Defesa da Fé

Causa do Cisma da Igreja Ortodoxa
PERGUNTA
Nome:
F.M.
Enviada em:
07/06/2002
Local:
Belo horizonte - MG,
Religião:
Católica
Escolaridade:
Superior concluído



Como e por que se deu o "Cisma do Oriente"?

RESPOSTA


Prezado F. M. salve Maria!

O Cisma do Oriente nasceu da revolta do Patriarca de Constantinopla contra a autoridade do Papa. Isso quer dizer que o Cisma nasceu do orgulho.

Como você sabe, Constantinopla foi fundada pelo Imperador Constantino, o Grande, aquele que deu liberdade aos cristãos, no ano 313, e transferiu o poder imperial para o Oriente, fundando então Constantinopla.

O título de Patriarca era dado apenas aos Bispos de cidades que haviam recebido a pregação de um Apóstolo.

Assim eram reconhecidos como Patriarcas o Bispo de Alexandria , onde pregara o evangelista São Marcos. O Bispo de Jerusalém, onde fora Bispo o Apóstolo São Tiago. O bispo de Antioquia, cidade em que viveu e foi Bipo São Pedro. E , finalmente, Roma , que teve o mesmo São Pedro como seu primeiro Bispo.

É claro que Constantinopla, por ter sido fundada apenas no século IV, não poderia ter, normalmente, o título de Patrarca, pois nenhum Apóstolo pregara nessa cidade, que ainda não existia nos tempos apostólicos.

Entretanto, por ser a capital do Imperio do Oriente, os Arcebispos de Constantinopla reivindicavam essa honra, que Roma afinal lhe concedeu, a título honorário.

Cedo, alguns Patriarcas orientais, especialmente o de Constantinopla, reivindicaram uma paridade com o Papa, querendo que a Igreja não fosse uma monarquia, e sim uma Pentarquia. ( Erro que está, hoje, em voga entre alguns orientais...).

Pretendia-se que o Papa fosse apenas um chefe honorífico da Igreja, um "primus inter pares", um superior em honra, entre os Patriarcas, que seriam iguais em direito.

Ora, isto vai contra o Evangelho, que mostra Cristo ter fundado a Igreja sobre Pedro apenas. Cristo fez a Igreja monárquica e não pentárquica.

No século IX, o Arcebispo de Constantinopla , Fócio, se rebelou contra o Papa São Nicolau I, que excomungou esse rebelde em 863.

Como resposta, Fócio se autoproclamou Patriarca Ecumênico de Constantinopla e "excomungou" o Papa São Nicolau I. Com a subida ao poder em Constantinopla do Imperador Basílio, o Macedônico, Fócio perdeu o poder que tinha.

A questão entre Roma e Constantinopla foi ainda mais envenenada pelo problema da processão do Espírito Santo, que os Orientais dizem proceder apenas do Pai, enquanto a Igreja ensina que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.

Fócio retomou o poder em Constantinopla, mesmo depois de sua solene condenação, no ano 870. De novo, o Papa João VIII renovou a condenação de Fócio.. Com o advento ao trono do Imperador Leão, o Filósofo, Fócio é expulso pela segunda vez de Constantinopla, terminando o cisma, pouco depois.

No século XI, Miguel Cerulário, Patriarca de Constantinopla causou a separação definitiva da Igreja do Oriente separando-a da obediência ao Papa, no tempo do Papa Leão IX. Miguel Cerulário foi excomungado pelo Papa em 1054.

Desde esse tempo, os orientais estão separados de Roma, portanto em cisma. A esse mal, vieram se acrescentar a negação dos dogmas proclamados pela Igreja, após a separação do Oriente. Os Orientais possuem sucessão apostólica, isto é, seus Bispos são legítimos, assim como os seus sacerdotes. Em conseqüência, seus sacramentos são válidos, embora ilicitamente administrados por causa de sua separação do Papa.

Perdoe-me o resumo da questão, nestas poucas linhas.

In Corde Jesu, semper,

Orlando Fedeli