Teologia e Secularização – importante documento do Episcopado Espanhol
Autor: Orlando Fedeli
“Junto a estes sinais luminosos de esperança [provindos do Concílio Vaticano II, Sic!], constatamos com viva preocupação sombras que obscurecem a Verdade. Nós, Bispos, temos recordado em várias ocasiões que a questão principal que a Igreja deve enfrentar na Espanha é sua secularização interna[8]. Na origem da secularização está a perda da fé e de sua inteligência, na qual, sem dúvida, desempenham um papel importante algumas propostas teológicas deficientes relacionadas com a confissão da fé cristológica. Trata-se de interpretações reducionistas que não acolhem o Mistério revelado em sua integridade. Os aspectos da crise podem resumir-se em quatro: concepção racionalista da fé e da Revelação[9]; humanismo imanentista aplicado a Jesus Cristo; interpretação meramente sociológica da Igreja, e subjetivismo-relativismo secular na moral católica”.
Foi essa a herança que Bento XVI recebeu do Concílio Vaticano II.
“10. A doutrina católica sustenta que a Revelação não pode ser equiparada às, chamadas por alguns, “revelações” de outras religiões. Tal equiparação não leva em conta que «a verdade íntima sobre Deus e sobre a salvação humana se nos manifesta pela Revelação em Cristo, que é, a um mesmo tempo, mediador e plenitude de toda a Revelação» [22]. Jesus Cristo, o Filho eterno do Pai feito homem no seio puríssimo da Virgem María por obra e graça do Espírito Santo, é a Palavra definitiva de Deus à Humanidade. Em Cristo «se dá plena e completa Revelação do Mistério salvífico de Deus» [23]. Pretender que as “revelações” de outras religiões sejam equivalentes ou complementares à Revelação de Jesus Cristo significa negar a própria verdade da Encarnação e da Salvação, pois Ele é «aquele que por seu amor sem medida se fez o que nós somos para fazermos perfeitos com a perfeição dEle» [24]
“Viver conforme a fé requer professar de maneira completa e íntegra a mensagem de Jesus Cristo, já que uma “seleção” de diversos aspectos de seu ensinamento, aceitar uns e repudiar outros[32], não correspondería à Revelação do Pai, mas sim “à carne e ao sangue” (cf. Mt 16, 17), porque teus pensamentos não são os de Deus mas os dos homens (Mc 8, 33). É de vital importância manter íntegro o depósito da fé, tal como Cristo o confiou à Igreja para sua custódia. Assim foi afirmado desde o inicio da Igreja[33]. Da negação de um aspecto da Profissão de fé, se passa à perda total da mesma, pois ao selecionar uns aspectos e repudiar a outros, não se atende já ao testemunho de Deus, mas a razões humanas[34]. A vida inteira do cristão fica comprometida, quando se altera a Profissão da fé [35]”.
“Por isso, é errôneo entender a Revelação como o desenvolvimento imanente da religiosidade dos povos, e considerar que todas as religiões são ‘reveladas’, conforme o grau alcançado em sua história, e, nesse mesmo sentido, que são verdadeiras e salvíficas. A Igreja reconhece o que, por disposição de Deus, há de verdadeiro e de santo nas religiões não cristãs[19]. Reconhece, ademais, que «tudo o que o Espírito atua nos homens e na história dos povos, assim como nas culturas e religiões, tem un papel de preparação evangélica»[20], pois sua fonte última é Deus. Daí, que seja legítimo sustentar que, mediante os elementos de verdade e santidade que existem nas outras religiões,o Espírito Santo realiza a salvação nos não cristãos; isto não significa, todavia, que essas religiões sejam consideradas «em quanto tais, como vias de salvação, porque ademais nas ondas há lacunas, insuficiencias e erros acerca das verdades fundamentais sobre Deus, o homem e o mundo».
“A doutrina católica sustenta que a Revelação não pode ser equiparada às, chamadas por alguns, “revelações” de outras religiões. Tal equiparação não leva em conta que «a verdade íntima sobre Deus e acerca da salvação humana se nos manifiesta pela Revelação em Cristo, que é a um só tempo mediador e plenitude de toda a Revelação» [22]. Jesus Cristo, o Filho eterno do Pai feito homem no seio puríssimo da Virgem María por obra e graça do Espírito Santo, é a Palavra definitiva de Deus à Humanidade. Em Cristo «se dá a plena e completa Revelação do Mistério salvífico de Deus»[23]. Pretender que as “revelacões” de outras religiões são equivalentes ou complementares da Revelação de Jesus Cristo significa negar a própria verdade da Encarnação e da Salvação, pois Ele é «o que por seu amor sem medida se fez o que nós somos para fazer-nos perfeitos com a perfeição dEle mesmo” [24]
“Por meio de religiões diversas procuram os homens uma resposta aos profundos enigmas para a condição humana, que tanto ontem como hoje, afligem intimamente os espíritos dos homens, quais sejam, que é o homem, qual o sentido e fim de nossa vida, que é o bem e o que é o pecado, qual a origem dos sofrimentos e qual a sua finalidade, qual o caminho para obter a verdadeira felicidade, que é a morte, o julgamento e retribuição após a morte e, finalmente, que é aquele supremo e inefável mistério que envolve nossa existência, donde nos originamos, e para o qual caminhamos” (Concílio Vaticano II, Declaração Nostra Aetate, N0 1).
“10. A doutrina católica sustenta que a Revelação não pode ser equiparada às chamadas por alguns “revelações” de outras religiões. Tal equiparação não leva em conta que «a verdade íntima sobre Deus e sobre a salvação humana se nos manifiesta pela Revelação em Cristo, que é ao mesmo tempo mediador e plenitude de toda a Revelação” [22]
“Algumas propostas teológicas afirmam que Jesus Cristo é Deus e homem verdadeiro, porém pensam que, devido à limitação da natureza humana de Jesus, a Revelação de Deus nEle não se pode considerar completa e definitiva. Haverá, portanto, que considerá-la em relação a outras possíveis “revelacões” de Deus expressadas nos guías religiosos da Humanidade e nos fundadores das religiões do mundo. Quando se considera, de maneira errônea, que Jesus Cristo não é a plenitude da Revelação de Deus, se situam a par dEle outros líderes religiosos[96]. Daqui se seguirá a idéia, igualmente errônea, e que semeia insegurança e dúvida, que as religiões do mundo, enquanto tais, são vías de salvação complementarias ao Cristianismo[97].
“c) A inteligência e A Linguagem da Fé”
“14. A Revelação de Deus ao Povo eleito, com o qual estabeleceu a Aliança, não é redutível à experiência religiosa subjetiva; de igual forma, a Revelação definitiva em Cristo se realizou «com fatos e palavras intrínsecamente conexos entre si»[36]. Conseqüentemente, não se pode admitir que a linguagem sobre Deus seja algo meramente «simbólico, estruturalmente poético, imaginativo e figurativo, que expressaría e produziria uma experiência determinada de Deus»[37], porém não nos comunicaria quem é Deus. É necessário manter que a fé se expressa mediante afirmações que empregam uma linguagem verdadeira, não meramente aproximativa, por mais que seja analógica [38]. Não faltaram os que semearam a dúvida em relação à Revelação e a inteligência da fé. Certamente se reconhece que Deus se revelou ao homem, porém a este se lhe nega a capacidade concreta de acolher a Revelação. Invoca-se a desproporção que existe entre o Deus que se revela e o homem destinatário da Revelação. Afirma-se que, dado o caráter contingente, finito e limitado do ser humano, somente poderá acolher a Palavra de Deus de forma fragmentária, parcial e limitada. A pretensão de uma Revelação divina, que se considerara definitiva e plena, entraria em conflito com a mesma condição histórica do ser humano[39]. E ainda que a Revelação pudesse ser acolhida – se diz – não poderá, entretanto, expressar-se em proposições concretas, que devam ser tidas por verdadeiras. Se isto é assim, a Revelação cristã deve colocar-se a par das ‘revelações’ em outras religiões, ou, inclusive, na própria ordem da Criação. É certo que a linguagem humana é limitada e parcial [40], porém não se deve esquecer que as palavras e as obras de Jesus, ainda que sendo limitadas em quanto realidades humanas, têm como fonte a Pessoa divina do Verbo encarnado, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e por isso possuem caráter definitivo e pleno. “A verdade sobre Deus não é abolida ou reduzida por ser dita em linguagem humana. Ela, em troca, continua sendo única, plena e completa porque quem fala e atua é o Filho de Deus encarnado” [41].
“15.O conhecimento da fé tem seu ponto de partida no testemunho pessoal de Deus que se revela. A fé nos vem pelo ouvido, pela escuta da Palavra de Deus (cf. Rm 10, 14-17). Ora pois, a mesma fé que acolhe a verdade revelada (auditus fidei) suscita o desejo de crescer em sua inteligência (intellectus fidei). A fé, com efeito, busca inteligência[42]. A verdade revelada, ainda que transcendendo a razão humana, está em harmonia com ela. A razão, por estar ordenada à verdade, com a luz da fé, pode penetrar o significado da Revelação. Contrariamente à opinião de algumas correntes filosóficas muito difundidas entre nós, devemos reconhecer a capacidade que possui a razão humana para alcançar a verdade, como também sua capacidade metafísica de conhecer a Deus a partir da criação [43]
“9. Resulta incompatível com a fé da Igreja considerar a Revelação, conforme sustentam alguns autores, como uma mera percepção subjetiva pela qual “se se dá conta” do Deus que habita em nós e procura se manifestar a nós. Ainda quando empregam uma linguagem que parece próxima à eclesial, eles se afastam, entretanto, do sentir da Igreja[16. Santo Irineu]. É necessário reafirmar que a Revelação supõe uma novidade [17 Santo Irineu], porque faz parte do desígnio de Deus que «se dignou redimir-nos e quiz fazer-nos Filhos seus»[18]. Por isso, é errôneo entender a Revelação como o desenvolvimento imanente da religiosidade dos povos e considerar que todas as religiões são “reveladas”, conforme o grau alcançado em sua história, e, nesse mesmo sentido, verdadeiras e salvíficas. A Igreja reconhece o que, por disposição de Deus, há de verdadeiro e de santo nas religiões não cristãs [19 Optatam]. Reconhece, ademais, que «tudo o que o Espírito atua nos homens e na historia dos povos, assim como nas culturas e religiões, tem um papel de preparação evangélica» [20], pois sua fonte última é Deus. Daí que seja legítimo sustentar que, mediante os elementos de verdade e de santidade que se contém nas outras religiões, o Espírito Santo fará a salvação nos não cristãos; isto não significa, entretanto, que essas religiões sejam consideradas «enquanto tais, como vias de salvação, porque ademais nelas há lacunas, insuficiências e erros acerca das verdades fundamentais sobre Deus, o homem e o mundo»[21].
“25. Entretanto, nem sempre se mantiveram de maneira completa os elementos essenciais da fé da Igreja sobre a Pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Colocações metodológicas equivocadas levaram a alterar a fé e a linguagem em que esta fé se expressa. Em muitas ocasiões se abusou do método histórico-crítico sem advertir seus limites, e se chegou a considerar que a pré existência da Pessoa divina de Cristo era uma mera deformação filosófica do dado bíblico”
“28.
Na raíz destas apresentações se encontra com freqüência uma ruptura entre a historicidade de Jesus e a Profissão de Fé da Igreja: se consideram escassos os dados históricos dos evangelistas sobre Jesus Cristo[91]. Os Evangelhos são estudados exclusivamente como testemunhos de fé em Jesus, que não diriam nada ou muito pouco sobre Jesus mesmo, e que necessitam portanto ser reinterpretados; ademais, nesta interpretação se prescinde e marginliza a Tradição da Igreja. Este modo de proceder leva a conseqüências difícilmente compatíveis com a fé, como sejam:
‘“É necessário levar em conta «a filosofia ou a sabedoria dos povos»[46], porém o intercâmbio fecundo entre as culturas não deve levar ao relativismo nem à negação do «valor universal do patrimônio filosófico assumido pela Igreja»[47]. A filosofía permite discernir entre as meras opiniões e a verdade objetiva. A cultura nunca pode ser critério absoluto de julgamento em relação com a Revelação de Deus. É a fé a que julga a cultura e é Evangelho que conduz as culturas à verdade plena[48]. Analogamente, nem toda reflexão filosófica é compatível com a Revelação[49], nem tampouco é válido assumir acriticamente os princípios da cultura imperante para tornar atual a sempre nova mensagem evangélico[50]”.
“Analogamente, entendeu-se a missão de Cristo como algo meramente terreno, quando não político-revolucionário, de modo que se negou sua vontade de morrer na Cruz pelos homens. A Igreja reiterou que o mesmo Cristo aceitou e assumiu livremente sua Paixão e Morte para a salvação da Humanidade[82].
“27. Constatamos com dor que em alguns escritos de cristologia não se mostrou essa continuidade, dando pé a apresentações incompletas, quando não deformadas, do Mistério de Cristo. Em algumas cristologias percebemos as seguintes lacunas:
Cristo é considerado predominantemente desde o ponto de vista da ética e da praxis transformadora da sociedade: Ele seria simplesmente o homem do povo que toma partido pelos oprimidos e marginalizados à serviço da liberdadee [101].
