Polêmicas

Magistério Episcopal sem Diálogo
PERGUNTA
Nome:
Pe. Franz Hörl
Enviada em:
26/03/2008
Local:
Anápolis - GO, Brasil
Profissão:
Sacerdote


Pe. Franz Hörl, Paróquia de Nossa Senhora d"Abadia/Diocese de Anápolis                                                                                                                  
7 de março de 2008,    Memória das Santas Mártires Perpétua e Felicidade
 
                                                                       
Magistério Episcopal sem Diálogo
 
                       
Peço ao site "Montfort" a gentileza de publicar esta resposta à "Declaração Oficial" da Diocese de Anápolis, de 28 de Janeiro de 2008.
 
Somente agora tomei conhecimento dessa "Declaração" do Vigário-Geral, com os membros do Conselho Presbiteral, que se vira contra a minha "carta" (intitulada "Magistério em Diálogo"), de maio de 2005.
 
 
1) Qual foi o motivo para escrever e distribuir aquela "carta"?
 
1.1 Logo após ter assumido o Bispado de Anápolis, em agosto de 2004, Dom Frei João Wilk OFMConv. patenteou querer, não continuidade, mas ruptura radical e agressiva contra a "linha pastoral" do seu antecessor Dom Manoel Pestana, Bispo desde 1978. Por imposições rigorosamente não dialogadas, nem com o povo nem com o clero, de mudanças litúrgicas, contrárias aos hábitos da maioria dos fiéis e dos sacerdotes, Dom J. Wilk manifestou uma intolerância absoluta e uma intransigência férrea de padronização uniforme até aos menores detalhes.
 
1.2 Uma parte do clero diocesano, apoiando-se nos documentos do Magistério da Igreja, no Direito canônico e nas normas litúrgicas, pediu, por meu intermédio, um encontro de diálogo com o nosso sr. Bispo, em fevereiro de 2005.
Este, porém, se recusou, terminantemente, a nos ouvir!
 
1.3 Elaborei um estudo teológico-litúrgico-pastoral, contendo a argumentação referente aos nossos questionamentos à pastoral do sr. Bispo. Entreguei um exemplar à Cúria Diocesana para o sr. Bispo e outros aos sacerdotes interessados no assunto. Foi em março/abril de 2005.
 
1.4 Não houve nenhuma reação do sr. Bispo nem do Conselho Presbiteral, no sentido de conversarmos sobre as críticas e os argumentos apresentados. Foi por isso, que das 35 páginas do "estudo" fiz um resumo de duas páginas e meia, com a intenção de apresentá-lo na reunião do clero. Antes da reunião entreguei uma cópia ao sr. Bispo com o meu pedido de falar.
(Sob o pastoreio, pois, de Dom Manoel, nós tínhamos a liberdade de apresentar no plenário da reunião do clero, qualquer questão de relevância.)
Dom Frei João Wilk não me deixou falar! Deste modo tive que distribuir a "carta" na rua, após a reunião.
 
1.5 Como neste tempo até o atual se acumulassem mais "dúvidas", além das anteriores não respondidas, o nosso grupo de sacerdotes diocesanos, por meu intermédio, foi pedir, novamente, uma audiência de diálogo e esclarecimento ao nosso Bispo Diocesano, Dom Wilk, em novembro de 2007.
Não fomos dignos de nenhuma resposta!
 
1.6 E, certamente, com "boas razões". Pois os argumentos estão do nosso lado, enquanto D. Wilk só sabe agir autoritaria e despoticamente, desobedecendo à vontade do Papa e do Magistério.
 
 
2) As acusações da "Declaração" contra minha "carta"
 
2.1 Prova da falta de argumentos do Ordinário local é essa "Declaração".
Ela não contém nenhum argumento material, só condenações formais e maldizentes. Você acha nela alguma resposta ao nosso questionamento?
 
-  Comunhão "em fila e em pé": é correto?
- Uso de mesa de comunhão: superado, proibido? (Aliás, Dom Wilk mandou arrancar mais uma da igreja-matriz da Paróquia de São Joaquim/Anápolis)
- Celebração "versus Deum": proibida? (O que fez o Papa, recentemente, celebrando uma missa pública, na Capela Sistina?)
- Missa Tradicional: pastoralmente, um horror? (E o "Motu Proprio" do Papa?!)
 
