Ignorância sobre os santos
Autor: Orlando Fedeli
- Consulente: Ricardo Lopes de Lima
- Localizaçao: São Paulo – SP – Brasil
- Escolaridade: 2.o grau concluído
- Religião: Católica
Prezado Prof. Fedelli
Antes de mais nada, gostaria de parabeniza-lo por sua obra e pela sua militância em prol da santíssima igreja católica apostólica romana. Este site me é muito útil para o esclarecimento no que se refere a doutrina da santa igreja, história geral e literatura.
Estou lhe enviando este e-mail no intuito de esclarecer algumas dúvidas pessoais sobre a relação entre igreja e fiéis. Já faz algum tempo que venho me interessando pela história da santa igreja. Li algumas encíclicas, bulas e livros sobre a vida dos santos. Por este assunto em particular, a hagiografia, tenho grande apreço. Posso dizer que passei boa horas na santa paz de Deus enquanto lia sobre a vida e obra de Dom Bosco, Santo Atanásio, Santo Antão, São Clemente Maria de Hoffbauer, São João Maria Vianey, o grande cura de Ars, Santo Inácio de Loyola e muitos outros. Este tipo de leitura me ajuda a tentar amar verdadeiramente a Deus, como estes homens amaram, e sua justiça; me ajuda, a fortificar a minha fé. E este é o ponto. Com o passar do tempo eu observei que a maioria da população católica, vou me concentrar na do Brasil, pois não tenho informações suficientes de outros países, não conhece a igreja histórica. Me parece que o que alimenta a fé dos fiéis é a ajuda provinda dos céus para os problemas domésticos, tais como trabalho, saúde e relação conjugal. Dificilmente, pelo que tenho observado, uma pessoa pede a intercessão de Nossa Senhora para que ele não peque contra a castidade, por exemplo; ou para que ele se torne um novo apóstolo de Cristo.
A pergunta professor é a seguinte: Por que a igreja nunca trabalhou neste sentido? Veja, eu nunca vi ouvi falar em meu bairro ou em outro qualquer de um padre que de palestras a respeito da batalha de Lepanto ou sobre a revolução francesa . É claro que os tempos são outros, pós o concilio Vaticano II, mas sinceramente, eu penso que seria de uma desonestidade intelectual tremenda de minha parte, afirmar que este concilio é o responsável por este vácuo, pois em um país de mais de 500 anos de catolicismo, não se encontra o menor vestígio na população católica de fatos históricos da igreja. O que alimenta a mente perturbada de um revolucionário, senão a esperança de um paraíso terrestre e o “exemplo de coragem de seus mártires”? Pegue uma pobre alma dessas que defendem a quadrilha partidária do PT e vejam se ele não sabe quem foi Mao Tse, Stalin, Lênin, Gue Vara e tutti quanti. Agora um católico não tem a menor idéia de quem foi um Damião De Veuster ou um São Tomás Morus. Ambos, por motivos diferentes é claro, doaram suas vidas pela fé em nosso Senhor, com uma coragem e um amor ao próximo que comove a qualquer cidadão católico. Eu tenho certeza que um jovem, e até mesmo um adulto, ficaria admirado com estória desses homens e sua conversão a santa igreja seria mais valorosa, pois teríamos católicos com C maiúsculo e não apenas um bando de gente que comunga no domingo e logo em seguida vai pro forró par dançar agarradinho. Nós temos os heróis que os jovens querem, mas suas vidas não são de conhecimento público. Dom Bosco é um santo, podemos dizer, recente. E que vida maravilhosa, que exemplo de amor a Cristo e a Nossa Senhora, que exemplo de educador e de filho. Resumindo, eu gostaria de saber por que o católico só encontra o conhecimento, por conta própria e através de associações ou grupos de leigos como o do senhor.
Espero ter sido claro e aguardo, se possível, tendo em vista que o professor é um homem muito ocupado, sua resposta.
Atenciosamente,
Ricardo
São Paulo- Capital.
Salve Maria.
Tem razão também ao notar que, essa ignorância não é simplesmente posterior ao Concílio Vaticano II. Data de tempos muito anteriores ao Concílio. E isso prova que há muito tempo se veio preparando — ou despreparando — os católicos sobre como viveram os santos, como combateram seus defeitos e tentações e como combateram as heresias e erros de seu tempo. No máximo, contavam uma história edulcorada e enervada da vida de um santo. Foi feita uma propaganda sistemática para introduzir entre os fiéis uma visão falseada da santidade.
Seria falsear a visão da realidade imaginar que essa deformação da ascese e do caminho para a santidade tenha atingido apenas os leigos. Pelo contrário, ela foi feita principalmnete nos seminários e foi uma das causas da deformção do clero atual. Há exceções honrosas, é claro, mas o que se nota no clero, através dos sermões e dos escritos publicados é uma ignorância pasmosa da História da Igreja e mesmo da doutrina católica. Parece que os padres só têm tempo para assistir a novela das 8hs. E certos Bispos se preocupam quase só com a política. Suas falas parecem mais a de candidatos a vereador do que pregações de sucessores dos Apostólos. Uma vergonha!
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
- Seção: Cartas
- Tema: Prática Cristã
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