Ciência e Fé

Fetos anencéfalos e aborto
PERGUNTA
Nome:
Hazim
Enviada em:
28/01/2005
Local:
Capital - SP,
Idade:
33 anos

Eu acho inacreditável não o fato de se permitir o aborto de fetos anencéfalos, mas sim o fato desses fetos existirem.

Quanto a legalização ou não deste tipo de assunto ainda não tenho opinião formada, pois é sabido que um ser sem cérebro não pode sobreviver de maneira alguma, portanto é discutível se nessas condições (anencefalia) o termo correto é aborto ou eutanásia.

Eu sei que ambas as práticas são condenadas pela Igreja, mas mesmo assim atentem para a diferença:

Não se pode considerar ABORTO a interrupção da gravidez de um feto anencéfalo pois o mesmo não apresenta condições nenhuma de sobrevivência. Tirando as piadas sobre apresentadores (as) de TV e políticos, não existe nenhum ser humano vivente que não possua um cérebro. Um bebê anencéfalo não irá sobreviver de maneira alguma. Ou seja, encontra-se nas mesmas condições de um paciente em estado terminal. Neste caso, deveria-se aplicar o termo EUTANÁSIA e não aborto.

Por ABORTO pressuporia que o bebê teria condições de sobrevivência após o parto. Fetos anencéfalos possuem 0% de chances de sobreviverem após o parto. É claro que isso poderá mudar no futuro. Quem sabe um dia, não se poderão implantar microchips na caixa craniana destes bebês, simulando o cérebro humano.

Portanto nesse caso fica estranho comparar fetos anencéfalos com fetos que apresentam lábios leporinos, conforme parece-se em uma recente notícia publicada no site.
RESPOSTA

Prezado Hazim, salve Maria!
 
Primeiramente, você diz ser inacreditável que existam fetos anencéfalos:
 
“Eu acho inacreditável não o fato de se permitir o aborto de fetos anencéfalos, mas sim o fato desses fetos existirem.”
 
Pois é, meu caro, mas existem e têm vida, e quem os mata é assassino, quer você queira ou não.
 
A seguir, você se equivoca completamente com a definição de abortamento, sugerindo que o termo correto para o assassinato de fetos anencéfalos seria eutanásia.
 
“Um bebê anencéfalo não irá sobreviver de maneira alguma. Ou seja, encontra-se nas mesmas condições de um paciente em estado terminal. Neste caso, deveria-se aplicar o termo EUTANÁSIA e não aborto.”
 
Ora, o abortamento é definido como a morte, natural ou provocada, de crianças no ventre materno, desde a concepção até imediatamente antes do nascimento, independentemente da criança ser saudável ou ter alguma anomalia anatomofisiológica. Logo, a única diferença entre essas duas modalidades de assassinato é o local em que a vítima se encontra: se estiver dentro do útero, o crime recebe o nome de abortamento; se estiver fora, chamamos de eutanásia.
 
Além disso, você parece desconhecer o fato de que a anencefalia não é uma anomalia do tipo “tudo ou nada”, ou seja, ou existe o encéfalo ou não existe. Essa anomalia, apesar do termo que foi proposto inicialmente, e que, traduzido literalmente, significa “ausência de encéfalo”, no entanto, pode apresentar-se com variados graus de severidade. Assim, de acordo com a porção do tronco encefálico que está presente, a criança terá uma vida mais ou menos longa, podendo viver até vários meses sem a ajuda de equipamentos, como consta na literatura médica.
 
Não há dúvida que se trata de uma anomalia gravíssima e letal, porém não é possível a determinação do tempo exato em que a criança morrerá. E a antecipação dessa morte, seja quando ainda está no útero, seja após o nascimento, constitui-se num crime de assassinato.
 
Por fim, você parece não compreender também os artifícios usados pelos abortistas para chegarem ao seu objetivo final, qual seja, o de tornar o abortamento lícito em qualquer etapa da gestação, havendo ou não possibilidade de vida para o feto. É óbvio que se eles propusessem isso de uma só vez, o impacto seria tão grande na sociedade que a proposta seria prontamente rejeitada. Assim, eles tentam agir sorrateiramente aprovando um caso de cada vez. Primeiramente, foram os casos de gestação causada por violência sexual, o abortamento sentimental, ou que trouxesse risco para a vida da gestante, o abortamento terapêutico. Agora, são os anencéfalos. Amanhã, não há a menor dúvida, serão os casos de qualquer anomalia, como Síndrome de Down, por exemplo. E tenha certeza de que a anomalia conhecida por ‘lábio leporino’ já se encontra na lista das próximas “exceções” para o aborto.
 
Por acaso você se lembra de ter visto algo parecido na história recente da humanidade? Podemos ajudar a refrescar sua memória? Isso é eugenismo, meu caro! É Nazismo! É a busca por uma raça pura, sem defeitos. Você aprova isso?
 
Enfim, o que é ‘inacreditável’, para usar seu termo mais uma vez, é que existam pessoas que aprovem esses crimes.
 
Esperamos que possa agora ‘formar a sua opinião’ em favor da vida e não da cultura da morte que se está instalando no mundo todo.
 
Rogando para que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, nos livre do mal do abortamento, despedimo-nos.
 
Atenciosamente,
 
Rogério Pazetti