Peça de teatro sobre o aborto
Autor: Orlando Fedeli
- Consulente: Matheus
- Idade: 16
- Localizaçao: Rio de Janeiro – RJ – Brasil
- Escolaridade: 2.o grau em andamento
Caro Orlando Fedeli,
Aprecio mto o seu trabalho, e minhas eventuais dúvidas tiro no seu site. Mas enfim, meu problema é o seguinte.
Sou coordenador do Grupo Jovem de minha paróquia, e vamos realizar um Encontro de Jovens. No encontro, a equipe trabalhadora vai montar uma peça de teatro sobre o aborto, para que os novatos no Grupo assistam e votem no final. Eles vão decidir no final se a jovem deve fazer o aborto ou não. Como este assunto dá margem a uma discussão mto polêmica, sei que temos que tomar alguns cuidados. Para que tudo corra bem, como o senhor recomenda que façamos o fim da jovem que não faz o aborto? E quando ela aborta?
Obrigado
A paz de Cristo e o amor de Maria
Prezado Matheus, salve Maria!
Agradeço-lhe a confiança que você deposita no site Montfort. E já que você me pede conselho, atrevo-me a dar-lhe algum.
Você me diz que vai organizar uma peça de teatro sobre o aborto, para que “os novatos no Grupo assistam e votem no final. Eles vão decidir no final se a jovem deve fazer o aborto ou não“.
Permita-me você discordar dessa colocação.
Nem os veteranos, nem os novatos podem “decidir” o que é certo e o que é errado numa questão moral. E muito menos pelo voto. A Maioria não decide o que certo ou o que é errado. As coisa são como são. Na Revolução Francesa, certa vez, num clube, se votou, se Deus existia, e Deus teve só dois votos. Você acha que Deus, então, deixou de existir?
“Qui habitat in coelis irridebitur eis”, diz o salmo (“Aquele que habita nos céus ria-se deles“). E ria-se também da votação deles.
O aborto é crime condenado pela lei natural, pela razão, e pela Igreja Católica. Ninguém tem nada que votar e decidir nessa questão. Ainda que todos os homens, unanimemente, aprovassem o aborto, ele continuaria crime.
É Deus que condena o aborto, no quinto mandamento: “Não matarás”.
O feto é um ser humano e tem direito à vida.
Meu caro, já que você é católico, veja que, quando Nossa Senhora concebeu a Jesus por obra do Espírito Santo, ela foi visitar a Santa Isabel, e esta a saudou dizendo a Nossa Senhora: “De onde me vem a graça de ser visitada pela Mãe de meu Senhor?”.
Santa Isabel saúda Maria Santíssima como a “Mãe do Senhor”, como a Mãe de Deus. Ora, a Virgem Maria estava grávida há pouco tempo. Se o feto não fosse ser humano, Maria não poderia já ter sido chamada “Mãe do Senhor”. Portanto, se ela já era a Mãe de Deus, então o feto já é ser humano desde a concepção. Portanto, é crime abortar. Colocar em votação o que Deus já condenou, é favorecer o relativismo, afirmando que o bem e o mal podem ser decididos pela maioria através de votação.
Não faça isso.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
Replica
Caro Orlando Fedelli,
Quando eu disse que o final as pessoas decidem, não quis dizer que elas escolhem algo certo, mas sim o que elas fariam na situação da jovem. Se as pessoas optassem pela jovem fazer aborto (o que indicaria que eles fariam o mesmo) mostrariamos o que aconteceria com a jovem, ou seja, ela viveria uma vida de angústia e de arrependimento. Caso contrário, viveria uma vida difícil, mas iria criar a criança, e anos depois, olharia pro futuro feliz por não ter optado pelo aborto. Entendeu?
Mas de qualquer forma, por ser um tema mto polêmico que involve filosofia e etc. decidimos deixa-lo de lado, pois tentar enfiar na cabeça de um jovem recém chegado na Igreja que aborto é ruim, pode ser perigoso.
Obrigado pela ajuda
Matheus
Prezado Mateus, salve Maria!
Sua mensagem, infelizmente, não deixou muito claro o seu pensamento.
Entretanto, devo dizer-lhe que sempre se tem a obrigação de dizer a verdade. E esse dever é ainda maior quando se trata de combater o aborto que é um crime que brada ao céu vingança, pois o feto é um ser humano, ele é assassinado sem possibilidade de defesa. É pois um crime hediondo. Não é porque um tema causa polêmica que isso nos dá o motivo para evitar discuti-lo. Seria omissão preguiçosa e covarde.
Devemos combater o aborto em qualquer circunstância.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.
Replica
Caro Orlando Fedeli,
Concordo plenamente com a concepção da Igreja contra o aborto… mas eu acho que se trata de uma discussão altamente filosófica que no final das contas deixa a pergunta… o feto tem alma ou não. Não omito isso a ninguem, e sempre estou disposto a responder qdo me perguntam, mas prefiro que isso se dê de maneira natural, como numa aula de Catequese, de Crisma, e não em um teatro, de forma impactante…
Em Cristo,
Matheus
Prezado Matheus, salve Maria!
Alegro-me que você esteja disposto a concordar — e que concorda– com a concepção da Igreja sobre o aborto.
É claro que o feto, sendo um ser humano, tem que ter alma.
Em primeiro lugar, quero lembrar-lhe que é dogma da Igreja que Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, isto é, que desde o primeiro instante de seu ser Ela foi isenta da mancha original. Logo, Ela tinha alma desde o primeiro instante de seu ser.
Depois, devo lembrar que todo ser tem matéria e forma, e que a forma humana é a sua alma racional. Se o feto não tivesse alma, ele seria uma mera excrescência material, vivificada pala alma da mãe. Entretanto, a ciência mostra que o feto, desde a sua primeira célula original, tem vida autônoma. Logo, o feto é vivificado por um alma própria, e não pela alma da mãe. Logo, o feto já é um ser humano, desde o primeiro instante da fecundação da célula original.
Aproveito a ocasião para desejar-lhe, pessoalmente um santo Natal, para você e para toda a sua família.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
Replica
Caro Orlando Fedeli,
Obrigado por me explicar o porquê do feto ter alma… finalmente consegui entender.
Em breve, gostaria de enviar mais dúvidas para que o senhor me explique mais.
Um feliz Natal
Matheus
Muito prezado Mateus,
salve Maria!
Que bom que você compreendeu! Fico muito contente com isso. E também porque isto nos faz amigos.
Que Deus o guarde sempre em seu serviço e um bom Natal para você.
in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
- Seção: Cartas
- Assunto: Doutrina Católica
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