Doutrina

Uso do incenso
PERGUNTA
Nome:
Márcio Ramos
Enviada em:
22/06/2006
Local:
São Paulo - SP, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior concluído
Profissão:
Advogado

Sou o turiferário (e também acólito) da minha paróquia. Gostaria de saber qual a origem da insensenção. É bíblico? Porque devemos fazer nas celebrações? Para que serve? No próximo sábado teremos o bispo D. Fernando celebrando na nossa paróquia, pois será a festa do padroeiro. Haveria alguma dica para eu fazer melhor esse serviço? Algum segredo para conseguir mais fumaça?
Muito obrigado.
Márcio.
RESPOSTA

Prezado Márcio, salve Maria.
 
O uso do incenso é um símbolo de oração. O ritual mosaico empregava o incenso em muitos sacrifícios, só ou com outros perfumes; havia também o altar dos perfumes em que se queimava incenso de manhã e de tarde. Os cristãos adotaram o cedo o uso do incenso. Em Jerusalém, no século IV, já se empregava em todos os grandes Ofícios.
 
O turíbulo era na sua origem uma caçoila (espécie de panela de argila ou metal) com brasas acesas, para acender os círios com que se abria o cortejo do imperador romano. Os papas adotaram esse costume, e o turíbulo apareceu não só no cortejo do papa e do Santo Evangelho, mas também ao redor do altar, umas vezes no chão, outras suspenso do ciborium. No século IX aparecem as incensações do altar, do clero, e dos ministros, incensações estas que se multiplicaram nos séculos seguintes.
 
Do turíbulo é inseparável a naveta, caixinha de metal em forma de pequena nave, em que se guarda o incenso.
 
Quanto ao uso do turíbulo devemos distinguir dois elementos: o ducto e o icto.
 
No momento da incensação segurando as correntes pela extremidade superior entre o polegar e o indicador com a mão esquerda sobre o peito e com a mão direita segurando a extremidade inferior da corrente com o polegar o indicador e o médio. Estando o turíbulo fechado, num só movimento, eleva-se a altura do rosto e dirige-se horizontalmente para a pessoa ou objeto a incensar, este é o ducto. Nesta posição imprime-se ao turíbulo um ligeiro movimento de oscilação em direção a mesma pessoa ou objeto, este movimento, de menor intensidade que o primeiro, é o icto, que pode ser realizado uma ou duas vezes conforme o caso. Daí temos o ducto simples (de um só icto), ou o ducto duplo (de dois ictos).
 
Depois de cada ducto, simples ou duplo, traz-se de novo, num só movimento, a mão direita até perto do rosto e desce-se até à altura do peito, à posição inicial.
 
Quanto ao número de ductos e ictos, temos a seguinte regra:
- três ductos duplos: o Santíssimo, a Cruz do altar, as Relíquias da Santa Cruz e outras da Paixão.
- dois ductos duplos: as relíquias e imagens dos Santos; os Ministros sagrados, os Prelados não revestidos de dignidade episcopal, os cônegos, o Celebrante na presença do Bispo que assiste pontificalmente no trono.
- um ducto simples: o altar, as oblatas, os Ministros inferiores.
- três ductos simples: as velas, as cinzas, os ramos e outros objetos, depois de benzidos; o pano da absolvição, o sepulcro, o povo. Nestes casos incensa-se primeiro ao meio, depois à esquerda, por fim à direita de quem incensa.
 
Quanto ao significado:
 
O turíbulo, o qual possui a forma de um coração, representa o homem e seu progresso na vida espiritual. Um turíbulo ainda apagado e frio dá muito trabalho para ser aceso: é necessário preparar os carvões assoprando para que o fogo se torne mais intenso e depois escolher algumas brasas para colocá-las dentro do turíbulo. Mesmo com as brasas se o turíbulo permanecer parado ele apagará. O coroinha precisa agitá-lo constantemente. Assim é também o homem, no início de sua vida espiritual precisa de muito apoio, porém, durante toda a sua vida precisa se manter em progresso, pois, parando apagará como o turíbulo.
 
O uso do incenso representa a oração, que não deve ser ousada e nem covarde e pouco confiante. Deve ser como a fumaça do turíbulo que vai aos céus produzindo perfume, não de forma “ousada”, diretamente, mas descrevendo curvas enquanto sobe confiante, sem parar.

(Baseado no Curso de Liturgia Romana Tomo II de Dom António Coelho, O.S.B.)
 
Esperando ter ajudado, me despeço,
José C. Tadelle