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Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
PERGUNTA
Nome:
Moisés Oliveira
Enviada em:
29/09/2004
Religião:
Católica
Idade:
25 anos
Escolaridade:
Superior concluído

Caro Professor Orlando,

Ja aproveito para elogiar o novo formato do site, pelo pouco que pude notar terá um aspecto muito bom.
Escrevo para que o Sr. me fale um pouco da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Li no site deles alguns textos, mas nao consegui entender muito bem o tipo de instituição que eles sao. Eles ainda rezam a missa Tridentina?

Desde ja agradeço a resposta
RESPOSTA

Muito prezado Moisés,
Salve Maria.
 
    A Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, dirigida por Dom Fernando Rifan, fez um acordo com Roma, para ter permissão de rezar a Missa de São Pio V. Para isso, o então Padre Rifan, concordou em aceitar o Concílio Vaticano II e a Missa Nova que ele combatera durante décadas. O resultado é que ele e alguns padres passaram a defender a Missa Nova, e Dom Rifan até concelebrou uma Missa nova em Aparecida. Agora, Padres mais jovens dessa Administração assistem e aceitam a Missa Nova. Isso revoltou boa parte do povo de Campos, que duarnte décadas Padre Rifan levara a condenar a Missa Nova. O mesmo Padre Rifan, anos atrás condenara o acordo que Dom Gérard, da Abadia do Barroux fizera com o Vaticano. Depois, ele fez o que havia condenado.
    Agora a Fraternidade São Pio X está conseguindo a liberação da Missa de sempre sem aceitar o Concílio Vaticano II e sem aceitar a Nova Missa de Paulo VI. Sem fazer acordos que padre Rifan chamava de traição. De modo que Dom Rifan abandonou a batalha na véspera da vitória...
    Imagine a frustração desse Bispo.
    Abaixo lhe passo cópia da carta do, então, Padre Rifan a Dom Gérard, condenando como traição o acordo que esse abade fizera com Roma. Depois, Padre Rifan fez igual. (Os destaques nessa carta estão como os recebi)

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli


Carta profética do Padre Rifan condenando Dom Rifan
Barroux, 3 de julho de 1988.

Caríssimo Dom Gérard Calvet
Laudetur Jesus Cristus !

     A amizade sincera que nos une, ao Sr. e ao Mosteiro do Barroux e do Brasil, me leva a abrir-lhe um pouco os sentimentos do meu coração sacerdotal.
    Creio que só o amor de Nosso Senhor, da Santa Igreja e das almas nos move.
    Tomei conhecimento da visita dos enviados de Roma ao nosso caríssimo Mosteiro do Barroux. Certamente vão propor acordos.
    Ao estudar detalhadamente o caso de D. Lefebvre, pude constatar a verdadeira cilada em que procuravam nos envolver. Eles não são sinceros. Eles o demonstraram: logo depois de assinado o protocolo, eles já queriam mais: que reconhecêssemos os erros que cometemos (doutrinários); a celebração de uma Missa nova em S. Nicolás, etc...
    Vejamos o que aconteceu com D. Augustin! Começou apenas se separando de nós. Agora já está dando a comunhão na mão! O caminho é escorregadio. Começou apenas querendo a legalidade. Depois, teve que receber o bispo para celebrar missa no Mosteiro. Terminou com a comunhão na mão!
    Nosso Senhor mandou-nos unir a simplicidade da pomba à esperteza da serpente.
    Caríssimo Dom Gérard, o amor que temos ao Mosteiro nos impele a pedir-lhe que não faça esses acordos com quem não quer o bem da Igreja.
    O cardeal Gagnon declarou (eu li nos jornais do Brasil) que a tática do Vaticano agora será tratar bem os Tradicionalistas a fim de separá-los de D. Lefebvre. Dividir para vencer é claro: se ficarmos todos juntos, os inimigos temerão e recuarão. "Vis unita fit fortior". Se houver acordo da parte de qualquer um de nós, será o enfraquecimento geral da Tradição. O melhor serviço que podemos prestar à Santa Ireja é resistirmos juntos.
    Foi em nome dessa união que nós publicamos em nosso boletim "Heri et hodie" o seu sermão "5 Razões para a sagração Episcopal onde o Sr. nos conclama a ter confiança em Dom Lefebvre. Como os eu artigo ajudou a aquietar os ânimos!
   
E ademais temos que olhar a situação da Igreja toda e não apenas resolver nosso caso particular. Seria uma traição à causa pela qual juntos combatemos há tanto tempo.
    Tanto mais que eles confessaram a tática insidiosa. Seria o cúmulo da ingenuidade cairmos nesta armadilha.
    Outrossim todos sabem que Deus reservou ao Sr. um papel providencial na Igreja hoje. Todos conhecem o bem que Deus fez por seu intermédio e por sua influência.
    Caríssimo D. Gérard, é a cristandade de amanhã que implora a sua firmeza. Ajudai-nos, com o seu exemplo, a ficarmos firmes.
    Se o Mosteiro do Barroux faz o tal acordo, o caro Dom Gérard já pensou na turbulência que haverá nos meios tradicionalistas ? !
    E as divisões que ocorrerão dentro do Mosteiro ?! No Brasil, a repercussão será péssima. O Mosteiro da Santa Cruz poderá até desaparecer. Os fiéis de Campos lá não irão mais. Os nossos padres não darão mais apoio. As vocações desaparecerão. E os que lá estão talvez saiam todos. Seria uma desgraça! E depois de todo o apoio dado pelos padres de Campos, de todo o esforço feito pelo Padre Possidente pelas vocações no Mosteiro percorrendo com os monges toda a diocese, uma traição destas seria uma decepção para toda a diocese de Campos e para todo o Brasil.
    Tenho recebido muita correspondência do Pe. L. M. de Blignière e acompanhado o seu retrocesso. A revista "30 Giorni" [publicou um artigo sobre sua nova posição mostrando como os Tradicionalistas podem se "converter" ao progressismo. Não sei porque esse empenho dele em defender a liberdade religiosa do Concílio, fazendo uma exegese tradicional do texto, se a própria Roma o interpreta no sentido de "Assis"?!     Pelos frutos se conhece a árvore: a árvore boa não pode dar maus frutos. "Assis "é fruto da "Dignitatis Humanae". O Ecumenismo atual, o indiferentismo religioso dos Estados patrocinado pelo Vaticano, a laicização da sociedade, são frutos da "Dignitatis Humanae". E o próprio Cardeal Ratzinger confessou ( em entrevista ao "Jesus") que a "Dignitatis Humanae" é o anti Syllabus !
    E não se pode argumentar pela ortodoxia afirmando que, em outro lugar, se disse a verdade. É preciso reconhecer que estamos lidando com Modernistas e com um Concílio Modernista ! São Pio X já os desmascarou na "Pascendi" quando disse: ao lermos uma página deles temos a perfeita doutrina tradicional, mas ao virarmos a página nos deparamos com a heresia. É bom lembrar o princípio de que a pior moeda falsa é a que mais se parece com a verdadeira. E tanto mais perigosa quanto mais se parece!
    Caríssimo Dom Gérard, peço-lhe desculpas por escrever tudo isso, mas foi a nossa amizade sincera e o amor do nosso Mosteiro, que me levou a escrever tudo o que escrevi. A hora é grave, continuemos unidos na
oração e na identidade de doutrina. Que o seu entusiasmo pela causa da Igreja continue nos animando sempre.
    Que Nossa Senhora da Santa Esperança nos guarde unidos no mesmo ideal.
    Seu
    In Jesus et Maria.
    Pe. Fernando Arêas Rifan.