O Cristianismo e a Igreja aparecem como separáveis. Conforme os escritos de alguns autores, não esteve na intenção de Jesus Cristo o estabelecer nem a Igreja, nem sequer uma religião, senão antes a libertação da Religão e dos poderes constituidos. Conscientes da gravidade destas afirmações e do dano que causam no povo fiel e simples, não podemos deixar de repetir com as palavras da Carta aos Hebreus: Ontem como hoje, Jesus Cristo é o mesmo e o será sempre. Não vos deixeis seduzir por doutrinas diversas e estranhas. Melhor é fortalecer o coração com a graça que com alimentos que nada aproveitaram aos que seguiram esse
caminho (Hb 13, 8-9).
“À luz destes ensinamentos se compreende o grave prejuízo que trazem, para o Povo de Deus, os abusos no campo da celebração litúrgica, especialmente nos sacramentos da Eucaristía e da Penitência”.
17 – Construção de Igreja paralela
“50. Através destas manifestações se oferece uma concepção deformada da Igreja, conforme a qual existiria uma confrontação contínua e irreconciliável entre a ‘hierarquia’ e o ‘povo’. A hierarquia, identificada com os Bispos, se apresenta com traços muito negativos: fonte de ‘imposições’, de ‘condenações’ e de ‘exclusões’. Face a ela, o ‘povo’, identificado com estes grupos, se apresenta com os traços contrários: ‘libertado’, ‘plural’ e ‘aberto’. Esta forma de apresentar a Igreja leva consigo o expresso convite a ‘romper com a hierarquia’ e a ‘construir’, na prática, uma ‘Igreja paralela’. Para eles, a atividade da Igreja não consiste principalmente no anúncio da pessoa de Jesus Cristo e na comunhão dos homens com Deus, que se realiza mediante a conversão de vida e a fé no Redentor, senão na libertação de estruturas opressoras e na luta pela integração de coletivos marginalizados, desde uma perspectiva preementemente imanentista”
Fala-se em ‘modelos de Igreja’ que estariam presentes no Novo Testamento: face à Igreja das origens, caracterizada por ser ‘discipular e carismática’, livre de ataduras, teria nascido depois a igreja ‘institucional e hierárquica’. O modelo de Igreja ‘hierárquico, legal e piramidal’, surgido tardiamente, se distanciaria das afirmações neotestamentárias, caracterizadas por acentuar na comunidade e na pluralidade de carismas e ministérios, assim como na fraternidade cristã, toda ela sacerdotal e consagrada. Este modo de apresentar a Igreja não tem apoio real na Sagrada Escritura nem na Tradição eclesial e desfigura gravemente o designio de Deus sobre o Corpo de Cristo, que é a Igreja, levando os fiéis a atitudes de enfrentamento dialético, conforme os quais a riqueza de carismas e ministérios suscitados pelo Espírito Santo já não sejam vistos em favor do bem comum(cf.1 Cor 12, 4-12), senão como expressão de soluções humanas que respondem mais às lutas de poder que à vontade positiva do Senhor[133].
44. De maneira semelhante há quem negue a distinção entre o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial, cuja diferença «é essencial e não só de grau»[134]. Quem assim raciocina pretende partir de que no Novo Testamento não se consideram os ministros como ‘pessoas sagradas’, para concluir que esta ‘sacralização’ do ministério, ou de un grupo dentro da Igreja, teria sido um ‘acréscimo histórico posterior’.
“45. A falta de clareza a respeito do ministério ordenado na Igreja não foi alheia à crise vocacional dos últimos anos. Em alguns casos parece, inclusive, que há o desejo de provocar um ‘deserto vocacional’ para assim lograr que se produzam mudanças na estrutura interna da Igreja”.
“É preciso recordar as determinações magisteriais acerca do homem como único sujeito válido da ordem sacramental, porque tal foi a vontade de Cristo ao instituir o sacerdócio[135]. Alguns pretenderam injustificadamente que essa vontade não consta da Escritura, o que não corresponde à interpretação autêntica da Palavra de Deus escrita e transmitida[136]. A doutrina sobre a ordenação sacerdotal reservada aos homens deve ser mantida de forma definitiva, pois «foi proposta infalívelmente pelo Magistério ordinário e universal»[137]
“47. Supõe um reducionismo eclesiológico conceber a Vida consagrada como uma ‘instância crítica’ dentro da Igreja. Do sentire cum Ecclesia se passa, na prática, ao agere contra Ecclesiam quando se vive a comunhão hierárquica dialeticamente, enfrentando a ‘Igreja oficial ou hierárquica’ com a ‘Igreja povo de Deus’.
“O resultado é um relativismo radical[148], conforme o qual qualquer opinião em temas morais sería igualmente válida. Cada qual tem ‘suas verdades’ e o mais que podemos aspirar na ordem ética é a uns ‘mínimos consensos’, cuja validade não poderá ir além do presente atual e dentro de determinadas circunstâncias. A raíz mais profunda da crise moral que afeta gravemente a muitos cristãos é a ruptura que existe entre a fé e a vida[149],”
“A consciência, portanto, não é uma fonte autônoma e exclusiva para decidir o que é bom ou o que é mau; pelo contrário, nela está profundamente gravado um princípio de obediência à norma objetiva, que fundamenta e condiciona a congruência de suas decisões com os preceitos e proibições nos quais se baseia o comportamento humano»[168]. Nesse sentido, o Magistério advertiu sobre as lacunas e deficiências de algumas propostas morais como a ‘opção fundamental’ [169], o ‘proporcionalismo e conseqüêncialismo’ [170], ou a chamada ‘moral de atitudes’ [171]. Também é necessário recordar que para que a pessoa atue conforme a sua dignidade e consciência deve ser reta e aberta à Verdade[172], isto é, deve estar «de acordo com o que é justo e bom conforme a razão e a lei de Deus»[173].
“49. Estes grupos, cuja nota comum é o dissenção, se manifestaram em intervenções públicas, entre outros temas e questões ético-morais, a favor das absolvições coletivas e do sacerdócio feminino, e tergiversaram o sentido verdadeiro do matrimônio ao propor e praticar a ‘bênção’ de uniões de pessoas homossexuais.
“62. A dignidade da vida humana exige que sua transmissão se dê no âmbito do amor conjugal, de maneira que aqueles métodos que pretendam substituir e não simplesmente ajudar a intervenção dos cnjuges na procriação, não são admissíveis[182]. Se se separa a finalidade unitiva da finalidade procriadora, se falseia a imagem do ser humano, dotado de alma e corpo, e se degradam os atos de amor verdadeiro, capazes de expressar a caridade conjugal que une os esposos. A conseqüência é que uma regulação moralmente correta da natalidade não pode recorrer a métodos contraceptivos” [183].
“63. À luz destes princípios sobre a sexualidade se entende o motivo pelo qual a Igreja também considera «pecados gravemente contrários à castidade… a masturbação, a fornicação, as atividades pornográficas e as práticas homossexuais” [184].
“64. Não podemos esquecer tão pouco que a vida humana se inicia na concepção e tem seu fim na morte natural. O aborto e a eutanásia são ações gravemente desordenadas, lesivas da dignidade humana e opostas aos ensinamentos de Cristo[188]. A Igreja está consciente de que essas questões devem ser explicadas à comunidade cristã, assediada constantemente pela mentalidade hedonista própria da cultura da morte. Tão pouco podemos colocar em dúvida que, desde o momento da fecundação, existe verdadeira e genuina vida humana, distinta da dos progenitores[189]; de modo que quebrar seu desenvolvimento natural é um gravíssimo atentado contra a mesmavida [190]. «o amor de Deus não faz diferença entre o recém concebido, ainda no seio de sua mãe, e a criança ou o jovem ou o homem maduro ou o ancião. Não faz diferença, porque em cada um deles vê a marca de sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26)»[191]. É contrário ao ensinamento da Igreja sustentar que até o aninhamento do óvulo fécundado não se possa falar de ‘vida humana’, estabelecendo, assim, uma ruptura na ordem da dignidade humana entre o embrião e o mal denominado “pré-embrião”[192]. De maneira análoga, ninguém tem poder para eliminar uma vida inocente, nem sequer quando se encontra em estado terminal[193]”.
28 – Todos os que favorecem o aborto estão excomungados.
Isso vale para os políticos, médicos, jornalistas, padres e etc.
“Os que reivindicam sua condição de cristãos atuando na ordem política e social com propostas que contradizem expressamente o ensinamento evangélico, custodiado e transmitido pela Igreja, são causa grave de escândalo e se colocam fora da comunão eclesia l[197]”.
Orlando Fedeli
- Seção: Artigos Montfort
- Assunto: Igreja
- Tema: Concílio Vatinano II
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