Tenho o direito de participar de uma santa missa (de Paulo VI) bem celebrada!
Autor: Orlando Fedeli
- Consulente: Marcio Manhães Motta
- Localizaçao: CarabuÇu – RJ – Brasil
- Escolaridade: Superior concluído
- Profissão: Servidor PÚblico
- Religião: Católica
Paz e Bem!
Há algum tempo acompanho as cartas publicadas no site Montfort e as respostas do senhor às dúvidas que elas levantam.
Antes de mais nada, gostaria que o senhor soubesse que concordo com alguns pensamentos seus e descordo de outros – in dubis libertas! Contudo, respeito incondicionalmente suas posições.
Nessas poucas linhas pretendo relatar o meu protesto, que gostaria que o senhor registrasse: TENHO O DIREITO DE PARTICIPAR DE UMA SANTA MISSA BEM CELEBRADA! Tenho o direito de ver o Missal ser respeitado! Tenho o direito de entrar na “minha” Igreja e sentir que estou próximo do Céu, e não sentir que estou adentrando num templo protestante, na “Casa da Mãe Joana” ou numa danceteria!
Sou da Diocese de Campos-RJ, onde está a sede da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Naquela Diocese, creio ainda vivermos uma liturgia mais próxima possível daquela criada a partir do Vaticano II. Não perfeita. Somente “mais séria”.
Há algum tempo, também, resido em outro Estado, participando de uma comunidade da Diocese de Cachoeiro-ES. Quanta diferença! Estou ecandalizado! Não vejo sacralidade nos atos litúrgicos daquela Diocese, sobretudo no Santo Sacrifício da Missa. E tudo sob o báculo do senhor Bispo Diocesano. Só para o senhor ter uma noção do que acontece na Diocese: os Ministros Extraordinários osculam o Santo Altar junto com o Presbítero na procissão da entrada; os mesmos Ministros “erguem” o Cálice e/ou a Patena ou a Âmbula com o Presbítero no momento da Consagração; a Santa Eucaristia é distribuída como “self-service”. Fica disposta sob as Duas Espécies sobre um banquinho de madeira: o comungante recebe o Santíssimo Corpo de Cristo das mãos do Ministro e “molha” no Preciosíssimo Sangue do Senhor, “sacode” e comunga, Deus sabe como; os Matrimônios são realizados sob músicas protestantes e, se houver comunhão, são os noivos que entregam a Santíssima Eucaristia um ao outro… Isso tudo é considerado normal pela comunidade. É questão de costume!
Não muito distante das profanações da Diocese da Cachoeiro está a Arquidiocese de Vitória: dia desses, enquanto passava férias num famoso balneário capixaba, fui à Santa Missa de domingo – Epifania do Senhor. A igreja bem cheia, formava-se a procissão de entrada com Ministros e Leitores vestidos com uma espécie de capa, que parecia uma casula sacerdotal. No final, estava uma figura que me deixou preocupado: o Padre paramentado com uma túnica ampla com motivos tribais indígenas ou africanos, com uma estola que seguia o mesmo estilo, tinha um cabelo ouriçado e comprido, lembrando-me a aparência da cantora Maria Bethânia. Antes mesmo de os ritos iniciais acontecerem, o Padre, que também revelou-se um cantor, entoou o canto: “Este ano quero paz no meu coração”. A assembleia o acompanhou. Na homilia, além dos cantos profanos utilizados pelo presbítero, termos como “o Cara” (nosso Senhor), “aquela parada” e “Deus não é propriedade de uma única Religião” seguiram-se sucessivamente. A Santa Missa foi toda celebrada, ou “profanada”, com o padre utilizando-se de ritmos da “Folia de Reis” para “cantar o Santo Sacrifício”, inclusive o Prefácio e a Oração Eucarística, arriscando-se numa dancinha debochada sobre o presbitério! Mas, na Consagração, o padre cantor inovou: ele usou o estilo de música profana conhecido como “rap” para dizer as Palavras Santas! Algumas pessoas ficaram de boca aberta, incrédulos no que viam e ouviam. Outros, contudo, ensaiaram até uns passinhos para acompanhar o “digno” celebrante. No final, recebemos a bênção da seguinte forma: “Ide em paz, sem colesterol, sem diabetes, com muito vatapá, acarajé, muito axé etc”. Com certeza o presbítero estava no local errado: seu lugar era num terreiro de candomblé!
Acredito, respeito e aceito o Concílio. Ele é autêntico e belo. Acho que o erro não está no Vaticano II. O erro está na libertinagem do clero e dos ritos que ele – o Concílio, proporcionou através de interpretações equivocadas e pagãs nas várias correntes surgidas após sua realização. E o Povo de Deus é fiel ao clero, não à Tradição, ao Magistério e aos Ritos. O que os padres fizerem está certíssimo, mesmo que a Igreja condene! É assim que o povo entende. Basta ver o que o padre Marcelo Rossi e o pessoal da Canção Nova fazem sobre o presbitério.
Como já dissera no início, na minha Diocese de origem existem os padres e os fiéis da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, antes chamados de “Tradicionalistas”, por se recusarem a aceitar as modificações trazidas pelo Concílio Vaticano. Eles permaneceram excomungados por anos, até que o saudoso Santo Padre João Paulo II levantou suas penas, sob as condições que o senhor mesmo sabe. Eu estava na Catedral de Campos naquela data, em Janeiro de 2002, e sou testemunha ocular dessa grande reconciliação. Só a partir do retorno dos “Tradicionalistas” ao seio da Igreja é que “assisti” à Santa Missa no rito de São Pio V: belíssima, cheia de significado e de sacralidade. Mas, continuo a preferir a Santa Missa de Paulo VI, desde que bem celebrada, ou seja, desde que celebrada da forma correta.
Contudo, após ser testemunha de tantas profanações à santa liturgia pós-conciliar, e ver que o clero pouco ou nada faz para que o Missal seja observado e sejam excluídos definitivamente os improvisos na Santa Missa, começo a me convencer de que precisamos retornar ao Concílio de Trento, com suas alterações, e celebrar os Santos Mistérios da forma que são celebrados pela Administração Apostólica, com exceção dos textos das Leituras, que deveriam acompanhar o calendário atual e em vernáculo. Vou rezar para o nosso Santo Padre direcione a Igreja de Cristo neste caminho.
A autodemolição da Igreja está acontecendo? Acredito que não, pois, “as portas do Inferno não prevalecerão contra ela”. Não acredito também que a Barca de Pedro vá afundar. Mas, que está “fazendo água”, isso está!
Prezado Professor Orlando, termino essas linhas com o temor de que estejamos entrando numa nova fase negra da Santa Igreja, como aconteceu na Idade Média, e que meu querido filho de pouco mais de um ano cresça com saúde, tenha seus próprios filhos (ou me dê a graça de ser sacerdote), envelheça e nunca saiba o que é participar de uma Santa Missa celebrada dignamente.
Rezemos ao Senhor, pedindo a intercessão de Santa Tereza D’Ávila, de São Francisco e de São João Maria Vianney, para que o “Corpo Místico de Cristo” se cure dessa doença!
Uma Santa Missa bem celebrada já é coisa rara.
São Pedro e São Paulo – colunas santas da Igreja, rogai por nós!
Fraternalmente.
Marcio Manhães Motta
- Seção: Cartas
- Assunto: Doutrina Católica
- Temas: Liturgia • Missa Nova • Missa Tridentina
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