Doutrina

Dilúvio
PERGUNTA
Nome:
João
Enviada em:
11/09/2004
Local:
Lorena - SP,
Idade:
17 anos
Escolaridade:
2.o grau em andamento

Olá!!
Diluvio ?

O que intrigou os pesquisadores foi o fato de uma história parecida existir no texto épico babilônico de Gilgamesh – o que sugere que uma enchente de enormes proporções poderia ter acontecido no Oriente Médio e na Ásia Menor. Parte do mistério foi solucionado quando os filólogos conseguiram demonstrar que a narrativa do Gênesis é uma apropriação do mito mesopotâmico. “Não há dúvida de que os hebreus se inspiraram no mito de Gilgamesh para contar a história do dilúvio”, afirma Rafael Rodrigues da Silva, professor do Departamento de Teologia da PUC de São Paulo, especialista na exegese do Antigo Testamento.
O povo hebreu entrou em contato com o mito de Gilgamesh no século VI a.C. Em 558 a.C., o rei babilônico Nabucodonosor, depois de conquistar a Assíria, invadiu e destruiu Jerusalém e seu templo sagrado. No ano seguinte, os judeus foram deportados para a Babilônia como escravos. O chamado exílio babilônico durou 40 anos. Em 598 a.C., Ciro, o fundador do Império Persa, depois de submeter a Babilônia permitiu o retorno dos judeus à Palestina. Os rabinos ou “escribas” começaram a reconstruir o Templo e a reescrever o Gênesis para, de alguma forma, dar um sentido teológico à terrível experiência do exílio. Assim, a ameaça do dilúvio seria uma referência à planície inundável entre os rios Tigre e Eufrates, região natal de Nabucodonosor; os 40 dias de chuva seriam os 40 anos do exílio; e a aliança final de Deus com Noé, marcada pelo arco-íris, uma promessa divina de que os judeus jamais seriam exilados.

Solucionado o mistério do dilúvio na Bíblia, continua o da sua origem no texto de Gilgamesh. No final da década de 90, dois geólogos americanos da Universidade Columbia, Walter Pittman e Willian Ryan, criaram uma hipótese: por volta do ano 5600 a.C., ao final da última era glacial, o Mar Mediterrâneo havia atingido seu nível mais alto e ameaçava invadir o interior da Ásia na região hoje ocupada pela Turquia, mais precisamente a Anatólia. Num evento catastrófico, o Mediterrâneo irrompeu através do Estreito de Bósforo, dando origem ao Mar Negro como o conhecemos hoje. Um imenso vale de terras férteis e ocupado por um lago foi inundado em dois ou três dias.

Os povos que ocupavam os vales inundados tiveram que fugir às pressas e o mais provável é que a maioria tenha morrido. Os sobreviventes, porém, tinham uma história inesquecível, que ecoaria por milênios. Alguns deles, chamados ubaids, atravessaram as montanhas da Turquia e chegaram à Mesopotâmia, tornando-se os mais antigos ancestrais de sumérios, assírios e babilônios. Estaria aí a origem da narrativa de Gilgamesh. Essa teoria foi recebida por arqueólogos e antropólogos.

No entanto, no verão de 2000, o caçador de tesouros submersos Robert Ballard, o mesmo que encontrou os restos do Titanic, levou suas poderosas sondas para analisar o fundo do Mar Negro nas proximidades do que deveriam ser vales de rios antes do cataclisma aquático. Ballard encontrou restos de construções primitivas e a análise da lama colhida em camadas profundas do oceano provaram que, há 7 600 anos, ali existia um lago de água doce. A hipótese do grande dilúvio do Mar Negro estava provada.

Por favor, sclareça essa minha duvida sobre a origem do diluvio, e prometo que tenho muitas outras ainda mais intrigantes do que essa .

Muito obrigado !!!


RESPOSTA

Muito prezado  João,
salve Maria!
 
    Para quem tem  muitas dúvidas, sua carta apresenta informações numerosas. E baseadas, entre outras fontes,  num "professor do Departamento de Teologia da PUC de São Paulo, especialista na exegese do Antigo Testamento".
    Muito interessante.
    Em todo caso, devo dizer-lhe que o titulo de "professor do Departamento de Teologia da PUC de São Paulo" não é titulo que impressiona muito. Pois se pelos frutos se conhece a árvore...
    Vejo que o teólogo da PUC, que você cita, o informou que os judeus "colaram"  o mito do dilúvio dos caldeus, ao entrarem em contato com eles, no século VI antes de Cristo.
    Devia ser um teólogo da PUC para dizer essa ... essa ...preciosidade.    
    Esse teólogo não sabia, então, que os judeus são descendentes de Abraão, o  qual veio de Ur, cidade da Caldéia, para a Palestina, por volta do ano 2.000 antes de Cristo.
    Portanto, Abraão, caldeu, já devia saber do mito de Gilgamesh.
    Por outro lado, quem conta a história do dilúvio é Moisés, no Gênesis, obra que foi escrita por volta do ano 1.200 antes de Cristo. (E não venha algum teólogo da PUC dizer que não foi Moisés que escreveu o Gênesis, porque essa tese modernista foi condenada pela Pontifícia Comissão Bíblica em 27 de Junho de 1906 (Cfr. Denzinger, n0 1997)
    E há ainda outro problema.
    Os gregos que chegaram à Europa entre o ano 1.000 e  o ano 800 antes de Cristo, eles também conheciam a história do dilúvio.
    Vai ver que os arianos que vieram da Ásia, passaram antes pela Caldéia, onde leram ,-- quem sabe numa publicação de algum teólogo da "PUC" local =Primeva Universidade Caldaica  -- a historinha do Gilgamesh, que os primitivos aqueus adaptaram para a mitologia grega, chamando o casal que se salvou de Deucalião e Pirra.
    Mais.
    Os índios da América também contavam a história de um dilúvio universal.
    Será que eles também passaram pela Caldéia e entraram em contato com o mito de Gilgamesh ?
    Quanta gente passou pela Caldéia, não?
    Meu caro,  praticamente todos os povos falam do dilúvio, e não é porque todos eles souberam do mito caldaico de Gilgamesh.     A explicação natural é que, se todos os povos tem essa história, é porque o dilúvio aconteceu mesmo, e deixou não só a terra bem molhada, mas marcou também a  lembrança de todos os homens e de todos os povos.
    Exceto os teólogos da PUC.
    Moral da história: não acredite em teólogos da PUC.
 
    In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli