Defesa da Fé

Unidade na diversidade de Movimentos
PERGUNTA
Nome:
Pe. João Paulo
Enviada em:
28/12/2006
Local:
Lugano - Suíça
Religião:
Católica
Idade:
31 anos
Profissão:
Sacerdote

Caro Professor Orlando Fedeli,

Que Deus continue abençoando toda a obra Monfort!

Tenho lido com viva atenção as cartas que são "publicadas" no site Monfort, bem como as respostas que o senhor e seus colaboradores dão às mais variadas questões que vos chegam.

Partilho com o senhor o amor por nossa Santa e Amada Igreja Católica e tenho o mesmo desejo de defender a verdade sobre este mistério admirável do qual fazemos parte.

Sabendo que a Igreja nos vem apresentada por São Paulo como o corpo Místico de Cristo, onde existe espaço para uma diversidade de dons, ministérios, carismas, serviços... e recordando as palavras de santo Agostinho que afirmava: "No essencial a unidade, no acidental a liberdade, em tudo a caridade".

Gostaria de perguntar:
1) a diversidade de movimentos (Focolare, Comunhão e Libertação, RCC, Neocatecumenato...) que encontramos atualmente na Igreja não poderiam ser enquadrados no âmbito da diversidade eclesial, desde que, obviamente, se conserve o "essencial católico"?;
2) A Missa de "sempre" não poderia co-existir com aquela conhecida como Missa de Paulo VI, apesar das diferenças de caráter litúrgico e teológico que existem entre ambas?

Eu faço estas duas perguntas, no sincero desejo de escutar o seu ponto de vista sobre estas duas questões tão atuais.

Sei o quanto foi importante para a Igreja a redescoberta no início do século XX de uma Eclesiologia do Corpo Místico (E. Mersch; S. Tromp; e a magistral Encíclica Mystici Corporis de Pio XII), mas creio também que a essa imagem deve ser conjugada com outras imagens eclesiológicas tais como: povo de Deus, Templo do Espírito...
Porém parece ser significativo que em 1985 o Sinodo Ordinário dos Bispos, em seu documento final, tenha afirmado que a Eclesiologia do Concílio Vaticano II pode ser resumida como uma Eclesiologia de Comunhão: uma imagem muito próxima daquela que nos vem apresentada por Santo Agostinho (ao menos é essa a opinião do então jovem Teólogo Joseph Ratzinger em sua tese de doutorado: Popolo e Casa di Dio in Agostino)... Comunhão: uma imagem que pode explicar a possível existência de diversos graus de comunhão ao interno da nossa Igreja Católica... a questão então seria um pouco mais complexa do simples: está ou não em comunhão conosco, mas, para sermos coerentes com essa visão eclesiológica, poderíamos e deveríamos perguntar: qual o grau de comunhão que aquela pessoa tem conosco (com Cristo, com a Igreja...)?

Pelo amor que tenho a nossa tradição católica, tenho dificuldade de acreditar que o Concílio Vaticano II tenha sido uma grande infelicidade, sei perfeitamente que deste Concílio colhemos frutos bons e também frutos amargos (o senhor sabe melhor do que eu que a Igreja já viveu períodos pós-conciliares muito difíceis e que sempre conseguiu sair vitoriosa) , mas creio também que o Espírito de Deus continua a assistir a sua Igreja no cumprimento de sua sacra missão.

Espero que o senhor possa responder esta minha carta que quer ser um sinal de comunhão com cada um daqueles que fazem parte da Obra Monfort.

Me despeço cordialmente.

Pe. João Paulo
RESPOSTA

Muito prezado e reverendo Padre João Paulo,
Salve Maria.
 
