Em meio a tantos abusos…como dirigir o louvor a Deus?
Autor: Orlando Fedeli
- Consulente: Juliane
- Localizaçao: Cascavel – PR – Brasil
- Escolaridade: Superior concluído
- Religião: Católica
Prezados integrantes da Associação Montfort,
Salve Maria, Mãe do meu Senhor!
Primeiramente, gostaria de somar-me àqueles que elogiam vosso site: nunca deparei-me, anteriormente, com tamanha argumentação, tão solidamente embasada. Também, quero agradecer-lhes pela resposta à minha questão anterior.
Pois bem, em meio a tantos abusos hoje praticados nas igrejas, a toda hora surgem dúvidas sobre como agir. Hoje, gostaria de perguntar se pode-se aceitar esses Shows de bandas católicas (Anjos de Resgate, DOM, entre outras) que são realizados direcionando-se aos jovens? Estou consciente que durante a missa esses tipos de músicas não devem ser permitido, mas, em outras ocasiões, em outros ambientes, pode-se louvar a Deus com estas músicas que,geralmente expressam louvor e adoração à Deus? Hoje em dia muitos jovens deixaram de escutar músicas mundanas, se dedicam e criam seus ministérios de louvor, ou seja, eles abandonam o mundo e querem louvar a Deus. Eu mesma, canto e gostaria muito de fazer parte de um ministério de louvor, mas depois que tornei-me leitora assídua do vosso site, já não não consigo compreender se isto seria certo ou errado. Será que Deus não aceitaria minha adoração dirigida e Ele dessa forma? Por favor, estou muito confusa e necessito de orientação.
Certa de vossa resposta, desde já agradeço.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Mãe Maria Santíssima!
Uma vez um padre estava percorrendo sua igreja ao meio-dia… ao passar pelo altar decidiu ficar perto para ver quem tinha vindo orar.
Nesse momento se abriu a porta. O padre franziu o rosto ao ver um homem chegando perto pelo corredor: o homem estava sem fazer a barba há vários dias, vestia uma camisa rasgada e tinha seu agasalho tão gasto que as beiradas já tinham começado a desfiar.
O homem se ajoelhou, inclinou a cabeça, e logo se levantou e saiu.
Durante os dias seguintes, o mesmo homem, sempre ao meio-dia, estava na igreja carregando uma maleta… se ajoelhava brevemente e logo saia de novo.
O padre, um pouco receoso, começou a suspeitar que se tratasse de um ladrão, razão pela qual um dia se postou na porta da igreja e, quando o homem estava prestes a sair, perguntou-lhe:
– O quê você faz aqui?
O homem disse que trabalhava em uma fábrica a caminho da Igreja e tinha meia hora livre para almoçar e aproveitava esse momento para orar.
– Eu só fico por uns momentos, você sabe, porque a fábrica fica um pouco longe.
Por isso eu apenas me ajoelho e digo:
“Senhor, só vim novamente para te contar quão feliz me faz quando vem ao meu encontro. Não sei orar muito bem, mas penso em ti todos os dias…Por isso, Senhor, aqui é o João se reportando”
O padre, sentindo-se um tonto, disse a João que estava tudo bem e que ele seria bem-vindo na igreja quando quisesse.
O padre se ajoelhou diante do altar, sentiu seu coração ser derretido pelo grande calor do amor e, enquanto suas lágrimas corriam pelas bochechas, em seu coração repetia a oração de João:
– “Senhor, só vim para te contar, quão feliz me faz quando vem ao meu encontro através de meus semelhantes. Não sei orar muito bem, mas penso em ti todos os dias…Por isso, Senhor, aqui sou eu se reportando”
Um certo dia o padre reparou que o velho João não tinha vindo. Os dias continuaram a passar sem que João voltasse para rezar. Continuava ausente, por isso o padre começou a ficar preocupado, até que um dia foi à fábrica perguntar por ele; ali lhe informaram que João estava doente, e que mesmo os médicos estando muito preocupados com sua saúde, ainda acreditavam que tinha a possibilidade de sobreviver.