2.2 Nada disto na "Declaração" da Diocese! Nenhuma consideração concreta do conteúdo. Em vez disso, condenações verbais aparatosas, pompas de exageros! Imagine só, tudo quanto a minha carta apresentaria: inverdades, mentiras, juízos temerários, distorções, interpretações arbitrárias, manipulações, calúnia, difamação, falta de respeito...
Há quase três anos, o Bispo Diocesano, os Padres e a própria Diocese seriam vítima de tanta maldade minha! ("Que cabeça fértil em criar maldades!"—escreveu D. Wilk a meu respeito.)
 
 
2.3 Dita "Declaração", além do seu exagero verbal e da sua auto-compaixão, pretende impressionar, também, por sua longa lista de nomes, "abaixo-assinados", de padres e religiosos do Conselho Presbiteral, embora o teor dela deixe transparecer, claramente, a mão do bispo como autor do texto. Mais uma vez ele manda que os outros assinem para se esconder atrás do Conselho.
 
2.4 Em dezembro passado, os mesmos sacerdotes "conselheiros" foram obrigados a assinar uma carta, na qual sou acusado de ser um mau pastor de almas:
"Além disso, chegou ao nosso conhecimento que sua maneira de atuação pastoral tem afastado da Igreja fiéis da sua paróquia que eram de tradição católica." – escreveram para mim.
Como aqui, na paróquia, ninguém soube de tais afastamentos, fui visitar quatro dos membros do Conselho, pedindo explicação. Nenhum deles não soube dar nem a mínima informação a respeito. Em seguida, dirigi uma carta a todos os membros e ao Vigário-Geral, solicitando que me comunicassem, quais pessoas da minha paróquia, em quê circunstâncias e por qual atitude minha errada, ter-se-iam afastado?
Igualmente, e com "boas razões", não recebi nenhuma resposta. – É assim, agora, o tratamento entre nós, o clero de Anápolis que Dom J. Wilk polarizou ao extremo!
 
Aconselhou o líder revolucionário-bolchevista, Lênin: "Acusa os seus inimigos das coisas erradas que você mesmo pratica!"
Quem mente, acuse os outros de mentira; e quem calunia e difama, atribua esses pecados e "crimes" aos seus inimigos.
 
 
3) Conclusão
 
3.1 Eu e os demais sacerdotes do nosso grupo não somos rebeldes e nem refratários à orientação episcopal. Na falta de esclarecimento por parte do nosso Bispo Diocesano, acumularam-se dúvidas, especialmente quando os ensinamentos papais só podem ser interpretados a nosso favor.
Pelo contrário, nós, padres "conservadores" e "tradicionais" (que quer dizer: autenticamente católicos, apostólicos, romanos), estamos sendo difamados, caluniados e perseguidos em razão da nossa obediência à Santa Igreja e sua doutrina, liturgia, moral e disciplina em nome de uma discriminatória pastoral que mais se nos assemelha a uma voluntariosa ideologia!
 
3.2 Em vez de o Vigário-Geral com o Conselho Presbiteral despejar todo um arsenal de maledicências sobre a "carta", porque, simplesmente, não  respondam-na?
 
Porém, quem me atribui "mentira", prove-o!
Espero, pois, do Vigário-Geral e dos membros do Conselho Presbiteral, que não tenham somente a coragem de publicar as suas xingações, mas também a de se mostrarem honestos e justos, respondendo aos questionamentos concretos da nossa carta "com argumentação objetiva, clara e equilibrada" (como ditos membros se expressaram numa carta "abaixo-assinada" contra mim.)
 
Estamos, pois, esperando que esses presbíteros e "colegas" – ou então, S. Exa. Dom João Wilk -, alguma vez, encontrem, também, verdadeiramente boas razões (i. é razões cristãs de justiça e de caridade), para responder e dialogar conosco, em vez de mandar, enfurecidamente, condenações.
UT AMOR AMETUR – não é isso?
 
                                                        Saudações em Cristo!
 
                                                               Pe. Franz Hörl