    Com alegria recebi e respondo à sua missiva. Deixe-me, porém, inicialmente, desejar-lhe um ano de 2007 cheio de graças de Deus, e pedir-lhe que me escreva sempre que desejar ou precisar.
    Os chamados movimentos da nova evangelização, surgidos depois do Concílio Vaticano II, fizeram uma grande mal à Igreja, matando as vocações e arruinando às Ordens religiosas, que esses movimentos procuraram substituir com a sua nova mentalidade festiva Conciliar.            
    Esses Movimentos todos procuram promover o laicato, atribuindo-lhe funções, muitas vezes, próprias do clero ou de religiosos.     Eles visam substituir-se ao clero secular e regular.
    Além disso estão embebidos de erros profundos. Os Foccolari, por exemplo, trabalham por uma fraternidade universal e religiosa ecumênica, humanitária, antropocêntrica, com um espírito de tolerância próprio das sociedades secretas. Não é então de estranhar que Chiara Lubich tenha recebido o Prêmio Templeston da Maçonaria.
    Comunhão e Libertação -- que nome mais estranho! -- de Mosenhor Giussani, está encharcado de espírito gnóstico e modernista. Basta atentar para a misteriosa "presença" da qual Monsenhor Giussani fala, fala, fala, e dela não explica nada nunca, para se perceber que ele está falando da Shekhinah, isto é, de uma presença imanente da Divindade em todas as coisas. E isso é cabalismo. É Gnose.
    A RCC é protestantismo pentecostal infiltrado na Igreja pelo Cardeal Suenens de triste, modernista e esotérica memória, um dos piores conspiradores que fez triunfar os erros modernistas do Concílio Vaticano II.
    O Neo catecumenato é um movimento semi secreto. Poucos tem acesso às apostilas de Kiko e Carmen. Li algumas delas que estão repeletas de erros gravíssimos conta a Fé. Escrevi contra esses erros no site Montfort. Agora, o Vaticano tomou algumas medidas contra as estranhas práticas liturgico-sabáticas do neo catecumenato que cheiram a judaizantes. E os Neo Catecumenais estão custando a obedecer. E se obedecerem, será provavelmente da boca para fora, pois sempre tiveram cerimônias reservadas (secretas) e se o Papa os obrigar a mudar, tornar-se-ão ainda mais secretas.
    De modo que, Padre, esses movimentos não têm diversidade de carismas. Eles têm diversos graus e formas de heresia gnóstica. Eles não guardam o que é essencial para ser católico: a Fé íntegra.
    A Fé, o senhor o sabe muito bem, padre, a Fé ou é íntegra, ou não existe.
    Quem nega uma só verdade revelada por Deus e confirmada pela Igreja, está chamando Deus de mentiroso. E se Deus mentiu uma vez, Ele não é Deus.
    A Missa de sempre - agora os modernistas franceses o confessam -- tem uma Teologia oposta à Teologia da Missa de Paulo VI.
    Uma --a Missa de sempre, é teocêntrica. A Missa nova de Paulo VI é antropocêntrica, como o Concílio Vaticano II.
    A Missa de sempre, é a renovação do sacrifício de Cristo, no Calvário, como o Papa João Paulo II o repetiu nove vezes na Ecclesia de Eucharistia
    A Missa nova exclui a noção de sacrifício. Ela comemora a salvação universal. Por isso é ceia, é banquete. Comemora uma festa, como dizia Lutero. Com pandeiro, bateria, guitarras, cuíca e reco-reco. Com moçoilas que em vez de cantar em cafés dançantes, cantam na igreja, profanando-a. Com a permissão e aplauso dos padres, infelizmente.
    O Site Montfort publicou as declarações de Padres e leigos modernistas confessando isto: a oposição entre as duas Missas não é de língua. A oposição é teológica. Por isso, Paulo VI, recusou permitir a Missa de sempre:

"Isso jamais! (...) Mas essa missa dita de São Pio V, como se a vê em Ecône, se torna o símbolo da condenação do Concílio. Ora, jamais aceitaremos, em nenhuma circunstância, que se condene o Concílio por meio de um símbolo”.
(Jean Guitton, Paulo VI Secreto, editora San Paolo, Milano, 4 a  edição, 2.002, versão integral do francês aos cuidados de David M. Turoldo e Francesco M. Geremia, pp. 143-144-145 – Título original Paul VI Secret, Desclée de Brouwer, Paris).

