela minha conversão
PERGUNTA
Nome:
Thiago
Enviada em:
27/11/2006
Local:
São Paulo - SP, Brasil
Religião:
Católica
Idade:
19 anos
Escolaridade:
Superior em andamento

PAX

     Sou leitor a algum tempo do site e tenho uma sincera e profunda dívida com o Professor Orlando Fedeli e a Montfort, já que sem ela nunca (ou só muito mais tarde) teria encontrado a Santa Igreja. Ela é, portanto, minha ama-de-leite, que me guiou zelosamente à minha Mãe, enquanto estava impossibilitado pela cegueira do pecado de me aproximar do altar e do corpo do cordeiro imaculado. Que alegria não foi voltar a quem pertenço! Alegria inefável ter sido batizado na minha Santa Igreja, amada! Inclinar minha cabeça em frente ao altar que me esperou - e espera ainda todos os seus filhos perdidos - desde a criação do mundo. Enfim, devo muito à Montfort e ao Professor, e os pretendo pagar com mais dívidas: quero receber tudo o que puder aprender dessa fonte.
     Minha conversão não foi pelo caminho mais fácil, não nasci em berço católico; conheci a Cruz no calor do dia. Batizei-me contra meus pais (protestantes), contra toda um geração de familiares, pois já meu bisavô participava da fundação de seitas pentecostais no início do século passado - infelizmente. Venho de uma linhagem de hereges, cujas heresias foram se esfriando com o tempo, se amornando, como toda mentira, e sou, de fato, o único católico entre todos. 
     A Igreja me veio com a supressão de toda companhia humana; mesmo os amigos, as amizades extravagantes, desapareceram, todos passaram, fui vítima de preconceitos bárbaros... por ser Cristão! Fiquei só. Depois de batizado, ensaiei até algum modo de me incluir na vida paroquial da região, tentativa vã: a vida das paróquias no Brasil é moderna demais, frouxa demais, algo de risonho e indiferente. Até penso entender como as famílias católicas possam conviver ali, visto que são católicas, que entendem – melhor ou pior – por dentro o Cristianismo, diferente de mim, gerado escancarado ao mundo, que fui entrar em uma Igreja quando já tinha barba... A mim não parece acolhedor o “calor” protestante das paróquias modernas, o que os move é demasiado humano... 
     Para não dizer que fiquei absolutamente isolado, restou-me um amigo, um rapaz bastante piedoso e diligente para com a Verdade, que se converteu quase conjuntamente (apesar de já ter sido batizado e recebido o corpo do Senhor), e que veio a ser meu zeloso padrinho – não tive madrinha, como reza o costume, já que não conhecia mais ninguém. Amigo de escola, passamos pelas mesmas trilhas: de uma filosofia tosca que se emaranhava em nossas cabeças maliciosas, ao encontro da Esposa; dos desvarios de Nietzsche, Marx, Sartre... à Ordem claríssima do Doutor Angélico. E aí começa outro amor. 
     Foi por meio Santo Agostinho que resolvi dar minha primeira espiada na Summa, e lembro que me aliei então imediatamente a uma forma precária de agostinismo, acusando o Aquinate de frio e racionalista. Nesse momento já tinha entrado para a Universidade de São Paulo para o curso de Letras (Português-Latim), onde tomei algumas aulas de Filosofia, às quais devo muito (são muitas as dívidas, pouco o patrimônio! Espero que um dia as riquezas do Pai paguem a todos o que lhes devo), a essas aulas devo por ter percebido ali uma fagulha da seriedade do catolicismo. O curioso é que não tive sequer um professor católico, mas creio que os bons medievalistas prestam sua honra secreta à Igreja, principalmente sob um nome grande como o de São Tomás, pois nessas aulas os professores sanavam, de alguma forma, certos alunos menos instruídos de preconceitos contra o catolicismo, e ali também sanei parte do meu pensamento enviesado. Quando fui realmente me debruçar sobre a filosofia da Escola, apesar de não compreender tão intimamente, percebi estar ali o sistema da Verdade, a Ordem, que estava aberta para ser contemplada por qualquer olho mortal, a mesma ordem que eu vinha negando e me afastando por anos consecutivos. 
     Depois de convertido, permaneci afastado (exilado) da Missa de Sempre, que só pude assistir uma vez até hoje, embora a estude e a defenda como possa; afastado também da convivência fraterna, por ser católico e não me acomodar à vida paroquial.
     Nessa caminhada... ou melhor, nesse começo de caminhada, o Professor Orlando Fedeli e a Montfort estiveram presentes em quase todos os momentos, porque tive o privilégio de conhecer o site já há algum tempo, e dele não me afastei; nele me instruí sobre a religião que, de pouco em pouco, foi tomando o que era seu por direito: tudo. 
     Foi pela Montfort que me entreguei com mais vigor ao conhecimento da Verdade (que ainda, e até o fim, busco), seu papel verdadeiramente evangélico me trouxe de volta à casa do Pai, como o filho pródigo, mas ainda mais miserável. 
     No dia do meu batismo senti a falta do Professor Orlando, como eu gostaria que ele estivesse lá! Vendo mais uma vez a Obra de Cristo atualizada... Mas creio que, de alguma forma, toda Montfort está presente no meu batismo, presente na comunhão com a graça batismal que nos reúne todos sob um Pai comum. Deus recompensou o vazio de minha conversão com a presença sempre efetiva e fraternal da Montfort: salve! 
     É por vocês que hoje eu posso escrever

In corde Jesu et Mariae;

Thiago.
RESPOSTA

Muito prezado Thiago, último fruto do site Montfort e das orações de meus alunos,
Salve Maria.

    Num dia cheio de mágoas, tristezas e angústias, sua carta me chegou como gáudio e esperança de verdade, como uma bênção do céu.
    Como Deus é bom que nos permite ver a semente dourada da messe plantada no segredo da terra, estremecer vibrante ao Sol da Verdade, balouçar ao vento do Espírito. 
    Como Deus é bom que me permite, já bem na velhice, ver um fruto nascido de minhas cartas, escritas na solidão de meu escritório e lançadas ao mundo pela internet, sem saber que olhos as lerão, sem saber que fruto terão, e, de repente, ver chegar no monitor uma resposta como a sua, que é um SIM tão pleno a Deus Nosso Senhor.
    Anseio por conhecê-lo pessoalmente. Anseio por lhe dar o abraço que lhe queria ter dado no dia de seu Batismo, no dia de sua primeira Comunhão. É uma felicidade imensa ser professor e ver tal fruto da graça de Deus. Só temo decepcioná-lo com minhas misérias e com minhas deficiências.   
    Quanto gostaria de lhe passar tudo o que estudei, tudo o que sei, tudo o que sou. Quanto gostaria de vê-lo junto com as dezenas ou centenas de meus alunos, juntos cantando comigo, rezando comigo, assistindo a mesma Missa, tendo a mesma Fé.
    E estudar juntos. E amar a Igreja juntos, e amar A VERDADE, que é Cristo Deus.
    Enquanto não me é possivel encontrá-lo, peço à Santissima Virgem que esteja continuamente consigo, e que o proteja para sempre em tão profundos desejos de catolicidade. Seu amigo que o admira, e que agradece a Deus por sua existência, por sua conversão e por sua Fé in Corde Jesu, semper, 

Orlando Fedeli