O tempo que João esteve no hospital trouxe muitas mudanças. Ele sorria todo o tempo e sua alegria era contagiosa. A enfermeira chefe não conseguia entender por quê João estava tão feliz, já que nunca havia recebido nem flores, nem cartões, nem visitas.
O padre se aproximou ao leito de João com a enfermeira, e esta lhe disse, enquanto João escutava:
– Nenhum amigo havia vindo visita-lo, ele não tem a quem recorrer.
Surpreso, o velho João disse com um sorriso:
– A enfermeira está errada… mas ela não pode saber que todos os dias, desde que cheguei aqui, ao meio-dia, um querido amigo meu vem, se senta aqui na cama, me segura as mãos, se inclina sobre mim e diz:
-” João, só vim para te contar, Quão feliz me fez desde que encontrei sua amizade E tem vindo todos os dias ao meu encontro. Sempre gostei de ouvir tuas orações, Penso em ti a cada dia… Por isso, João, aqui é o Senhor se reportando.”*****Espero que tenha gostado, e que você a aproveite.Mando-lhe também uma poesia de um grande poeta francês, Paul Claudel, sobre uma visita a uma igreja, ao meio dia, para honrar Nossa Senhora.Como não sei se você entende francês, dou-lhe a tradução dos primeiros versos:
A VIRGEM , AO MEIO DIA.É meio dia. Eu vejo a igreja aberta. É preciso entrar.Mãe de Jesus Cristo, eu não venho rezar.Eu nada tenho a vos oferecer, e tenho tudo a vos pedir,mas, agora, Mãe, eu vim apenas para vos olhar.Vos olhar, e saber isto: que sou vosso filho e que vós estais aí.Meio dia! Nada senão por um momento, quando tudo para.Estar convosco, ó Maria, neste lugar em que vós estais. EtcSe você gostou, e se entende francês, escreva-me, e lhe mandarei a poesia inteira.Por fim, você me pede um conselho, e, porque você o pediu, eu lho dou: não entre nesses grupos carismáticos. É melhor rezar sem alardeImite o pobre João. E que Nosso Senhor lhe faça sempre companhia.
Escreva-me sempre, e se você vier, um dia, a São Paulo, conte com nossa hospedagem, que é dada por amor de Deus cobrando apenas uma Ave Maria por nossas almas.In corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
Replica
Muito prezado Professor Orlando,
Salve Maria!
Gostaria de novamente agradecer sua resposta à minha questão. E fique o senhor sabendo que já o considero como um amigo e professor de catecismo e rezo para que o senhor e sua Equipe continuem a desenvolver este trabalho tão necessário aos católicos, hoje tão desnorteados (por falta de conhecimento da Doutrina Católica).
Agradeço a historinha do João que serviu para orientar-me e os versos da poesia da Virgem ao meio dia e, aproveito para dizer-lhe que não entendo francês.
Primeiramente, gostaria de fazer um breve relato de minha história para que o senhor tenha noção do porquê eu ter tantas dúvidas e fazer tanta confusão em minha mente. Nasci em lar católico, meus pais são ucranianos e fui batizada na Igreja Ucraniana. Porém, pelo fato dessa igreja ser um pouco distante da nossa casa, eu sempre freqüentei a Igreja católica com ritos latinos. Desde criança, sempre estive presente na igreja, aprendi a tocar violão, amava cantar na missa, participava de festivais…enfim, aquele era meu mundo. Algumas vezes eu ia na missa na Igreja Ucraniana mas achava a missa “muito chata e desanimada”. Então por isso eu preferia a outra missa. Porém, há uns 7 anos atrás, eu comecei a desencantar da Igreja e não encontrava sentido em freqüentar a missa. A partir daí meus finais de semana eram assim: sábado ia no baile e domingo ia cantar na Igreja – e achava tudo normal. Só que, passado um tempo, com influência de amigos protestantes e falta de conhecimento da doutrina da única Igreja Verdadeira, comecei a freqüentar essas seitas nas quais eu “sentia-me” muito bem, parei de freqüentar os bailes – todas essas coisas que os protestantes não fazem – e, a partir daí começaram os conflitos em casa. Lembro-me uma vez que ele me disse: – Se você namorar e casar com alguém dessa seita, pode esquecer que eu não vou no seu casamento! E eu na época fiquei muito indignada. (hoje rendo graças à Deus por ter um pai católico e educado com base no catecismo de Trento). Minha mãe não conseguia mais nem rezar por ver-me afastada da Igreja (fiquei sabendo isso pela minha vizinha que considera minha mãe como mãe dela). Quando minha vizinha contou-me isso eu confesso que fiquei perdida. Eu pensava: mas eu estou buscando a Deus, será que eles não vêem? Enfim, eu estava muito influenciada pela lavagem cerebral que esses protestantes nos fazem. Resolvi pisar no freio e parei de participar dessas seitas. Voltei para a Igreja Católica em março deste ano (porém eu ainda não sabia o verdadeiro significado da missa). Eu buscava um rumo para minha vida e ainda não tinha encontrado. Não demorou muito, vi-me influenciada pela Renovação Carismática. E, para piorar, fiquei interessada no baterista do ministério de música (daí as minhas dúvidas quanto as músicas por elas tocadas). Porém, lembro que logo quando deparei-me com a RCC, um dia quando fazia uma busca na web à respeito do Protestantismo, encontrei o site Montfort e já de cara li algo a respeito da RCC, como se fosse um aviso “Não entre, é fria!!!” . Mas como a maioria das pessoas, deixei-me levar pelos sentimentos e fechei os olhos à verdade. Resultado: participei durante dois meses e foi o suficiente para criar mais confusão na minha mente. (Em outra correspondência escreverei alguns dos muitos abusos e heresias que ocorrem nestes ambientes carismáticos). Em meio a tanta confusão, comecei a ler assiduamente o site Montfort.
Hoje, graças à Deus, eu sei que a missa é a renovação do sacrifício do calvário(por favor, corrija-me se estiver errada) e, por si ela é um ato triste e fico indignada quando vejo o povo batendo palma e se requebrando enquanto Cristo se nos dá em Corpo e Sangue… Sei também, que eu tenho que conhecer a Doutrina da Igreja, oque estou fazendo aos poucos. E agradeço a Deus porque posso freqüentar a Igreja Ucraniana que, pouco se deixou influenciar pelo Vaticano II.
Mas eu tenho muitas dúvidas e poucas ou quase nenhuma pessoa próxima a mim, capacitada em esclarecê-las. Por isso recorro a vocês!
O que acontece comigo hoje é que, em meio a tantas contradições estou em um ponto que já não sei mais o que eu posso pedir à Deus em minhas orações. Por exemplo, nas seitas protestantes e na RCC eles sempre tem mania de colocar Jesus à serviço deles: “Peça aquilo que você quer em nome de Jesus e Ele te atenderá”, “Deus tem um plano maravilhoso em sua vida”, “Deus tem preparado um excelente esposo para você”. São coisas que qualquer pessoa quer ouvir. Como minha mente está muito confusa, agora eu comecei a questionar e desacreditar em quase tudo o que eu ouço. Então, por caridade, me esclareçam:
- Deus tem um plano de vida, enfim, Ele tem pré-definido o destino de cada um?
- Como eu sou solteira, será que eu posso pedir a Deus que Ele me dê um esposo (Católico Apostólico Romano, de verdade)?
- Voltando à questão das músicas, um católico pode ouvir estas músicas mundanas que tocam no rádio? Se não, o que ouvir? No mundo de hoje, eu já estou sentindo-me quadrada!
- Um católico pode freqüentar esses bailes que fazem nas igrejas, nessas festas?
- Como ter a certeza que Deus nos ama e ouve nossas orações?
Eu tenho muitas outras questões, mas por hoje é o suficiente (imagine se eu estivesse pessoalmente com o senhor, numa hora dessas seus ouvidos já estariam doendo!!!)
Peço que, por ter um conteúdo, de certa forma, confidencial, esta carta de hoje não seja publicada. A primeira carta (01/09/2004) não tem problema pois, poderá ajudar a outros que tenham dúvida.
Que Deus o abençoe sempre, Professor Orlando e que Maria esteja sempre intercedendo vosso trabalho.
Muito obrigada e fique com Deus!
Juliane
Orlando Fedeli.
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