    Quanto à fórmula: "Igreja povo de Deus", o Cardeal Ratzinger a criticou muito em um de seus livros.
    Não há vários graus de comunhão. A comunhão na Igreja se faz pela Fé. Qualquer falha grave contra a Fé exclui da Igreja e da comunhão.
    O Vaticano II só trouxe auto demolição, revoltas, divisões, profanações e apostasias, como nunca houve na Igreja e no clero.  O Vaticano II permitiu que a fumaça de satanás entrasse no templo de Deus. Foi Paulo VI quem confessou isto.
    Onde estão os colégios católicos? Onde estão os conventos e as vocações? Onde estão os seminários repletos?
Onde estão as profanações. ?
    Acabo de receber um livreco de um padre modernista -- Padre José Bedin . O livreco se intitula Creio. É da editora O Recado São Paulo,1996.
    Esse livreco, se não fosse trágico, pelas heresias que promove, seria ridículo pela ignorância do autor e por sua absoluta incompetência. Uma vergonha! 
    Há ignorâncias ovantes...
 
    Transcrevo-lhe trechos dessa obra prima de heresias quadrupedal, mas sem cabeça. Tal como a famosa mula:
 
I -Sobre Deus:

"O materialista NIETZSCHE afirmou:´Deus está morto`: nós o matamos...". Sim, o Deus de Platão e de Aristóteles, o Deus das discussões teóricas, o Velho Barbudo que vive em "outro andar", o Deus de Belém, o Deus "pomba"... está totalmente MORTO.
E convém que seja esquecido" (Padre José Bedin, Creio, editora O Recado São Paulo,1996, p. 7).
 
     Essa loucura, essa blasfêmia contra o "Deus de Belém", contra Cristo, está impressa e assinada. E esse livro é usado para a catequese em paróquais de São Paulo. E O cardeal de São Paulo nada fez contra essa obra e contra esse padre.
     Agora dois trechos do mesmo livro sobre a Igreja:
    
 "É bom lembrar que a Igreja de Cristo não é constituída só de CATÓLICOS, bons ou maus, trigo ou joio, amigos ou inimigos. Deus tem gente que não é da Igreja, a Igreja tem gente  que não é de Deus". A salvação é oferecida a todos os homens" (Padre José Bedin, Creio, Editora O Recado São Paulo,1996, p. 31).
"No Vaticano II, a igreja começa a ser vista de baixo para cima; em primeiro lugar a BASE, formada pelo POVO DE DEUS, em segundo lugar, a HIERARQUIA, a qual -- mesmo indispensável -- é formada de "Ministérios a serviço" do Povo de Deus" (Padre José Bedin, Creio, editora O Recado São Paulo,1996, p. 34).

    O que diz esse pobre sacerdote é incrível pela ignorância filosófica e teológica, e até pela ignorância de catecismo. O que ele escreve é de estarrecer pela infantilidade com nivel abaixo do primário. 
Escreverei um artigo contra ele.
    Se não fosse o Concílio Vaticano II, padres como esse, como o padre Marcelo Rossi, Padre Jonas Abib, Padre Juarez, Padre Zezinho, e etc, etc não existiriam. Tudo isso veio por causa do Vaticano II. Pelos efeitos trágicos se compreende o mal da causa.     E dei só exemplos nacionais...
    Padre, não há conciliação entre a verdade e a heresia, entre a verdade e o erro, entre o bem e o mal. O Vaticano II teve erros que trouxeram uma catástrofe para a Igreja e para o mundo.
    Coloco-me à sua disposião para trocarmos mensagens. E, se o senhor vier ao Brasil, gostaria de recebê-lo em minha casa para conversarmos. Peço-lhe suas orações.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli