A fórmula da fé
Autor: Orlando Fedeli
- Consulente: Tiago Natel de Moura
- Localizaçao: Penha – SC – Brasil
- Escolaridade: Superior em andamento
- Profissão: Bolsista
- Religião: Ateu
Oi !
Venho em paz, sou estudante, curso o 1º ano de Física na UFSC e tento ao máximo compreender as religiões de um modo mais científico.
Tudo que o Sr. me ensinar eu agradeço, o que eu preciso é de respostas.
Já andei lendo o site Montfort e admito o seu total entendimento do assunto, tanto científico como (é lógico) religioso e peço a sua ajuda.
A minha família é quase toda formada por católicos, ou se dizem. A minha mãe é a unica da família que estuda a religião e a ensina, pois ela organiza grupos de reflexão e dá aulas de catequese.
Eu e ela discutimos muito, muito mesmo.
Mas o que venho a questionar hoje é sobre o problema da ciência e a religião!
Já andei lendo as Provas da Existência de Deus de São Tomás de Aquino e achei muito interessante e notei que muitas destas análises faltam a física, mas estas provas fazem com que Deus torne-se algo sem personalidade alguma.
Não conhecia as provas de São Tomás de Aquino e achei-as interessantíssimas, principalmente a Prova do Movimento e a “Prova da Existência de Deus pelo governo do Mundo”.
Não é sobre isso que escrevo, mas a III via, a prova da contingência, há (na minha opinião) um equivoco, pois faz-se uma análise puramente linear do fato.
Onde é dito:
“Ora, entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois é impossível que tenham sempre existido.” Porque?
Porque é impossível que tenham sempre existido?
Cuidado, pois a III via baseia-se na resposta da pergunta acima!
Não me vêm na cabeça nenhuma resposta lógica, nem científica e nem religiosa para apoiar que um ente deve ter um início.
“Porém, se nada existia, nada existiria hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo.”
A frase acima é corretíssima e lógica. (A não ser que Stephen Hawking e sua teoria das partículas Virtuais esteja correta, se for o caso elas se criam sozinhas e aleatoriamente)
E se você for notar, a sua frase acima possui uma contradição com as “nossas” idéias.
Analisemos: “Porém, se nada existia, nada existiria hoje”, perfeitamente entendido e de acordo, mas…
“porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo.” Claro, mas isto aplica-se a qualquer ente, inclusive Deus. E voltamos a mesmo pergunta boba de criança: “Quem criou Deus?”
Mas não foi sobre isso que escrevi para você.
É pra falarmos do Génesis!
O Génesis é apenas algo simbólico? Ele deve ser interpretado? Deus criou o universo em “7 dias”?Se as respostas as duas primeiras perguntas anteriores forem um “não”, então eu não entendo mais nada!
Gostaria eu que a resposta fosse “Sim”, pois como Deus poderia explicar a um povo (desculpe a palavra) “ignorante” como Ele criou o Universo!
Já fiz esta pergunta a várias pessoas e algumas me disseram “Sim”, outras disseram “Não”. Se “Não”, então…
1 No princípio criou Deus os céus e a terra.
Deus criou os Céus e a Terra no mesmo dia?
Tá certo, a palavra dia perde totalmente o sentido.
As teorias atuais indicam que o Universo deva ter entre 13 e 14 bilhões de anos.
Ajustando cada dia bíblico equivalente a 2 bilhões de anos, temos que Deus criou o Universo em 7 dias.
Mas assim a Terra teria de possuir uma idade de mais ou menos 12 bilhões de anos, o que desqualifica totalmente a idéia.
A terra possui com certeza uma idade entre 4,5 bilhões de anos, ou seja, bem recente. E sei que os estudos bíblicos mais exagerados dão uma idade de apenas 6000 anos a terra.
Tendo Deus feito a Terra no primeiro dia e a terra tendo somente 6.000 anos então ela deveria ser o ente mais velho do universo. Ou um dos mais velhos. Mas não. Quando miramos telescópios ao espaço enxergamos estrelas, galáxias, clusters inteiros a distancias maiores de 12 bilhões de anos-luz. Ou seja, a luz destas estrelas demoraram mais de 12 bilhões de anos para chegar até aqui. Mas segundo o Génesis, Deus fez a luz somente depois de criar a Terra e assim ela própria cai em contradição.
Espero que você possa me ajudar e saiba que venho em paz e as perguntas que faço são apenas para tentar compreender e buscar a fé, que por mais que eu tenta, não consigo alcançar.
Mas depois de tudo isso, vemos que Deus somente criou as estrelas no quarto dia, sendo assim as estrelas deveriam ser muito mais jovens que a terra. O que torna-se impossivel.
São dúvidas que me arrasam e tiram-me o sono. Desculpe pelo tamanho da mensagem, é que acredito que você pode ajudar-me a entender a estas questões, pois eu apesar de não conseguir acreditar em Deus, tento muito acreditar.
Teria muitos outros assuntos para falar, como Mecânica Quântica, Teoria da Relatividade, Teoria do Caos (Aqui há com certeza uma identificação com Deus), etc… mas já excedi-me de mais.
Obrigado pela Atenção!!!
Salve Maria.
Agradeço-lhe sua confiança e suas palavras.Deus lhe pague. Não discuta com sua mãe, mas peça a ela que reze por você. Quem viu a pópria mãe rezando, acaba católico.
“Não me vêm na cabeça nenhuma resposta lógica, nem científica e nem religiosa para apoiar que um ente deve ter um início”.
Meu caro Tiago, você e eu somos entes que nem sempre existimos.
O Gênesis é um livro que deve ser entendido como histórico. O que não significa que ele não use símbolos. Veja por exemplo, no primeiro dia Deus fez a luz. Mas só no quarto dia Ele fez o sol. Então como havia primeiro dia? De onde veio a luz do primeiro dia?
“1 No princípio criou Deus os céus e a terra“.
Céus significa aí todas as criaturas espirituais e terra todas as criaturas materiais. E é por isso que no credo dizemos que: “Creio em um só deus, Pai todo Poderoso, criador do céiu e da terra, de todas as coisas visíveis (Terra) e invisíveis (Céus, os anjos)”.
É falso que os estudos bíblicos dão a terra 6.000 anos. Esse cáculo é de alguns rabinos e de pastores protestantes, não da Igreja Católica.
Que o sol, a Lua e as estrelas tenham sido criadas no quarto dia é uma figura de linguagem. Lembre-se que já no início Deus fez tudo de uma vez:céus e terra, seres visíveis e invisíveis.
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
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